Serah o cinema brasileiro lazarento?
Quando estava no Brasil ha algum tempo atras, estava eu assistindo ao talk show altamente intelectual do Joao Gordo na MTV enquanto ele entrevistava um dos grandes atores da nova geracao do cinema nacional, Matheus Nachtergaele. Depois de fazer varias piadinhas de mal gosto com a opcao sexual do ator -- que nao se mostrou constrangido em nenhum momento, o Gordo fez uma pergunta interessante: "Matheus, voce nao acha que o cinema brasileiro eh lazarento?" Matheus respondeu que sim, mas que achava que o Gordo estava exagerando.
O comentario do Mauricio me fez pensar que isso eh verdade. O cinema brasileiro atual estah MUITO lazarento. Acho que perdemos uma caracteristica que exisitia nos filmes da decada de 60 de sermos otimistas ou apontarmos maneiras de transcender os problemas nacionais. Na verdade, o cinema era uma das principais formas de fazer isso (e o relancamento da obra do Glauber em DVD nao me deixa mentir)! O cinema era "revolucionario" a sua maneira, "uma camera na mao e uma ideia na cabeca", o Dogma da caatinga. Mas a ditadura tratou de esfriar os animos. O renascimento do cinema brasileiro na decada de 90 trouxe coisas muito interessantes mas em outro contexto. Agora a discussao eh sobre a prevalencia dos "Globofilmes".
Depois do "sucesso" de Cidade de Deus nos cinemas universitarios americanos, uma das perguntas mais frequentes (feita por americanos e estrangeiros) que tive que responder foi : "Mas aquilo tudo eh verdade?? Nao eh possivel..." Depois das explicacoes de praxe ("po, a violencia eh meio estilizada, mas os problemas existem e estao lah..."), ficava aquela sensacao para eles de que o Brasil nao tinha mais jeito mesmo, estava tudo perdido. Eh um dilema. Nao tenho respostas para isso.
Acho que a Argentina tem uma diferenca de que eh mais uma "cultura de classe media" do que a brasileira. Apesar de filmes como "O Filho da Noiva" ou "Nove Rainhas" terem muito a ver com o Brasil, eles tem uma sensibilidade para a questao da classe media que o cinema brasileiro ainda nao abordou de maneira interessante. A complexidade da sociedade capitalista global, que foi abordada maravilhosamente pelo "Invasoes Barbaras", ainda nao foi refletida nas telas brasileiras. Quem serah o diretor a fazer isso?
O comentario do Mauricio me fez pensar que isso eh verdade. O cinema brasileiro atual estah MUITO lazarento. Acho que perdemos uma caracteristica que exisitia nos filmes da decada de 60 de sermos otimistas ou apontarmos maneiras de transcender os problemas nacionais. Na verdade, o cinema era uma das principais formas de fazer isso (e o relancamento da obra do Glauber em DVD nao me deixa mentir)! O cinema era "revolucionario" a sua maneira, "uma camera na mao e uma ideia na cabeca", o Dogma da caatinga. Mas a ditadura tratou de esfriar os animos. O renascimento do cinema brasileiro na decada de 90 trouxe coisas muito interessantes mas em outro contexto. Agora a discussao eh sobre a prevalencia dos "Globofilmes".
Depois do "sucesso" de Cidade de Deus nos cinemas universitarios americanos, uma das perguntas mais frequentes (feita por americanos e estrangeiros) que tive que responder foi : "Mas aquilo tudo eh verdade?? Nao eh possivel..." Depois das explicacoes de praxe ("po, a violencia eh meio estilizada, mas os problemas existem e estao lah..."), ficava aquela sensacao para eles de que o Brasil nao tinha mais jeito mesmo, estava tudo perdido. Eh um dilema. Nao tenho respostas para isso.
Acho que a Argentina tem uma diferenca de que eh mais uma "cultura de classe media" do que a brasileira. Apesar de filmes como "O Filho da Noiva" ou "Nove Rainhas" terem muito a ver com o Brasil, eles tem uma sensibilidade para a questao da classe media que o cinema brasileiro ainda nao abordou de maneira interessante. A complexidade da sociedade capitalista global, que foi abordada maravilhosamente pelo "Invasoes Barbaras", ainda nao foi refletida nas telas brasileiras. Quem serah o diretor a fazer isso?
1 Comentarios:
Sim, o cinema brasileiro é lazarento. Não que seja possível apontar um caminho, porque não acredito em cinema messiânico... Mas insiste em dois terríveis erros: ou suas histórias são farsas no padrão globo de produção, ou são pseudo-retratos crus da realidade.
Quanto ao primeiro gênero, não cabe aqui comentar sua pobreza estética e estilística. Já o segundo é rico nos dois aspectos, mas muitas vezes, ao pretender ser um retrato cru da realidade, revela parcialidade (é paradoxal, mesmo) e uma distorcida lógica quanto aos problemas que revela.
Não pretendo soar positivista e reacionária... Hoje já fui taxada de tudo isso no meu trabalho, apesar de saber que tais definições não se aplicam. Mas acredito que em toda sociedade deva haver um senso comum de certo e errado que pode até soar maniqueísta algumas vezes.
E o que o cinema brasileiro mostra é que existem problemas graves, sim, mas o pior deles, na minha opinião, é pôr fim a este senso comum que apontei acima, sempre em detrimento do Estado e da lei.
Hoje ouvi de duas advogadas que a lei é a "culpada" pela criminalidade elevada. Pelas cenas que vimos nos últimos filmes nacionais do gênero.
Que o sistema prisional está falido não se discute, é um fato. E é bom que o cinema mostre o que os jornais demoraram a publicar. Mas dizer que a lei é rigorosa, colocando pessoas que cometeram pequenos delitos sujeitas a seus malefícios, é uma tremenda inversão lógica...
A lei não está errada em dar a punição a um crime, e esta punição ser o encarceramento. O Judiciário não está errado em condenar um criminoso por um delito, por menor que ele possa parecer. Errado e viciado é o sistema prisional brasileiro, que não atende ao que se espera que seja a função da pena - reabilitar e prevenir novos delitos.
Viciada como a lógica que resume todo o lazarento cinema nacional: os problemas existem, a lei só os alimenta, o Estado, em suma, para nada serve. Um cinema que mostre a realidade é benéfico; desde que saiba como mostrá-la.
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