sábado, julho 31, 2004

Um Dia de Cão

A quinta-feira foi infernal. Peguei uma infecção estomacal, ou algo do gênero, e fiquei muito doente. Tive enjôos, fraqueza e se alguns turistas deixam seus corações nas cidades por onde passam, digamos que boa parte do meu estômago ficou por Quito.

Vários outros brasileiros apresentaram os mesmos sintomas. A princípio achei que tivesse algo a ver com a altitude e o clima, mas conversando com minhas amigas equatorianas, elas disseram que a questão é a higiene e a qualidade da água. Uma colega da Nicarágua contou que comeu de tudo durante a guerra civil (os russos de vez em quando mandavam azeite de baleia e até caviar) mas que tinha ficado sem fome no Equador. Fazer política no mundo em desenvolvimento é sempre uma aventura.

Apesar de doente, continuei a trabalhar. Na quinta participei de uma reunião para planejar seminários no nordeste e no Chile - neste último caso, durante um evento que coincidirá com a visita de Bush ao país. O Evo Morales deu bolo e não apareceu na palestra...

À tarde, oficina sobre orçamento na América Latina, um projeto no qual vinha trabalhando no Ibase. Depois encontrei com um holandês que trabalha numa ONG do Peru e é amigo de uma amiga que cursa o mestrado em Haia (salve, Mariana!). Ele queria saber sobre experiências de participação cidadã no orçamento brasileiro. Quer dizer, acho que é isso, está tudo tão globalizado que nem eu tenho mais certeza!

À noite, tinha convite para duas festas de encerramento do fórum, mas por conta da doença, fiquei prostrado na cama. Pelo menos estava melhor pela manhã. E passei meu último dia no Equador - adivinhem - trabalhando. A reunião foi sobre o projeto do orçamento, planejando uma pesquisa em 15 países da região e tentando encontrar um financiador disposto a colocar US$500 mil para cubrir os custos. Quem tem a grana - como o governo dos EUA - é politicamente inaceitável para a rede de ONGs que toca a pesquisa.

Durante a reunião, rolou uma brincadeira para saber qual o país mais odiado da América Latina. Ganhou o Chile, com a Argentina em segundo ("mas agora que eles voltaram ao terceiro mundo talvez possam ser nossos irmãos", disse um equatoriano) e a Costa Rica logo depois. Todos afirmaram que o Brasil é um país imperialista e que deveria bancar o meio milhão de dólares da pesquisa. Talvez devessemos anexar novamente o Uruguai e cobrar a grana como impostos da alfândega do rio da Prata.

1 Comentarios:

Anonymous Anônimo said... Weblog Commenting and Trackback by HaloScan.com

Anexar o Uruguai...Obrigado pela parte que me toca Maurício.

Abraços,
Helvécio

julho 31, 2004 1:58 PM  

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