Diário Mendoncino
Recepçäo do albergue:
-Ah, logo vi que vocë é cientista político. Só falta a boina do Che Guevara. Tenho outros amigos assim, vocës säo todos iguais.
- Obrigado.
(Tomei como elogio, mas a bem da verdade o tom dava margem a muitas dúvidas)
***
Sala de estar do albergue:
- Porque existem pessoas boas e más em todos os países...
- Sim, é claro.
- ... com exceçäo do Chile e da Inglaterra. Deixe eu te contar o que deveria ser feito para resolver o problema deles.
(Seguiu discurso de vários minutos, envolvendo expressöes como "bombas atömicas", "dinamite" e "concreto").
***
Restaurante na rua Sarmiento:
- Oi, que língua vocës falam? - quis saber a garotinha
- Portuguës, nós somos do Brasil.
- Ah, eu achei que era inglës, que estudo no colégio, mas parecia um inglës muito ruim.
- De repente vocë vai estudar portuguës mais tarde, na escola secundária.
- Quantos anos vocë tem? - quis saber o irmäo.
- Vinte e oito... ei, parceiro, näo adianta fazer essa cara. Parece impossível, mas um dia vocë também vai ter 28.
- Eu tenho oito.
- Sete - corrigiu a irmä
***
Grafite num banheiro de bar na estrada que liga Mendoza a Santiago do Chile:
"Os chilenos säo [******]". Absolutamente impublicável.
***
- Para que diabos a gente precisa dessa fita laranja no pulso?
- O cara do albergue disse que é por razöes de segurança.
- Mas näo vejo ninguém mais usando. Me sinto uma criança retardada com isso, como se alguém fosse me encontrar na rua e ligar para o telefone da pulseira, para me devolver a meus pais.
***
Guia na cordilheira dos Andes:
- Naquela montanha o exército argentino entrou para o livro dos recordes ao dar o mais alto tiro de artilharia do mundo. Ninguèm sabe onde caiu o disparo, mas eles atiraram naquela direçäo (aponta para o Chile).
***
- Acho que estou ficando velho para me hospedar em albergues. Todo esse barulho, axé music em espanhol...
- Sei o que vocë quer dizer. Tem muito maconheiro por aqui e todos estäo de olho nas minhas bermudas. É melhor a gente se mudar para um hostal que tenha armários com trancas.
***
- Fazemos um revezamento. Um ano vamos ao sul, e no outro escolhemos outro lugar na Argentina.
- É um país lindo, há vários lugares que quero conhecer.
- Quando vocë volta?
- Talvez em 2008. Quero ir a Salta, Jujuy, e pegar o Trem das Nuvens para a Bolívia.
-Ah, logo vi que vocë é cientista político. Só falta a boina do Che Guevara. Tenho outros amigos assim, vocës säo todos iguais.
- Obrigado.
(Tomei como elogio, mas a bem da verdade o tom dava margem a muitas dúvidas)
***
Sala de estar do albergue:
- Porque existem pessoas boas e más em todos os países...
- Sim, é claro.
- ... com exceçäo do Chile e da Inglaterra. Deixe eu te contar o que deveria ser feito para resolver o problema deles.
(Seguiu discurso de vários minutos, envolvendo expressöes como "bombas atömicas", "dinamite" e "concreto").
***
Restaurante na rua Sarmiento:
- Oi, que língua vocës falam? - quis saber a garotinha
- Portuguës, nós somos do Brasil.
- Ah, eu achei que era inglës, que estudo no colégio, mas parecia um inglës muito ruim.
- De repente vocë vai estudar portuguës mais tarde, na escola secundária.
- Quantos anos vocë tem? - quis saber o irmäo.
- Vinte e oito... ei, parceiro, näo adianta fazer essa cara. Parece impossível, mas um dia vocë também vai ter 28.
- Eu tenho oito.
- Sete - corrigiu a irmä
***
Grafite num banheiro de bar na estrada que liga Mendoza a Santiago do Chile:
"Os chilenos säo [******]". Absolutamente impublicável.
***
- Para que diabos a gente precisa dessa fita laranja no pulso?
- O cara do albergue disse que é por razöes de segurança.
- Mas näo vejo ninguém mais usando. Me sinto uma criança retardada com isso, como se alguém fosse me encontrar na rua e ligar para o telefone da pulseira, para me devolver a meus pais.
***
Guia na cordilheira dos Andes:
- Naquela montanha o exército argentino entrou para o livro dos recordes ao dar o mais alto tiro de artilharia do mundo. Ninguèm sabe onde caiu o disparo, mas eles atiraram naquela direçäo (aponta para o Chile).
***
- Acho que estou ficando velho para me hospedar em albergues. Todo esse barulho, axé music em espanhol...
- Sei o que vocë quer dizer. Tem muito maconheiro por aqui e todos estäo de olho nas minhas bermudas. É melhor a gente se mudar para um hostal que tenha armários com trancas.
***
- Fazemos um revezamento. Um ano vamos ao sul, e no outro escolhemos outro lugar na Argentina.
- É um país lindo, há vários lugares que quero conhecer.
- Quando vocë volta?
- Talvez em 2008. Quero ir a Salta, Jujuy, e pegar o Trem das Nuvens para a Bolívia.
4 Comentarios:
Maurício, realmente me diverti muito com o artigo ao confirmar as minhas sensaçöes sobre os mendocinos!
Minha mäe, meus avós e a maioria da minha família säo de Mendoza (fundamentalmente San Martín, 50 km ao leste da capital). Meu avó tem uma ava chilena e um bisavó inglês que ele quere muito, mas é o mais anglófobo e chilenófobo que há! Os mendocinos vivem vendo aos chilenos como expansionistas e têm muito ódio a eles, mas há algo curioso que me faz lembrar á psicologia. Muitas vezes, o odiado é admirado ao mesmo tempo, e os mendocinos muitas vezes dizem "No Chile a situaçäo econômica e muito böa" ou "säo mais ordenados e mais honestos que os argentinos" ou coisas assim.
Respeito ao mcartismo, já te contei sobre o meu zio, que pensa que todos os desaparecidos e detenidos durante a ditadura "algo habrán hecho", pensamento que algúns outros também compartem.
Espero que siga gostando da Argentina e, quando goste, recorremos San Isidro!
Abraços!
Hola, mi caro.
Lembro que vocë comentou sobre as origens da sua família e a regiäo é realmente belíssima. Me surpreendeu a intensidade do sentimento anti-Chile, pensei que isso fosse coisa do passado, até porque há muitos turistas chilenos em Mendoza.
Agora estou em Bariloche, e adorando a cidade. Volto a Buenos Aires na quinta-feira e ainda teremos tempo para nosso passeio em San Isidro, antes do meu retorno ao Brasil no dia 28.
Abraços
Pô, se forem bombardear a Inglaterra, pede pra eles avisarem pros brasileiros inocentes poderem se refugiar no continente. ;)
Querida Nica,
don´t worry. Do jeito que odeiam os chilenos, certamente a coisa comecaçará por lá. Se vocë vir uma nuvem em forma de cogumelo em cima de Santiago, pegue o primeiro vöo para fora da Inglaterra.
Beijos
Postar um comentário
<< Home