Eleicoes nos EUA
Aqui vai um link para uma reportagem de hoje no Globo OnLine sobre o impacto das eleicoes norte-americanas na America Latina. Pelo que eh discutido na reportagem, nao importando que ganhe, teremos mais do mesmo, isto eh, apertem os cintos pela milesima vez.
UPDATE: (19/07/2004) -- Decidi reproduzir o artigo inteiro no blog antes que o link perca a validade. Acho que vale a pena.
Analistas: resultado da eleição nos EUA pouco interferirá nos rumos da América Latina
Fernando Moreira - Globo Online
RIO - Uma possível vitória da oposição nas eleições presidenciais de novembro nos Estados Unidos pode não representar a mudança significativa nas relações entre Washington e a América Latina que muitos esperam. Vença o senador John Kerry ou seja George W. Bush reeleito, analistas vêem pouca perspectiva de reaproximação dos EUA com os primos pobres do continente - uma relação preterida pelo interesse do governo Bush na guerra ao terrorismo, desde o primeiro ano de mandato.
Para José de la Torre, especialista em economia internacional e negócios na América Latina da Universidade Internacional da Flórida, os atentados de 11 de Setembro e a quase imediata campanha militar antiterror liderada por Washington relegaram os problemas latino-americanos a um distante segundo plano.
- A administração Bush começou seu mandato com grande expectativa quanto a um aumento do interesse e da atenção dos EUA na região. A própria experiência de Bush no Texas e sua próxima relação com o México foram vistas como indicativos de relações hemisféricas. Entretanto os incidentes do 11 de Setembro e a luta contra o terrorismo relegaram a América Latina a um plano bem distante. Contribuiu para isso o fato de o México e a maior parte dos outros países da região se opuserem à invasão unilateral do Iraque, o que fez com que o governo de Washington desse baixa prioridade a todas as questões referentes à região, como a reforma da imigração. As duas exceções foram a política antidrogas, centralizada na Colômbia, e a política comercial, com a expansão do Nafta (Tratado de Livre Comércio da América do Norte) - afirmou De la Torre.
Já Dain Borges, diretor do Centro de Estudos Latino-americanos da Universidade de Chicago, acredita que o governo Bush, apesar de ser uma "força desestabilizadora", conseguiu intervir sem armas em um momento crucial na região.
- A política externa de Bush tem sido, por um lado, desestabilizadora, tanto por suas indiferenças quanto por suas ações, da política nos países mais frágeis da América Latina. Nesse sentido traz problemas para o Brasil. Mas por outro lado, suponho que os interesses de mercado brasileiros devem agradecer o apoio tardio ao sistema financeiro argentino, que evitou uma falência desestabilizadora do Mercosul e do mercado brasileiro - comentou o historiador e especialista em temas brasileiros.
Entretanto a lacuna que teria sido deixada por Bush na América Latina não seria facilmente preenchida pelo seu adversário democrata na corrida à Casa Branca. O cientista político Emir Sader diz que, apesar de os democratas historicamente fazerem oposição ao conservadorismo republicano, a estratégia de Kerry não tem prezado por uma visão progressista.
- Kerry tem assumido posições mais conservadoras, e isso explica a escolha por John Edwards (candidato a vice), um homem com mais apelo popular. Sua orientação política vem da ala mais direitista do governo Bill Clinton. O candidato democrata vem adotando um discurso mais duro para parecer mais confiável. O governo Bush fragilizou os EUA e um discurso mais duro ainda se faz necessário. Mas, ao mesmo tempo, os democratas precisam adocicar o discurso para salvar votos e fazer com que as camadas mais populares votem, que é a única chance de eles vencerem. Além disso, Kerry é mais protecionista que Bush, o que vai dificultar que a Alca (Área de Livre Comércio das Américas) saia do papel, já que um governo democrata cederia menos terreno para a América Latina - afirmou chefe do Laboratório de Políticas Públicas da Uerj.
O momento eleitoral, as promessas de palanque e os programas políticos devem ser vistos com grande cautela, ressaltam os analistas.
- A plataforma de John Kerry (seu plano para uma Comunidade das Américas) semeia concretamente várias propostas positivas para a América Latina e para o Brasil. Mas é um documento eleitoreiro, voltado principalmente para os interesses mexicanos nos Estados Unidos e as preocupações íntimas do eleitorado de origem mexicana. A parte que mais diretamente tocaria alguns interesses brasileiros, o comércio, é a parte mais ambígua do plano - declarou Borges.
De la Torre também acredita que a campanha democrata está jogando pesado em busca de votos da comunidade latina, mas afirma que uma vitória de Kerry traria benefícios - embora mínimos - para o Brasil e o restante da América Latina:
- Imagino que Kerry vai prometer muitas coisas para a região nos próximos meses. Ele está cortejando o voto da comunidade hispânica nos EUA. Caso vença as eleições, ele poderá se mostrar inicialmente mais receptivo a questões da América Latina. Certamente ele não seria tão focado no Oriente Médio como Bush parece ser. Entretanto, duvido de que isso seria transformado em uma preocupação de longo prazo ou uma grande mudança de recursos para a América Latina. Assim, acredito que a região se beneficiasse mais como uma vitória dos democratas, mas não muito.
Em tom nostálgico, o analista americano que já foi assessor de empresas multinacionais e agências governamentais na América Latina, acrescentou:
- A triste verdade é que nenhum presidente dos EUA ou qualquer administração tem dado muita atenção à América Latina desde John Kennedy e sua Aliança para o Progresso (programa assistencial que teve muitos reflexos no Brasil).
UPDATE: (19/07/2004) -- Decidi reproduzir o artigo inteiro no blog antes que o link perca a validade. Acho que vale a pena.
Analistas: resultado da eleição nos EUA pouco interferirá nos rumos da América Latina
Fernando Moreira - Globo Online
RIO - Uma possível vitória da oposição nas eleições presidenciais de novembro nos Estados Unidos pode não representar a mudança significativa nas relações entre Washington e a América Latina que muitos esperam. Vença o senador John Kerry ou seja George W. Bush reeleito, analistas vêem pouca perspectiva de reaproximação dos EUA com os primos pobres do continente - uma relação preterida pelo interesse do governo Bush na guerra ao terrorismo, desde o primeiro ano de mandato.
Para José de la Torre, especialista em economia internacional e negócios na América Latina da Universidade Internacional da Flórida, os atentados de 11 de Setembro e a quase imediata campanha militar antiterror liderada por Washington relegaram os problemas latino-americanos a um distante segundo plano.
- A administração Bush começou seu mandato com grande expectativa quanto a um aumento do interesse e da atenção dos EUA na região. A própria experiência de Bush no Texas e sua próxima relação com o México foram vistas como indicativos de relações hemisféricas. Entretanto os incidentes do 11 de Setembro e a luta contra o terrorismo relegaram a América Latina a um plano bem distante. Contribuiu para isso o fato de o México e a maior parte dos outros países da região se opuserem à invasão unilateral do Iraque, o que fez com que o governo de Washington desse baixa prioridade a todas as questões referentes à região, como a reforma da imigração. As duas exceções foram a política antidrogas, centralizada na Colômbia, e a política comercial, com a expansão do Nafta (Tratado de Livre Comércio da América do Norte) - afirmou De la Torre.
Já Dain Borges, diretor do Centro de Estudos Latino-americanos da Universidade de Chicago, acredita que o governo Bush, apesar de ser uma "força desestabilizadora", conseguiu intervir sem armas em um momento crucial na região.
- A política externa de Bush tem sido, por um lado, desestabilizadora, tanto por suas indiferenças quanto por suas ações, da política nos países mais frágeis da América Latina. Nesse sentido traz problemas para o Brasil. Mas por outro lado, suponho que os interesses de mercado brasileiros devem agradecer o apoio tardio ao sistema financeiro argentino, que evitou uma falência desestabilizadora do Mercosul e do mercado brasileiro - comentou o historiador e especialista em temas brasileiros.
Entretanto a lacuna que teria sido deixada por Bush na América Latina não seria facilmente preenchida pelo seu adversário democrata na corrida à Casa Branca. O cientista político Emir Sader diz que, apesar de os democratas historicamente fazerem oposição ao conservadorismo republicano, a estratégia de Kerry não tem prezado por uma visão progressista.
- Kerry tem assumido posições mais conservadoras, e isso explica a escolha por John Edwards (candidato a vice), um homem com mais apelo popular. Sua orientação política vem da ala mais direitista do governo Bill Clinton. O candidato democrata vem adotando um discurso mais duro para parecer mais confiável. O governo Bush fragilizou os EUA e um discurso mais duro ainda se faz necessário. Mas, ao mesmo tempo, os democratas precisam adocicar o discurso para salvar votos e fazer com que as camadas mais populares votem, que é a única chance de eles vencerem. Além disso, Kerry é mais protecionista que Bush, o que vai dificultar que a Alca (Área de Livre Comércio das Américas) saia do papel, já que um governo democrata cederia menos terreno para a América Latina - afirmou chefe do Laboratório de Políticas Públicas da Uerj.
O momento eleitoral, as promessas de palanque e os programas políticos devem ser vistos com grande cautela, ressaltam os analistas.
- A plataforma de John Kerry (seu plano para uma Comunidade das Américas) semeia concretamente várias propostas positivas para a América Latina e para o Brasil. Mas é um documento eleitoreiro, voltado principalmente para os interesses mexicanos nos Estados Unidos e as preocupações íntimas do eleitorado de origem mexicana. A parte que mais diretamente tocaria alguns interesses brasileiros, o comércio, é a parte mais ambígua do plano - declarou Borges.
De la Torre também acredita que a campanha democrata está jogando pesado em busca de votos da comunidade latina, mas afirma que uma vitória de Kerry traria benefícios - embora mínimos - para o Brasil e o restante da América Latina:
- Imagino que Kerry vai prometer muitas coisas para a região nos próximos meses. Ele está cortejando o voto da comunidade hispânica nos EUA. Caso vença as eleições, ele poderá se mostrar inicialmente mais receptivo a questões da América Latina. Certamente ele não seria tão focado no Oriente Médio como Bush parece ser. Entretanto, duvido de que isso seria transformado em uma preocupação de longo prazo ou uma grande mudança de recursos para a América Latina. Assim, acredito que a região se beneficiasse mais como uma vitória dos democratas, mas não muito.
Em tom nostálgico, o analista americano que já foi assessor de empresas multinacionais e agências governamentais na América Latina, acrescentou:
- A triste verdade é que nenhum presidente dos EUA ou qualquer administração tem dado muita atenção à América Latina desde John Kennedy e sua Aliança para o Progresso (programa assistencial que teve muitos reflexos no Brasil).
1 Comentarios:
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