Diamante de Sangue
Sou fanático pela África e aproveito todas as oportunidades para assistir a filmes ambientados no continente. Porém a maioria dessas producöes säo feitas por americanos ou europeus e me incomoda bastante o olhar que eles lancam sobre os africanos, que quase invariavelmente säo apresentados como selvagens bárbaros, presos a ciclos de violëncia irracional, e cuja única esperanca de salvacäo passa pela intervencao de alguma boa alma branca e/ou ocidental que irá ajudá-los a escapar de sua prisao infernal.
"Diamante de Sangue" repete todos esses cliches, embora conte uma história de suspense e acäo muito bem narrada. O foco da trama é a descoberta de um diamante gigantesco por um pescador de Serra Leoa, que quer utiliza-lo para reencontrar sua família, separada pela guerra civil. Para cumprir esse objetivo ele contará com o apoio de uma idealista jornalista americana e com o auxilio ambiguo de um contrabandista e mercenario do Zimbabwe.
O filme se pretende uma denuncia contra a ganancia das grandes empresas de mineracao, na linha do que "O Jardineiro Fiel" fez pelas tramoias da industria farmaceutica. Mas enquanto a obra de John Le Carré tinha uma construcäo mais interessante, em "Diamante de Sangue" os africanos malvados parecem saídos de alguma matinë dos anos 40, comportando-se como versöes pós-modernas de Átila, o Huno.
Contudo, apesar da minha discordäncia com a visäo social do filme, ele é muito bem-sucedido ao retratar os novos atores da política internacional, mostrando como a pressäo da imprensa e da opiniäo pública pode alterar os parämetros das disputas. No caso, o filme mostra a criacäo do Processo Kimberley, que procura estabelecer embargo a diamantes extraídos em zonas de conflito.
Minha curiosidade agora é para a estréia de "O Último Rei da Escócia", sobre Idi Amin, que entra em cartaz em breve. Mas parece preso a mesma fórmula da bárbarie africana redimida pelo ocidental bonzinho que denuncia ao mundo suas mazelas.Minha decepcäo com essa abordagem primária é ainda maior pelo fato de que há excelentes romances na literatura africana prontos para virarem grandes filmes. As obras dos angolanos José Eduardo Agualusa, Pepetela, do mocambicano Mia Couto e da sul-africana Nadine Gordimer, entre outros, mostram uma Africa bem mais interessante. Moderna, contraditoria, esperancosa ou triste, mas sempre em movimento. Por que nao leva-la para as telas do cinema?
"Diamante de Sangue" repete todos esses cliches, embora conte uma história de suspense e acäo muito bem narrada. O foco da trama é a descoberta de um diamante gigantesco por um pescador de Serra Leoa, que quer utiliza-lo para reencontrar sua família, separada pela guerra civil. Para cumprir esse objetivo ele contará com o apoio de uma idealista jornalista americana e com o auxilio ambiguo de um contrabandista e mercenario do Zimbabwe.
O filme se pretende uma denuncia contra a ganancia das grandes empresas de mineracao, na linha do que "O Jardineiro Fiel" fez pelas tramoias da industria farmaceutica. Mas enquanto a obra de John Le Carré tinha uma construcäo mais interessante, em "Diamante de Sangue" os africanos malvados parecem saídos de alguma matinë dos anos 40, comportando-se como versöes pós-modernas de Átila, o Huno.
Contudo, apesar da minha discordäncia com a visäo social do filme, ele é muito bem-sucedido ao retratar os novos atores da política internacional, mostrando como a pressäo da imprensa e da opiniäo pública pode alterar os parämetros das disputas. No caso, o filme mostra a criacäo do Processo Kimberley, que procura estabelecer embargo a diamantes extraídos em zonas de conflito.
Minha curiosidade agora é para a estréia de "O Último Rei da Escócia", sobre Idi Amin, que entra em cartaz em breve. Mas parece preso a mesma fórmula da bárbarie africana redimida pelo ocidental bonzinho que denuncia ao mundo suas mazelas.Minha decepcäo com essa abordagem primária é ainda maior pelo fato de que há excelentes romances na literatura africana prontos para virarem grandes filmes. As obras dos angolanos José Eduardo Agualusa, Pepetela, do mocambicano Mia Couto e da sul-africana Nadine Gordimer, entre outros, mostram uma Africa bem mais interessante. Moderna, contraditoria, esperancosa ou triste, mas sempre em movimento. Por que nao leva-la para as telas do cinema?
5 Comentarios:
Fala Mauricio!
Não sei por que eu estava esperando muito mais desse filme. Realmente algo mais próximo do "Jardineiro Fiel". Seu post tirou o meu interesse de vê-lo. :)
Vou tirar onda de ator:
Diamante vale a pena tão somente pelas interpretações. Estão tecnicamente perfeitas.
Salve, Leandro.
Acho que vale a pena ver o filme, pelo menos é uma matinë divertida.
Glauco, meu caro.
Pensei muito em vocë e em nossos amigos atores por causa da riqueza da vida teatral de Buenos Aires. É fora de série.
Gostei bastante do trio de protagonistas do Diamante, aliás de todo o aspecto técnico do filme, minha única bronca é com a visäo que ele apresenta da Àfrica.
Abraços
Sobre "A ciencia política vai ao condomíno" de 2006
Mauricio, esse papo de condominios, sindicos não é bricadeira...edito um jornal para este segmento há 6 anos, escuto todo tipo de coisa diariamente. É uma escola...estava eu aqui buscando algo diferente para colocar no site que estamos fazendo para nossa publicação e encontrei vc...te convido a escrever um artigo a respeito. Vc mesmo disse que "pós-graduação em ciência política tinha que servir para alguma coisa!" Topas?
Olá professor,
Bem, sobre a crítica a visão clichê em narrar realidades da África,concordo plenamente. Triste saber que ainda há essa lacuna cinematográfica por parte dos Ocidentais, mas ainda assim, se olharmos com outros olhos, é possível perceber o que é realmente relevante nestes filmes.
Uma excelente pedida, eu ao menos gostei bastante, é o filme "Abril Sangrento", que narra o genocídeo em Ruanda.Impactante.
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