sábado, julho 31, 2004

Uma Metadiscussao

Blogar ou nao blogar, eis a grande questao contemporanea da internet.

Os blogs estao ganhando cada vez mais espaco e importancia -- vide ateh mesmo o credenciamento de varios "blogueiros" para "cobrir" a Convencao Democrata. Alguns falam do "futuro do jornalismo". Outros se aventuram ateh em o "futuro da democracia". Nao tenho posicao firme a respeito, acho apenas que eh uma ferramenta maravilhosa e tem um potencial incrivel se "bem" utilizada.

Aqui vai um artigo bem interessante sobre o fenomeno, escrito por Rebecca Blood para o Guardian ingles. Blood tem trabalhos publicados sobre a importancia dos blogs para o futuro da internet. Recomendo tambem uma visita aos links no canto inferior esquerdo do artigo -- eles levam a um especial detalhado sobre os weblogs e seus efeitos.

Um Dia de Cão

A quinta-feira foi infernal. Peguei uma infecção estomacal, ou algo do gênero, e fiquei muito doente. Tive enjôos, fraqueza e se alguns turistas deixam seus corações nas cidades por onde passam, digamos que boa parte do meu estômago ficou por Quito.

Vários outros brasileiros apresentaram os mesmos sintomas. A princípio achei que tivesse algo a ver com a altitude e o clima, mas conversando com minhas amigas equatorianas, elas disseram que a questão é a higiene e a qualidade da água. Uma colega da Nicarágua contou que comeu de tudo durante a guerra civil (os russos de vez em quando mandavam azeite de baleia e até caviar) mas que tinha ficado sem fome no Equador. Fazer política no mundo em desenvolvimento é sempre uma aventura.

Apesar de doente, continuei a trabalhar. Na quinta participei de uma reunião para planejar seminários no nordeste e no Chile - neste último caso, durante um evento que coincidirá com a visita de Bush ao país. O Evo Morales deu bolo e não apareceu na palestra...

À tarde, oficina sobre orçamento na América Latina, um projeto no qual vinha trabalhando no Ibase. Depois encontrei com um holandês que trabalha numa ONG do Peru e é amigo de uma amiga que cursa o mestrado em Haia (salve, Mariana!). Ele queria saber sobre experiências de participação cidadã no orçamento brasileiro. Quer dizer, acho que é isso, está tudo tão globalizado que nem eu tenho mais certeza!

À noite, tinha convite para duas festas de encerramento do fórum, mas por conta da doença, fiquei prostrado na cama. Pelo menos estava melhor pela manhã. E passei meu último dia no Equador - adivinhem - trabalhando. A reunião foi sobre o projeto do orçamento, planejando uma pesquisa em 15 países da região e tentando encontrar um financiador disposto a colocar US$500 mil para cubrir os custos. Quem tem a grana - como o governo dos EUA - é politicamente inaceitável para a rede de ONGs que toca a pesquisa.

Durante a reunião, rolou uma brincadeira para saber qual o país mais odiado da América Latina. Ganhou o Chile, com a Argentina em segundo ("mas agora que eles voltaram ao terceiro mundo talvez possam ser nossos irmãos", disse um equatoriano) e a Costa Rica logo depois. Todos afirmaram que o Brasil é um país imperialista e que deveria bancar o meio milhão de dólares da pesquisa. Talvez devessemos anexar novamente o Uruguai e cobrar a grana como impostos da alfândega do rio da Prata.

sexta-feira, julho 30, 2004

O que ha com os EUA?

Tentando responder as interessantes perguntas do Helvecio no ultimo post, eu acho que ha dois grandes problemas centrais com a democracia norte-americana atual. Um eh de ordem institucional-estrutural e o outro eh de ordem cultural (ou tocquevilliana, digamos). Vou tentar explicar melhor.

O primeiro problema vem de um sistema eleitoral que sempre privilegia o centro, nao importando a qualidade dos candidatos. As eleicoes norte-americanas sao decididas atraves de um colegio eleitoral em que os votos diretos sao usados apenas para eleger representantes que votam indiretamente nos candidatos a presidencia (este sistema elegeu George Bush em 2000, mesmo tendo perdido por alguns milhares de votos diretos frente a Al Gore). Gracas a isso, o alvos eleitorais nao sao pessoas, sao estados. E hoje, nos EUA, as eleicoes infelizmente resumem-se a oito estados: Michigan, Minnessota, Missouri, Ohio, Oregon (antes democrata, mas agora indeciso), Pennsylvania, Wisconsin e, fatidicamente, Florida. Os outros votam sempre da mesma maneira ou seus votos para o colegio eleitoral nao conseguem decidir a eleicao. Com somente dois partidos que importam, o discurso politico constantemente caminha para o centro. Um extremismo a mais pode levar a uma derrota em um estado conservador importante e arruinar uma campanha. Como consequencia, isso gera uma mediocridade politica incrivel. Respondendo entao a sua primeira pergunta, mesmo que o candidato a presidencia dos EUA fosse o Che Guevara, para ganhar uma eleicao ele teria que dizer as mesmas coisas que todos, acreditar em Deus e fazer campanha exclusivamente no meio-oeste americano. Como voce pode ver, eh bastante dificil, especialmente para a paciencia de quem gostaria de ver outros temas serem discutidos.

O segundo problema eh de ordem cultural e nao acho que seja exclusivo dos EUA. Ha hoje nos principais paises do primeiro mundo uma apatia eleitoral como ha muito nao se via. 50% de nao-participacao nas eleicoes eh bastante comum (como no caso dos EUA), e em alguns outros paises chega a 60, 65% do eleitorado. Nao sei se isso eh uma "crise da democracia", mas esses numeros colocam em perspectiva a qualidade dos politicos atuais. Olha para a qualidade dos politicos tanto nos EUA quanto na Europa hoje e voce vai ver que a discussao de ideias substanciais de diferentes modelos nao existe mais. No primeiro mundo, a democracia se desenergizou e virou uma especie de votacao de taxas de condominio, apesar de algumas importantes lutas como ecologia, direitos humanos e a questao da imigracao. No mais, ha uma crenca (bastante triste), especialmente generalizada por aqui, de que o voto importa pouco e que nao adianta muito participar. Isso leva a um circulo vicioso, onde menos participacao leva a piores politicos, e por ahi vai.

Sei que isso tudo eh bastante simplificador, mas alguns problemas passam por ahi. Nao eh estranho portanto que um programa de reality show tenha mais ressonancia do que alguns discursos politicos.

Fim da Convencao

Ao fim da convencao democrata para as eleicoes norte-americanas, o tedio eh absoluto. Todos falando as mesmas coisas, o discurso completamente calculado para nao sair um milimetro do lugar.

A grande "promessa" para o futuro dos democratas eh um senador estadual do Illinois que se chama Barack Obama. Ele eh negro, filho de queniano com norte-americana, eh um bom orador e mantem-se longe de questoes raciais. No contexto da apatica politica norte-americana atual, causou frisson no publico.

Acompanhando tudo daqui, tenho a mesmissima impressao que o Pedro Doria teve ao resumir a convencao:

"Mas, no fim, o que a festa da Convenção Nacional do Partido Democrata representa, essencialmente, é que a democracia dos EUA virou uma caricatura de si mesma – e com a complacência dos eleitores e jornalistas."

Eh mesmo.

"A Revolucao estah Aqui"

Com o slogan acima, a rede de TV norte-americana Showtime vai comecar a exibir o seu novo reality show, chamado "American Candidate". Dah pra adivinhar sobre o que eh? Eh isso mesmo: dez pessoas competem para saber quem eh a pessoa que tem o melhor perfil para a presidencia dos EUA (e para ganhar um premio de $200.000 dolares, eh claro)! Toda semana eles vao disputar pequenas tarefas que dirao se sao ou nao adequados para governar "a maior democracia do mundo".

A julgar pelos ultimos reality shows inventados aqui, esse ateh que eh interessante (um dos participantes eh a filha lesbica do deputado democrata Richard Gephardt). Mais apelativos sao "Amish and the City" (onde jovens religiosos amish sao colocados em uma casa com calouros de faculdade) e o grande sucesso desse ano, "The Apprentice", em que Donald Trump comanda um jogo para selecionar seu proximo empregado e elimina os perdedores aos gritos de "Voce estah demitido!".

Por que esses reality shows importam? Nao importam. Mas a quantidade de gente assistindo e votando nos candidatos do programa "American Idol" (o "Fama" em versao norte-americana), por exemplo, estah chegando muito perto dos votos reais para a presidencia. Assustador, mas certamente engracado.

quinta-feira, julho 29, 2004

Em Ritmo de Despedida...

O ritmo de atividades do FSA está intenso, mas para mim já começou o clima de despedida, porque volto amanha para o Brasil.

Nos ultimos dias, participei de uma otima oficina sobre racismo, organizada pela Fundacao Perseu Abramo (do PT) e pela secretaria de promocao da igualdade racial. Havia muitos colombianos presentes e a troca de ideias com eles foi bastante interessante.

Na quarta-feira houve o lancamento da edicao internacional do relatorio Social Watch, acompanhada por um debate sobre indicadores sociais na America Latina. A conclusao é que o continente nao esta cumprindo as metas definidas na conferencia do milenio da ONU, e essas metas ja sao bastante modestas...

À tarde o Ibase organizou um debate sobre migracoes e povos indigenas, na Faculdade Latino-Americana de Ciencias Sociais (FLACSO). Conheci pessoas muito legais no evento, e o mais curioso foi ver indios cuna (Panama) e mapuche (Chile) trocando e-mails ao fim da discussao.

Daqui a pouco irei para uma palestra do lider cocalero boliviano Evo Morales, um dos pesadelos dos EUA no continente. Fecho o dia numa oficina sobre orcamento na America Latina.

Bachianas Brasileiras

Na Europa, quando eu falava ¨sou brasileiro¨ as pessoas sempre citavam futebol ou novelas. No Equador, ser brasileiro é pertencer a um país de enorme força cultural, política e economica. Como mais de uma pessoa me disse por aqui, o Brasil é um país imperialista. O curioso é que eu conversava exatamente isso com meu orientador no doutorado, uns dois dias antes de viajar, por conta das abordagens que quero usar na minha tese.

Na America Hispanica, o Brasil é visto como um país gigantesco, com fome de território, sempre disposto a fazer o jogo dos EUA e pronto para assumir o controle de industrias importantes - petroleo, gas, mineracao - em seus pequenos vizinhos. Ao mesmo tempo, o Brasil é muito admirado, as pessoas aqui no Forum sao extremamente amaveis em seus elogios a nosotros, brasileños.

Ontem fui a um concerto de musica classica na Camara de Comercio de Quito. Tocou-se as Bachianas Brasileiras, de Villa-Lobos, com o compositor sendo saudado como o mais importante da America do Sul, senao do hemisferio. Imperialismo é isso aí. Morra de inveja, George W. Bush!

O que querem os indios?

Li o comentario da Leticia à minha primeira mensagem e fiquei pensando: afinal, o que querem os indios? A primeira reacao foi dizer que eles querem o mesmo que todos nos: uma vida melhor num mundo melhor. Mas acho que ha mais em jogo.

O movimento indigena nos Andes e na America Central nao é apenas uma luta por melhores condicoes de vida e demarcacoes de terra, embora inclua isso tambem. O ponto principal é a revindicacao de uma identidade cultural milenar, que tem sido desprezada desde que os espanhois destruiram os imperios Inca, Maia e Asteca no seculo XVI. Uma luta pelo reconhecimento, pelo direito a ser diferente.

Os indios daqui falam em ¨rejeitar a cultura ocidental¨ e defendem a auto-gestao de seus territorios, para fora da influencia do Estado nacional. Ha tambem a questao da coca, uma planta sagrada que virou materia-prima para a industria da droga. Imaginem se o mesmo acontecesse no Brasil com o feijao ou a mandioca e voces terao uma ideia do tamanho do problema.

O que posso dizer é que a questao indigena por aqui é absolutamente fascinante. As roupas que eles usam sao lindissimas e o modo amoroso e delicado com o qual tratam as criancas, um exemplo para todos nos, pretensamente civilizados.

quarta-feira, julho 28, 2004

Tomando Decisoes

Continuando a discussao latino-americana, e retomando um dos temas anteriores deste blog, nesse final de semana tive o prazer de assistir ao filme argentino "El Bonaerense", dirigido por Pablo Trapero.

O filme conta a historia de um chaveiro que vive em uma parte periferica da Provincia de Buenos Aires e que, por uma serie de circunstancias, se ve obrigado a fugir para a Grande Buenos Aires. Devido a influencia de um tio, Zapa consegue um emprego de policial na forca "Bonaerense". O filme mostra bem os dilemas enfrentados pelo protagonista ao confrontar a realidade -- bastante conhecida entre nos -- de uma policia corrupta e de condicoes de trabalho precarias. No caminho, Zapa se envolve com uma de suas professoras da Academia de Policia, divorciada e com um filho.

Apesar do tema jah ter sido bem tratado por varios outros filmes, "El Bonaerense" nao eh sentimentaloide, nem moralista. Depois de assistir ao filme fiquei com uma frase de Bernard Shaw na cabeca, que se aplica ao personagem principal: "Nao tenho condicoes financeiras para praticar a moralidade." Apesar de tudo, o filme mostra que ha escolhas possiveis, a vida nao eh maniqueista. Especialmente a personagem da professora mostra que ha linhas que devem ser tracadas para poder seguir em frente e a corrupcao nao eh inevitavel.

Muito bom filme da nova safra do cinema argentino. Fica aqui a recomendacao.

terça-feira, julho 27, 2004

Hijos de la Patria

Ontem à noite estreiou no Equador um seriado de TV chamado ¨Hijos de la Patria¨. Ele é protagonizado por um grupo que se dedica a combater a corrupçao por meios nao-ortodoxos. No episodio piloto, foram atras de um deputado que havia sido subornado para impedir a aprovacao da lei de criacao do 14o salario. Os herois sao trabalhadores, sindicalistas, indios. O discurso é incrivelmente à esquerda, em especial porque o programa passa pouco depois da novela Mujeres Apasionadas. Imaginem o Stedile botando para quebrar no Leblon do Manoel Carlos...

O roteiro é muito inteligente e divertido, misturando comedia e suspense. Os temas abordados sao atualissimos, tirados das manchetes dos jornais. O episodio da proxima semana tratara da questao dos aposentados, o maior problema social do momento. O alvo do grupo será o diretor do instituto de previdencia.

Ja pensaram numa versao brasileira? Nao vai faltar materia-prima.

Chavez, Lula e Gutierres

O grande mito politico nos Andes é Hugo Chávez. Me surpreendi, porque no Brasil tendemos a ver o presidente da Venezuela como uma figura caricata, um esteriotipo do populismo. Por aqui, a opiniao é outra. As pessoas o idolatram, embora tenham dificuldade de definir seus ideais. Um rapaz me disse que eram ¨comunismo liberal¨. Os venezuelanos preferem falar de ¨revolucao bolivariana¨.

Polemicas à parte, estou impressionado com o respeito que Chávez conquistou junto aos movimentos sociais, e olha que esse povo é difícil de contentar! Há algo mais do que um esteriótipo nele.
Lula também é admirado por aqui, as pessoas vêem nele a esperança de um líder latino-americano que possa articular o continente numa resistência aos EUA. Quando comento que a política doméstica do PT é muito conservadora em geral me respondem educadamente dizendo nao conhecer muito sobre a realidade brasileira.

No Equador, o presidente é o coronel Lucio Gutierres, que participou da rebeliao indigena em 2000 e foi eleito no ano passado como lider de uma coalizao que incluia a maioria dos movimentos sociais. Meses depois, abandonou os antigos aliados e implantou o pacote habitual: acordo com o FMI e aproximacao com os Estados Unidos, incluindo a busca de um tratado bilateral de livre comercio.

Alias, a politica local é incrivelmente pró-EUA. Para começar, nao ha mais moeda nacional: utiliza-se o dolar. O antigo Banco Central virou um museu de moedas! Usando o dolar, o governo equatoriano perdeu os instrumentos fundamentais da macroeconomia, como a taxa de cambio e de juros. Renunciaram à soberania monetária em troca da ilusao de que ganhariam em estabilidade e investimento externo.

Equador: primeiras impressoes

Escrevo de um cyber café de Quito, nas proximidades da PUC local. Cheguei ao Equador no sabado à noite, num voo repleto de colegas do Ibase e de outras ONGs brasileiras. Passaremos a semana por aqui, participando do Forum Social das Americas, reunidos com movimentos sociais da América Latina, Caribe, EUA e Canadá.

A primeira noite no Equador foi dedicada a uma festa na Cupula Indigena. Ouvimos musicos, poetas e politicos. A questao indigena é muitissimo importante na regiao dos Andes e tem sido fascinante conhecer os quechuas, aymaras e outras culturas milenares que estao espalhadas por Colombia, Bolivia, Equador e Venezuela. Ha alguns zapatistas tambem, mas eles tem muita divergencias com seus colegas andinos.

No domingo nao houve seminarios e palestras, de modo que tiramos o dia para passear. Visitamos o centro historico de Quito, que é patrimonio cultural da humanidade. De fato, belissimo. A cidade é bastante agradável e tranqüila, ao menos onde estamos hospedados (a zona sul local). A altitude de três mil metros tem deixado muita gente com dor de cabeça, mas meu único problema é com o ar, mais seco até do que em Brasília. À tarde vimos a final da Copa América e celebramos jantando com colegas alemaes num restaurante argentino. Bife de chorizo é mesmo muito bom.

Ontem comecou o trabalho real. Pela manha, seminario da agenda pos-neoliberal. De tarde, entrevistei a lider indigena Nina Pacari para a revista do Ibase. Ela foi ministra das relacoes exteriores do atual governo e o papo rendeu bastante. Fechei o dia numa conferencia sobre os movimentos politicos do indios na America Latina. É de longe o que há de mais interessante por aqui.

Hoje pela manha tive uma reuniao do projeto de cooperacao com a Africa. O evento seguinte, sobre as metas do milenio da ONU, foi adiado, de modo que aproveitei para passear um pouco. Visitei o Museu Nacional e agora escrevo para voces. Depois do almoco, vou para um debate sobre racismo no Brasil, onde espero recolher dados para a campanha sobre o tema que o Ibase esta organizando.

segunda-feira, julho 26, 2004

Kennedy vs. Gaddis (parte 2)

Aqui vai a segunda parte do dialogo entre Paul Kennedy e John Lewis Gaddis.


Does the United States Have an Empire?

GADDIS. Of course. We've always had an empire. The thinking of the founding fathers was we were going to be an empire. Empire is as American as apple pie in that sense. The question is, what kind of an empire do we have? A liberal empire? A responsible empire? I have no problem whatever with the proposition that the United States has an empire.

KENNEDY. I have quite a bit of a problem; I don't like that one bit. The fact is that most of the rest of the world thinks we are imperial, not to mention imperious. And then you have to ask, what are the consequences of that?

GADDIS. The really important question is to look at the uses to which imperial power is put. And in this regard, it seems to me on balance American imperial power in the 20th century has been a remarkable force for good, for democracy, for prosperity. What is striking is that great opposition has not arisen to the American empire. Most empires in history have given rise to their own resistance through their imperious behavior. For most of its history as an empire, the United States did manage to be imperial without being imperious. The great concern I have with the current administration is that it has slid over into imperious behavior.

KENNEDY. John has put his finger on something very interesting, which is this dominant position of the U.S. not yet causing the emergence of counterweights. And I say ''yet'' because I think there's quite a considerable danger that it will. We now have a Europe with a larger G.D.P., and we have a China growing so fast you can hardly keep your eyes on it. Our great power status is unchallenged at the orthodox military level. But it's beginning to look a little bit more fragmented in other dimensions.

GADDIS. Paul has been worrying about American decline ever since he published a famous book something like a decade and a half ago predicting this.

KENNEDY. I'm still worrying.

GADDIS. What is really striking, if one looks at the half-century of American global pre-eminence going back to World War II, is the extent to which we did stick with it over the long haul. It is quite a respectable record.

KENNEDY. Yes. But my argument always has been concern about the overstretches -- and that's measured not just by the number of troops and air bases; it's about economic sustainability, fiscal and trade imbalances. Keeping the balance there is about the single most important thing an American administration should do, and trying to see where international organizations work and where we can't make them work. This sense of what works and what doesn't has been lacking, and we need to get back to it. I am angry at what the government has done in the past two years. I think they've made a lot of mistakes. And we pay a considerable price for that.

GADDIS. I'm angry about something as well. I'm angry that the current administration thought creatively about the situation it confronted on Sept. 11 and responded with a serious reconsideration of American strategy, but then they screwed it up in Iraq. They violated a really fundamental principle. It's the dog-and-car syndrome. Dogs spend a lot of time thinking about and chasing cars. But they don't know what to do with a car when they actually catch one. It seems to me this, in a nutshell, is what has happened to the Bush administration in Iraq.

Kennedy vs. Gaddis (parte 1)

O New York Times teve neste final de semana um ideia interessante: por que nao colocar em uma mesma mesa os historiadores Paul Kennedy e John Lewis Gaddis (ambos professores de Yale) para discutir a situacao atual dos EUA? Faco questao de reproduzir a entrevista -- que teve o formato de dialogo -- para os leitores do blog. A segunda parte, eu coloco mais tarde. Evidentemente, comentarios sao mais do que bem-vindos.

Kill the Empire! (Or Not)

AT Yale University, John Lewis Gaddis is the Robert A. Lovett professor of history and political science and Paul Kennedy is the J. Richardson Dilworth professor of history. For several years now, along with their colleague Charles Hill, they have been discussing and debating foreign policy and grand strategy in a seminar limited to 24 undergraduate and graduate students. Barry Gewen, an editor at the Book Review, asked them to share some of their agreements and disagreements with a larger audience.

How Did 9/11 Change America's Thinking About Foreign Policy?

GADDIS.
The whole premise of our thinking had been that threats come from states. Then suddenly, overnight, levels of damage were done exceeding those at Pearl Harbor by a gang most of us had never heard of. That is a profound change in the national security environment. It exposes a level of vulnerability that Americans have not seen since they were living on the edge of a dangerous frontier 150 years ago.

KENNEDY. I'd agree, and then add another slant. The whole system of international law was predicated upon states. There's no thought given in the U.N. Charter to nonstate actors. There needs to be agreement on what states can do now with threats from nonstate actors.

GADDIS. It seems to me that the Bush administration did immediately sense the significance of this new geopolitical situation. Fundamental reassessments of American grand strategy tend to take place in response to crises. And a surprise attack obviously is in many ways the most rattling kind of crisis. What the Bush administration did was to announce a strategy which had never totally been absent from American history -- the idea of pre-emption. That is, when sources of danger exist, the United States has the right to take them out. There was a long history of this kind of behavior in the 19th century.

KENNEDY. I'm not going to underestimate the impact of 9/11. But I would argue that the folks who came into office with the president were already fundamentalists. So that the basic change was not in reaction to 9/11. It was people who wanted to step aside from a considerable number of international treaties. They were beginning to alter the agenda in a way that Roosevelt and Kennedy would have thought a bit disturbing. And then comes 9/11, so you can focus all your attention on a crusade. Therefore, we have to ask ourselves: what was the Bush administration doing with regard to Iraq? One time it says it's concerned about weapons of mass destruction. Another time it says Saddam is planning nasty things in the Middle East. And other times he's a moral transgressor of the highest order. You have to wonder whether they were just digging into this big barrel, bringing out whatever was the best excuse for the moment.

GADDIS. My own sense is that when you see anyone providing that many different justifications, they have one big justification that is not being talked about. The idea, quite simply, was to frighten any state that might, in the future, be harboring terrorists. It's like the parking sign that Mayor Koch used to put up around New York. Remember those? ''Don't even think of parking here.'' Don't even think of harboring terrorists. This, I think, was the real reason we went into Iraq.

KENNEDY. Well, I think we have frightened states quite a lot. Look at the changeover in Libya in the past 12 to 15 months. Now, what I would suggest we begin to think of, in consultation with others, is a set of resolutions concerning states that harbor terrorist organizations. It may come to something as serious as saying that those states endanger their own sovereignty. This will be a hot debate, of course, since one man's terrorist is another man's freedom fighter.

GADDIS. Where I would like to be 15 or 20 years from now is living in a world in which the international community as a whole justifies action, retaliatory or pre-emptive as the case may be, whenever brutal authoritarian regimes are practicing their terrible arts on their own people. The world now must be made safe for democracy, and this is no longer just an idealistic issue; it's an issue of our own safety. And by ''our'' I mean not just the United States, but the international community as a whole. If you take a long historical sweep, this is not as improbable as it might sound.

KENNEDY. It's going to be harder to do than we think. You may recall, even after Saddam's invasion of Kuwait, four permanent members of the Security Council voted for intervention, but China abstained. It just was not willing to vote for things like this. So how are we going to do it?

GADDIS. I never said it was going to be easy. It's a long-term objective. You're quite right to say that the Chinese government would not look kindly on external pressure. At the same time, it seems to me incontestable that the Chinese government these days does treat its own people far better than at any time within living memory. So the trend is there, and I think it is worldwide.

sexta-feira, julho 23, 2004

O Fantasma do Vietnam

Durante minha preparacao para os exames qualificatorios que acontecerao em setembro, estou me reunindo semanalmente com dois grupos diferentes: um grupo de Relacoes Internacionais e outro de Politica Comparada.

Ao final da reuniao de hoje com um dos integrantes do grupo de Relacoes Internacionais -- o Matt, americano do Oregon, estado tradicionalmente democrata da Costa Oeste -- comecamos a conversar sobre o futuro dos EUA no sistema internacional e os possiveis caminhos abertos (ou fechados) pela "guerra contra o terror". Enquanto um assunto puxava o outro, comecamos a comentar sobre o filme "Sob a Nevoa da Guerra", um documentario sobre Robert McNamara, o Secretario de Seguranca Nacional durante os governos Kennedy e Johnson. Para quem nao assistiu ao filme, basta dizer que McNamara eh bastante franco quando discute sua participacao na Segunda Guerra Mundial, mas tenta nao se comprometer quando comenta a Guerra do Vietnam, parte central de sua vida publica.

Matt e eu chegamos a conclusao de que hoje, por incrivel que pareca, o efeito divisor da sociedade norte-americana nao eh o 11 de setembro, mas a Guerra do Vietnam. O eixo da politica norte-americana gira sobre ela. Vejamos: a guerra do Vietnam mudou a cara das instituicoes norte-americanas; provocou uma cisao politica profunda no pais (junto com o Movimento dos Direitos Civis e Watergate); transformou as Forcas Armadas dos EUA em uma forca profissional e voluntaria; e criou novas clivagens politicas e novos politicos forjados na disputa pelo sudeste asiatico.

John Kerry e George Bush ainda sao cobrados pelo que fizeram (ou nao) durante a guerra. Clinton tambem foi cobrado por isso, assim como Gore. A geracao que hoje tem 50, 60 anos e que hoje domina a politica passou em cheio pela guerra. Ela criou e consolidou nos EUA um solido movimento contrario a intervencoes armadas, que alguns dizem eh uma das causas da "guerra cultural" travada nos EUA de hoje (questoes como aborto, homossexualismo, estado secular passam todas por essas clivagens). A guerra foi a primeira a ser transmitida ao vivo pela TV, foi contaminada pela contra-cultura dos hippies, foi a guerra que nao tinha justificativa clara nem alvo preciso. Foi a guerra contra o inimigo difuso, contra a resistencia gurrilheira. Apesar dos varios comentarios sobre o "exorcismo" do fantasma do Vietnam apos a primeira Guerra do Golfo, ele parece bem vivo na mente norte-americana.

No breve discurso que fez quando ganhou o Oscar de melhor documentario desse ano, Errol Morris, o diretor de "Sob a Nevoa da Guerra", alertou: "jah entramos na toca do coelho uma vez e nao foi bom; sinto que estamos entrando novamente em outra toca de coelho."

quinta-feira, julho 22, 2004

O Vício da África

Minha leitura da semana foi o magnífico livro do embaixador Alberto da Costa e Silva , “Um Rio Chamado Atlântico”. Reúne textos sobre as relações entre o Brasil e a África, publicados em jornais, revistas, e obras acadêmicas de 1961 até os dias atuais. A erudição de Costa e Silva é impressionante, ainda mais porque é apresentada numa belíssima prosa, elegante e clara.

A maioria dos ensaios do livro trata de temas do século XVIII e XIX, como a ascensão e queda do tráfico de escravos e a ida de libertos brasileiros para a África, onde muitas vezes se tornaram ricos e influentes. Há um debate entre Costa e Silva e o historiador João José Reis, sobre a natureza da revolta dos Malês, na Bahia, em 1835: teria sido uma jihad? O embaixador defende que sim, relacionando a rebelião dos escravos às lutas religiosas que se travavam na África na ocasião.

O livro traz poucos textos sobre a época contemporânea, infelizmente. Mas aqui e ali aparecem algumas lembranças da vida diplomática de Costa e Silva, como suas observações sobre os costumes africanos e sua relação com o Brasil. Por exemplo, uma discussão que teve com João Cabral de Mello Neto, se o frevo seria pernambucano ou se teria origem nas danças dos cortejos reais da África Ocidental.

Chama a atenção a quantidade de escritores que tentam pensar a história do Brasil num contexto mais amplo, envolvendo o Atlântico Sul e o império colonial português. Nessa linha temos as belas obras de Costa e Silva, Luís Felipe Alencastro, Charles Boxer e mesmo romances como “Nação Crioula”, do angolano José Eduardo Agualusa. O saudável vício da África.

quarta-feira, julho 21, 2004

Conspirando

Minha super-cumplice me mandou hoje essa nota por e-mail, encontrada na Internet:

"Jorge Ibargüengoitia é um escritor conhecido do leitor português, pois o seu romance As Mortas (Colecção Caminho de Bolso n.º 36) despertou um apaixonado interesse, de que foram eco múltiplas críticas em variadas publicações. Elas apontaram sempre uma mistura de terror e humor, que resulta num sabor muito próprio e intenso. Jorge Ibargüengoitia, escritor mexicano (bem mexicano apetece dizer), faleceu em Madrid, há anos, num desastre de aviação, já senhor de uma obra de romancista e dramaturgo consagrada por prémios importantes: Prémio de Teatro Casa de las Américas, Prémio Internacional do Romance «México», Prémio de Teatro «Ciudad de México», etc.

Os Conspiradores é um muito especial romance histórico, cuja trama se desenrola em 1810 no México, quando a ideia da independência nasce e as ilusões se enredam na realidade. Escrito num estilo sarcástico se bem que num tom quase neutro ou distanciado, Os Conspiradores é um texto contido e incisivo, que está à altura, pelo menos, das legítimas expectativas criadas por As Mortas.
O México e um escritor autêntico é o que está patente na obra de Jorge Ibargüengoitia, que Os Conspiradores exemplifica perfeitamente. Convidamo-lo a ler Os Conspiradores."

Nao li o romance, (infelizmente) desconheco o autor (nao deveria), mas acho que deve valer a pena ler!! A influencia foi indireta, com certeza...

terça-feira, julho 20, 2004

A Guerra dos Buscadores

Um assunto que estah ganhando constante destaque na imprensa americana -- especificamente nos cadernos economicos e financeiros dos principais jornais -- eh a batalha que vem sendo travada entre os sistemas de busca de Internet. O pioneiro foi o Yahoo, que atraves de um sistema de classificacao de sites ganhou forca e se estabeleceu como uma forca independente na Web. O Yahoo sofreu varias reformulacoes, foi comprado pela HP, e agora ostenta um sistema de busca moderno e interessante.

O grande desafio ao Yahoo foi o Google, hoje praticamente onipresente em quase todos os lugares da Internet e o buscador que oferece possibilidades alem do que vinha sendo oferecido. O sistema do Google foi inventado por dois estudantes de pos-graduacao em informatica da Universidade de Stanford, que desenvolveram um algaritmo excelente de pesquisa e implementaram-no em um sistema de computadores barato e low-tech (que se mantem assim ateh hoje). Hoje, a empresa vale milhoes, estah oferecendo suas acoes na Nasdaq e estah crescendo rapidamente atraves da compra (ou mesmo criacao) de varios servicos que complementam seu sistema de busca -- os exemplos sao o Blogger, a Picasa, o GMail e ateh mesmo o Orkut (criacao de um programador da casa).

Soh que agora o Grande Irmao estah enfurecido e determinado a tomar o controle dos servicos de busca. O novo buscador da Microsoft eh uma copia descarada do Google, mas a Microsoft promete um sistema ainda mais preciso e rapido do que o Google. A Microsoft quer repetir o que fez com a Apple, com a Netscape e, ultimamente, com o ICQ -- aniquila-los usando as suas proprias armas.

Outros tambem querem entrar nesse mercado, que eh dinamico, barato e vai direto ao ponto, oferecendo "targeted ads" (isto eh, anuncios que correspondem diretamente ao que voce quer procurar na rede). A Amazon jah lancou o seu A9, e um servico independente, o AlltheWeb, vem tambem ganhando terreno. Eh interessante observar o que vai acontecer.

segunda-feira, julho 19, 2004

Ardil 22

Fim de semana de frio e de chuva me empurraram para duas coisas raras na minha vida atual: descanso e contato com boa literatura. Terminei de ler "Ardil 22", de Joseph Heller, o famoso romance sobre o absurdo da guerra.

Não é um livro para todos os gostos. É longo e não tem um enredo definido, é antes uma colagem de personagens loucos e divertidíssimos, que variam entre carreiristas, corruptos, maníacos sexuais e neuróticos crônicos. Algumas das passagens são simplesmente de gargalhar, como a conspiração em torno das cartas assinadas por Washington Irving.

Claro que há também os trechos sérios. Meu favorito é a caminhada de Yossarian, o anti-herói que protagoniza o romance, pela madrugada de uma Roma habitada por todo tipo de farrapo humano. De arrepiar, digna de Dostoiévski.

"Ardil 22" é ambientado na Segunda Guerra Mundial, mas a mensagem é universal. Vários momentos poderiam ser transpostos sem dificuldade para o Iraque. Quem faz algo parecido é o historiador Howard Zinn, um dos ídolos da esquerda dos EUA. Ele é veterano da Segunda Guerra e deu uma palestra criticando o absurdo dos dois conflitos , citando inclusive o romance de Heller.

domingo, julho 18, 2004

Nota Curiosa

Nota publicada hoje (domingo, 18 de julho) na coluna de Elio Gaspari no Globo: 
 
"Aberto o testamento de um destacado homem público brasileiro falecido recentemente, resultou um patrimônio financeiro e, sobretudo, imobiliário, de algo como US$ 20 milhões, partilhado entre três herdeiros."
 
Humm...Teria o sobrenome do falecido a letra B no inicio e a letra A no final? As fazendas no Uruguai estao bastante valorizadas. Ou eu estou promovendo uma calunia?

sábado, julho 17, 2004

História com Ternura

Há uma leva de boas revistas sobre História nas bancas. Nesta semana comprei finalmente um exemplar da "Nossa História", que é editada pela Bibloteca Nacional e trata exclusivamente de temas brasileiros.

A revista é primorosa. A matéria de capa se chama "A Revolução com Ternura" e conta de modo sucinto a vida de Olga Benario, seu romance com Prestes, a prisão e a morte num campo de concentração nazista. O texto foi escrito pela historiadora Anita Prestes, filha do casal, que é professora da UFRJ, e é ilustrado por cartas que o cavaleiro da esperança mandou do cárcere para a mãe. Elas mostram um senso de humor e um calor humano surpreendentes para um homem naquelas condições, e célebre por sua rigidez.

O gancho para a matéria é o filme sobre Olga, que será lançado em agosto. Vi o trailer e achei bem interessante, promete. Um detalhe curioso é que as cenas ambientadas em Moscou foram filmadas nos prédios da era Vargas, no centro do Rio, que foram construídos pelo arquiteto Marcello Piacentini, o favorito de Mussolini. No fim, todas as ditaduras se parecem.

Mas o melhor da revista é a entrevista com João José Reis, que fala sobre seu livro "Rebelião Escrava no Brasil", que trata da revolta dos Malês. A conversa é interessantíssima, passa por escravidão, história, política, universidade... Outra boa nova: o livro vai virar filme, estrelado por Antônio Pitanga.

Tudo isso me deixa muito feliz. Conhecer a história do Brasil é um passo importante para  pensarmos nos rumos e alternativas que queremos dar a este lugar, que um dia ainda será um bom país. E o incrível desenvolvimento dos temas ligados à escravidão e às relações com a África me fazem especialmente contente, ainda mais agora que devo realizar em breve meu sonho de conhecer aquele continente. 

"Libertarians" do mundo, uni-vos!

Aqui nos EUA, existe um grupo politico/ideologico chamado "libertarian". Mas o que eh exatamente um "libertarian"? Essa eh uma ideologia politica que tem raizes no liberalismo extremo -- uma ojeriza ao estado em quase todas as suas formas e a completa crenca no poder individual como inviolavel e maxima; enfim, o individuo eh rei. A proxima pergunta natural seria: qual eh a diferenca para o Anarquismo, por exemplo? Pelo menos duas: (1) ser libertarian nos EUA tem uma conotacao de extrema direita (lembram-se das milicias de "Tiros em Columbine"?); e (2) os libertarians ainda acreditam que o estado deve ser minimo, basicamente uma policia (local e comunitaria) e pronto.
 
Pois acontece que o diretor do Departamento de Ciencia Politica de Duke eh um "libertarian". Entretanto (!), o Prof. Michael Munger eh uma figura divertida, sem duvida o cara eh simpatico. Nao chega a ser o extremado "milicia man", mas eh bastante caustico para nao ser engolido por nenhum dos dois (?) lados do expectro ideologico norte-americano. Pois ele decidiu lancar o seu proprio blog, sem conexao com a Universidade, para divulgar seus pensamentos estranhos.
 
Eu achei interessante mencionar isso porque eh uma forma de entender o que se passa nessas mentes. A Duke Conservative Union tentou coopta-lo, mas acho que eles ficaram embaracados com alguns comentarios de Munger. De qualquer maneira, "recomendo" (nao sei se eh essa palavra, mas enfim...) a leitura de suas "memorias academicas" publicadas em um artigo no blog chamado "Pilgrim's Egress". Alguns vao rir e outros vao ficar chocados, mas... Eh como ler o Otavio de Carvalho, soh que muito mais engracado.

sexta-feira, julho 16, 2004

A Raposa na Parede

A polemica do momento nos EUA eh um documentario chamado "Outfoxed: Rupert Murdoch's War on Journalism." A direcao, producao e edicao sao de Robert Greenwald, uma figura interessantissima que poderiamos definir como um cruzamento entre Michael Moore e o "Observatorio de Imprensa" do Dines.

Por aqui nao ha duvidas de que a Fox News (empresa de Rupert Murdoch, o magnata da midia global) eh a mais direitista rede de TV norte-americana. Sua transmissao da guerra foi uma piada -- cheia de "embedded journalism", odes a bandeira ("the Red, White, and Blue") e exortacoes a destruicao dos terroristas iraquianos. Ateh ahi, tudo bem -- patriotismo em guerra nao eh novidade. O que o documentario mostra, com memorandos conseguidos dentro da Fox, eh que havia de fato MANIPULACAO das noticias, em que (1) varias noticias nao iam ao ar por ordem superior; e (2) as que iam ao ar seguiam um padrao de "sanitizacao" e de adaptacao aa logica governamental. (Nota: qualquer semelhanca com a Rede Globo nao eh mera coincidencia, claro). "O que ha de novo tambem?", me perguntariam. Talvez para nos, nada. Mas o impacto por aqui estah sendo consideravel.

O que eh interessante eh que, com tecnologia digital e distribuicao internetica, Greenwald conseguiu montar o filme em tempo recorde (tres meses) e lanca-lo atraves do grupo de pressao MoveOn, que faz campanha contra Bush e tem entre seus doadores o bilionario George Soros. A Fox estah com um dilema nas maos: se processa-lo, vai dar ainda mais publicidade ao filme. Nada foi decidido ainda e o filme estah vendendo como pao quente.

quinta-feira, julho 15, 2004

Capitao Pedro Sangue

Estou realmente sem nenhum tempo para leituras fora da area de Ciencia Politica, os exames se aproximam e um artigo em progresso demanda quase toda a minha atencao. Entretanto, achei interessante recomendar uma pequena gema literaria que, se nao atinge o nivel de literatura de Dumas, pelo menos se aproxima.

Tenho um fraco pela literatura capa e espada do final do seculo XIX e recentemente descobri nas entranhas da biblioteca da Universidade um autor chamado Rafael Sabatini, que parece ter escrito dezenas de livros aventurescos entre o final do XIX e inicio do XX. Antes de ir dormir, apesar do cansaco, me obrigo a ler minha dose diaria (um capitulo) de um dos seus livros mais famosos: "Capitao Blood: Sua Odisseia". Esse livro inclusive foi transformado em um filme com Errol Flynn, e um outro filme foi feito a partir de outro livro de Sabatini, "Scaramouche".

O livro eh um primor de aventuras de piratas e bucaneiros, quase em formato de folhetim, em que cada capitulo apresenta uma reviravolta na aventura. A historia trata das aventuras de Peter Blood, um medico ingles, que por uma serie de circunstancias acaba sendo condenado injustamente por traicao ao rei, eh mandado como escravo para Barbados, de lah consegue escapar e monta seu proprio navio pirata para buscar vinganca daqueles que o trairam. Estou torcendo para que o livro nao acabe tao cedo.

quarta-feira, julho 14, 2004

Eleicoes nos EUA

Aqui vai um link para uma reportagem de hoje no Globo OnLine sobre o impacto das eleicoes norte-americanas na America Latina. Pelo que eh discutido na reportagem, nao importando que ganhe, teremos mais do mesmo, isto eh, apertem os cintos pela milesima vez.

UPDATE: (19/07/2004) -- Decidi reproduzir o artigo inteiro no blog antes que o link perca a validade. Acho que vale a pena.

Analistas: resultado da eleição nos EUA pouco interferirá nos rumos da América Latina

Fernando Moreira - Globo Online

RIO - Uma possível vitória da oposição nas eleições presidenciais de novembro nos Estados Unidos pode não representar a mudança significativa nas relações entre Washington e a América Latina que muitos esperam. Vença o senador John Kerry ou seja George W. Bush reeleito, analistas vêem pouca perspectiva de reaproximação dos EUA com os primos pobres do continente - uma relação preterida pelo interesse do governo Bush na guerra ao terrorismo, desde o primeiro ano de mandato.

Para José de la Torre, especialista em economia internacional e negócios na América Latina da Universidade Internacional da Flórida, os atentados de 11 de Setembro e a quase imediata campanha militar antiterror liderada por Washington relegaram os problemas latino-americanos a um distante segundo plano.

- A administração Bush começou seu mandato com grande expectativa quanto a um aumento do interesse e da atenção dos EUA na região. A própria experiência de Bush no Texas e sua próxima relação com o México foram vistas como indicativos de relações hemisféricas. Entretanto os incidentes do 11 de Setembro e a luta contra o terrorismo relegaram a América Latina a um plano bem distante. Contribuiu para isso o fato de o México e a maior parte dos outros países da região se opuserem à invasão unilateral do Iraque, o que fez com que o governo de Washington desse baixa prioridade a todas as questões referentes à região, como a reforma da imigração. As duas exceções foram a política antidrogas, centralizada na Colômbia, e a política comercial, com a expansão do Nafta (Tratado de Livre Comércio da América do Norte) - afirmou De la Torre.

Já Dain Borges, diretor do Centro de Estudos Latino-americanos da Universidade de Chicago, acredita que o governo Bush, apesar de ser uma "força desestabilizadora", conseguiu intervir sem armas em um momento crucial na região.

- A política externa de Bush tem sido, por um lado, desestabilizadora, tanto por suas indiferenças quanto por suas ações, da política nos países mais frágeis da América Latina. Nesse sentido traz problemas para o Brasil. Mas por outro lado, suponho que os interesses de mercado brasileiros devem agradecer o apoio tardio ao sistema financeiro argentino, que evitou uma falência desestabilizadora do Mercosul e do mercado brasileiro - comentou o historiador e especialista em temas brasileiros.

Entretanto a lacuna que teria sido deixada por Bush na América Latina não seria facilmente preenchida pelo seu adversário democrata na corrida à Casa Branca. O cientista político Emir Sader diz que, apesar de os democratas historicamente fazerem oposição ao conservadorismo republicano, a estratégia de Kerry não tem prezado por uma visão progressista.

- Kerry tem assumido posições mais conservadoras, e isso explica a escolha por John Edwards (candidato a vice), um homem com mais apelo popular. Sua orientação política vem da ala mais direitista do governo Bill Clinton. O candidato democrata vem adotando um discurso mais duro para parecer mais confiável. O governo Bush fragilizou os EUA e um discurso mais duro ainda se faz necessário. Mas, ao mesmo tempo, os democratas precisam adocicar o discurso para salvar votos e fazer com que as camadas mais populares votem, que é a única chance de eles vencerem. Além disso, Kerry é mais protecionista que Bush, o que vai dificultar que a Alca (Área de Livre Comércio das Américas) saia do papel, já que um governo democrata cederia menos terreno para a América Latina - afirmou chefe do Laboratório de Políticas Públicas da Uerj.

O momento eleitoral, as promessas de palanque e os programas políticos devem ser vistos com grande cautela, ressaltam os analistas.

- A plataforma de John Kerry (seu plano para uma Comunidade das Américas) semeia concretamente várias propostas positivas para a América Latina e para o Brasil. Mas é um documento eleitoreiro, voltado principalmente para os interesses mexicanos nos Estados Unidos e as preocupações íntimas do eleitorado de origem mexicana. A parte que mais diretamente tocaria alguns interesses brasileiros, o comércio, é a parte mais ambígua do plano - declarou Borges.

De la Torre também acredita que a campanha democrata está jogando pesado em busca de votos da comunidade latina, mas afirma que uma vitória de Kerry traria benefícios - embora mínimos - para o Brasil e o restante da América Latina:

- Imagino que Kerry vai prometer muitas coisas para a região nos próximos meses. Ele está cortejando o voto da comunidade hispânica nos EUA. Caso vença as eleições, ele poderá se mostrar inicialmente mais receptivo a questões da América Latina. Certamente ele não seria tão focado no Oriente Médio como Bush parece ser. Entretanto, duvido de que isso seria transformado em uma preocupação de longo prazo ou uma grande mudança de recursos para a América Latina. Assim, acredito que a região se beneficiasse mais como uma vitória dos democratas, mas não muito.

Em tom nostálgico, o analista americano que já foi assessor de empresas multinacionais e agências governamentais na América Latina, acrescentou:

- A triste verdade é que nenhum presidente dos EUA ou qualquer administração tem dado muita atenção à América Latina desde John Kennedy e sua Aliança para o Progresso (programa assistencial que teve muitos reflexos no Brasil).

terça-feira, julho 13, 2004

Enfrentando Problemas

Realmente nao eh nada animador. Serah que precisamos de um Michael Moore brasileiro? Alguem que nao somente toque na ferida da exclusao/violencia social ao fazer filmes (em especial documentarios), mas aponte solucoes e caminhos politicos para lidar com o problema?

Jah que o cinema brasileiro dominou os ultimos dias da discussao, acho que vale a pena pensar um pouco alem dele. As vezes eu acho que o debate a respeito de varios temas no Brasil -- violencia, questao do menor, presidios, preconceito, e por ahi vai -- passa (infelizmente) por uma separacao entre o tema em si e a politica local e nacional. As pessoas estao muito desiludidas. Quantas vezes todos nos jah ouvimos que "os politicos sao todos uns ladroes" e coisas afins? Eu nao sou o cara mais indicado para falar disso, jah estou fora ha dois anos e as coisas mudam. Mas serah que nao falta um esforco maior da populacao ou de grupos organizados para pressionar politicamente os governantes de maneira direta? Eu me lembro do episodio da "guerra da Rocinha" um pouco antes de eu estar no Brasil pela ultima vez, em que um grupo de socialites subiu o morro para levar "amor e carinho" para a comunidade enquanto essa presenciava estupefacta a falta de compreensao da situacao pelas elites. Claro que essa situacao eh anedotica, eh um extremo. Mas de alguma maneira ela mostra uma ironia que estah presente pelo menos no Rio de Janeiro.

Nenhuma mudanca vai cair do ceu ou virah de uma canetada governamental. Mudancas vem com trabalho serio, continuado e de maneira progressiva. Mas chegamos a uma tal situacao que nao fazer nada eh uma temeridade. Enquanto nao tivermos um sistema que seja mais transparente e que promova maior controle dos politicos, as coisas vao continuar dificeis. Mas ainda, com todas as dificuldades, uma mudanca na politica local do Rio de Janeiro nas proximas eleicoes jah seria um excelente comeco.

Justiça, ou a Violência Muda do Cinema Brasileiro

Muito do que a gente conversa sobre o cinema brasileiro (e sobre o país que ele representa) pode ser conferido no documentário “Justiça”. Primeiro, temos o foco nos problemas sociais do país, em particular a violência/exclusão, que serviram de tema para tantos filmes recentes (“Cidade de Deus”, “Carandiru”, “Ônibus 174”, “Notícias de uma Guerra Particular”, “Fala Tu” etc). Segundo, há o próprio gênero documentário, que está em auge. Terceiro, a mesma percepção de que estamos num beco sem saída, sem soluções à vista.

“Justiça” acompanha os meandros dos tribunais através da rotina de pessoas que circulam por uma vara criminal no Rio de Janeiro: dois juízes, uma defensora pública e dois rapazes do tipo bandido pé-de-chinelo, processados por crimes menores. O que se vê é o funcionamento de uma máquina fria, que às vezes segue adiante de acordo com uma lógica burocrática que não tem muito a ver com a realidade.

A personagem mais interessante do documentário é a defensora pública, que aparece como uma pessoa muito sensível, realmente preocupada com os infelizes que defende. Ela parece à beira de um esgotamento nervoso, num momento chega a desabafar se sentindo inútil, “enxugando gelo”.

Os juízes surpreendem pela frieza e mesmo por um certo desdém de classe com o qual lidam com os réus. Estes são um caso à parte. O rapaz mais velho é o tipo que já fez muita coisa errada na vida e espero que passe um bom tempo preso. O mais novo está tão obviamente desnutrido e doente que dá vontade de mandá-lo almoçar e freqüentar a escola.

Para mim, “Justiça” teve um sabor especial, porque se passa exatamente no tribunal no qual meu irmão trabalha como oficial de justiça, ele inclusive conhece algumas das pessoas que aparecem no filme. Depois de assistir ao documentário, acho que ele merece cada centavo do salário.

Em comparação com os filmes argentinos, o que chama a atenção é a falta de discussões políticas, sobre o rumo da sociedade, o que está presente o tempo todo nos roteiros ao sul da fronteira, ainda que de uma maneira um tanto depressiva. No Brasil, a violência é tão exuberante que ofusca todo o resto. E como já nos ensinou mestra Hanna Arendt, a violência é muda.

segunda-feira, julho 12, 2004

Serah o cinema brasileiro lazarento?

Quando estava no Brasil ha algum tempo atras, estava eu assistindo ao talk show altamente intelectual do Joao Gordo na MTV enquanto ele entrevistava um dos grandes atores da nova geracao do cinema nacional, Matheus Nachtergaele. Depois de fazer varias piadinhas de mal gosto com a opcao sexual do ator -- que nao se mostrou constrangido em nenhum momento, o Gordo fez uma pergunta interessante: "Matheus, voce nao acha que o cinema brasileiro eh lazarento?" Matheus respondeu que sim, mas que achava que o Gordo estava exagerando.

O comentario do Mauricio me fez pensar que isso eh verdade. O cinema brasileiro atual estah MUITO lazarento. Acho que perdemos uma caracteristica que exisitia nos filmes da decada de 60 de sermos otimistas ou apontarmos maneiras de transcender os problemas nacionais. Na verdade, o cinema era uma das principais formas de fazer isso (e o relancamento da obra do Glauber em DVD nao me deixa mentir)! O cinema era "revolucionario" a sua maneira, "uma camera na mao e uma ideia na cabeca", o Dogma da caatinga. Mas a ditadura tratou de esfriar os animos. O renascimento do cinema brasileiro na decada de 90 trouxe coisas muito interessantes mas em outro contexto. Agora a discussao eh sobre a prevalencia dos "Globofilmes".

Depois do "sucesso" de Cidade de Deus nos cinemas universitarios americanos, uma das perguntas mais frequentes (feita por americanos e estrangeiros) que tive que responder foi : "Mas aquilo tudo eh verdade?? Nao eh possivel..." Depois das explicacoes de praxe ("po, a violencia eh meio estilizada, mas os problemas existem e estao lah..."), ficava aquela sensacao para eles de que o Brasil nao tinha mais jeito mesmo, estava tudo perdido. Eh um dilema. Nao tenho respostas para isso.

Acho que a Argentina tem uma diferenca de que eh mais uma "cultura de classe media" do que a brasileira. Apesar de filmes como "O Filho da Noiva" ou "Nove Rainhas" terem muito a ver com o Brasil, eles tem uma sensibilidade para a questao da classe media que o cinema brasileiro ainda nao abordou de maneira interessante. A complexidade da sociedade capitalista global, que foi abordada maravilhosamente pelo "Invasoes Barbaras", ainda nao foi refletida nas telas brasileiras. Quem serah o diretor a fazer isso?

O Invasões Bárbaras da Argentina

Quem gosta de cinema já teve ter visto ao menos um da ótima leva dos filmes argentinos recentes - Nove Rainhas, O Filho da Noiva, Valentin etc. Ontem assisti a "Lugares Comuns", que é tão bom que me leva a dizer que é na Argentina que se faz o melhor cinema da América Latina.

Eis o enredo: um velho e iconoclasta professor universitário é aposentado compulsoriamente, porque o governo está sem recursos para pagar seu salário. Daí tenta reconstruir sua vida, ao lado da mulher muito amada, de um casal amigo e do filho que mora em Madri e com quem tem uma relação difícil. O pano de fundo é a terrível crise argentina e seu impacto na combalida classe média local.

Pelo tipo de personagem, humor sarcástico e pelo clima político, lembra muito o "Invasões Bárbaras". Algumas das piadas e sacações do enredo são geniais e para um espectador brasileiro, a identificação é muito forte.

Também me impressiona uma mensagem comum aos filmes argentinos recentes. A de que, apesar da crise, é hora de começar de novo, reconstruir a vida. Gosto disso, porque nos brasileiros em geral o que a gente vê é simplesmente o beco sem saída da violência.

Al Jazeera e a Verdade no Jornalismo

Nao eh sempre que consigo ir ao cinema dois dias seguidos, mas tenho certeza de que dessa vez valeu a pena. Acabei de voltar do cinema onde fui assistir ao filme "Control Room". O filme eh um documentario feito por uma jovem indiana sobre a rede de TV arabe Al Jazeera e a sua participacao durante a cobertura da guerra do Iraque. Que filmaco! Desde o inicio o filme eh um contraponto mais do que necessario aa cobertura da guerra feita pelas televisoes americanas durante a epoca (que foi nada mais do que propaganda de guerra). A diretora filma as entranhas da sede da TV no Catar, enquanto seus jornalistas lutam para levar ao ar a visao arabe do conflito e seu custo em termos de vidas civis. Nao soh eh um filme comovente em alguns momentos como tambem deveria ser obrigatorio em qualquer curso de jornalismo serio. O filme mostra perfeitamente como as concepcoes de "objetividade" dos jornalistas durante uma guerra sao muito mais do que teoria de faculdade de comunicacao. Imperdivel.

domingo, julho 11, 2004

A Despedida de Brando

Ainda muito triste pela morte de um dos atores que mais admirava, fica a questao no ar: Quantos poderiam ser comparados a Brando? Acho dificil uma resposta. Mas li na internet um artigo com o qual concordo plenamente. Marlon Brando RIP. Seria otimo que alguem organizasse uma mostra com filmes do Brando para que toda uma nova geracao pudesse ver o genio em acao. Vamos torcer.

Prof. Keohane

Alias, para quem se interessa por Relacoes Internacionais e falando do Prof. Keohane, aqui vai o link para um perfil escrito por Peter Gourevitch (o famoso Sr. "Second-Image Reversed"). Muito interessante. Ele lista todas as contribuicoes que Keohane deu para a teoria de RI.

sábado, julho 10, 2004

O Homem-Aranha virou Hamlet

Como todos os criticos estao dizendo, "Homem-Aranha 2" eh o filme do momento. Gostei muito do filme, excelente historia, muitos dilemas. O mais claro eh o ser ou nao ser -- por amor. Gostei muito tambem dos atores, o Tobey McGuire eh o perfeito Peter Parker e a Kirsten Dunst eh a perfeita Mary Jane. Mas o premio vilao do ano vai para o Alfred Molina como o Doutor Octopus. Absolutamente fantastico. Duas horas bem gastas para espairecer. As melhores cenas de comedia sao roubadas pelo cara que faz o Jameson, o chefe do Parker no jornal. O mais engracado eh que esse ator eh a cara do Prof. Keohane! Muito bom, eu recomenndo...

Huntington e os soldados

A propos, acabei de ler um livro publicado em 1957 por um dos "genios do mal" do mundo contemporaneo -- Samuel Huntington. O livro se chama "The Soldier and the State", tem uma traducao em portugues pela BibliEx (claro) e era um dos favoritos do Golbery. Nele, o eminente professor de Harvard tenta criar uma "teoria" sobre as relacoes entre civis e militares. A grande descoberta? Um exercito profissionalizado soh funciona em uma sociedade conservadora. Engracado...Soh achei que isso funcionasse para alguns poucos paises...

O Futuro do Mercosul

Emir Sader estah convencido de que essa eh a chance historica para o Brasil e a Argentina aprofundarem o Mercosul. A ideia seria criar, ainda esse ano, o Parlamento do Mercosul e uma moeda unica. Concordo, apesar de ter duvidas quanto a viabilidade de um projeto que vem de cima para baixo. Serah que as duas sociedades jah estao prontas? Espero que sim; senao, a alternativa aa isso eh a Alca...
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