quinta-feira, setembro 29, 2005

Pelo Sim ao Desarmamento


Em 23 de outubro teremos o referendo sobre o Estatuto do Desarmamento. Quem votar pelo “sim” optará pela probição da venda de armas e munições em nosso país. Estou em campanha por essa escolha – acredito que é uma excelente oportunidade para diminuir a violência. Nem sempre pensei assim. No início, era contrário ao Estatuto, por achar que ele não resolveria o essencial - a posse de armas ilegais pelos criminosos.

O que me fez mudar de idéia foi a descoberta das estatísticas sobre homicídios no Brasil. A maior parte das mortes por amas de fogo em nosso país não ocorre pela ação de traficantes ou ladrões. Segundo o Núcleo de Estudos da Violência da USP, 90% acontecem por motivos fúteis (brigas de bar, de vizinhos, de trânsito) ou então em crimes passionais, principalmente de homens contra mulheres.

O Estatuto terá um impacto sobre as armas ilegais em posse dos criminosos? Talvez. Creio que sim, porque dificultará o acesso à munição, que precisará ser obtida por vias clandestinas, o que sempre eleva seu custo. Além disso, a lei cria instrumentos que facilitam a ação policial, como tornar o porte ilegal um crime inafiançável.

O texto do Estatuto está disponível no ótimo site sobre desarmamento montado pelo Senado. A lei é pequena, uma leitura atenta toma pouco minutos. O Brasil é pioneiro ao decidir o posse de armas por referendo e provavelmente a experiência terá amplo impacto internacional, sobretudo na América Latina.

quarta-feira, setembro 28, 2005

À Espera no Centeio



Façamos uma pausa no cinema e nos voltemos para a literatura. Navegando pela blogosfera descobri um simpático sítio português, o Leitura Partilhada, que tem a seguinte proposta: "Ler uma determinada obra literária em simultâneo, parando entre capítulos para discussão da leitura. Aceita o convite?"

Em outubro, o livro que será discutido é a obra que nossos irmãos d´além mar chamam de "À Espera no Centeio" e que nós brasileiros conhecemos por "O Apanhador no Campo de Centeio", (The Catcher in the Rye) verdadeira jóia literária de autoria de J.D. Salinger. A proposta também é debater os "Nove Contos", do mesmo autor.

É, em suma, a recriação dos grupos de leitura no ambiente virtual. Participarei com muito prazer. Queria mesmo reler o Salinger, que adoro, e ainda é uma bela maneira de explorar um pouco as possibilidades culturais que a blogosfera nos oferece. O convite está aberto a todos vocês.

terça-feira, setembro 27, 2005

Apertando a Mão do Diabo



Outro ótimo filme a que assisti no Festival do Rio foi "Apertando a Mão do Diabo", de Peter Raymont. É um documentário sobre o general canadense Romeo Dallaire, que comandou as tropas da ONU em Ruanda, durante o genocídio que quase destruiu o país em 1994.

Dallaire estava numa missão para monitorar o cessar-fogo estabelecido entre tutsis e hutus nos acordos de paz de Arusha. Quando o genocídio começou, ele pediu tropas e autorização para usar a força e deter os massacres. A ONU recusou. Pior ainda: a Bélgica retirou seus soldados, o maior contingente da missão, após a morte de alguns deles numa emboscada.

O general Dallaire decidiu permanecer e fez o possível para agir numa situação extrema, com pouquíssimos recursos. É provável que ele tenha salvo milhares de vida, num comportamento que só pode ser qualificado de heróico. Mas ninguém cumprimenta o diabo impunemente: Dallaire quase enloqueceu. Voltou para o Canadá com depressão profunda, síndrome de estresse pós-traumático. Tentou o suicídio. Mas se recupera: aconselha ministros, dá palestras em universidades e fundou até uma ONG para ajudar crianças em Ruanda.

O filme acompanha sua primeira visita a Ruanda, dez anos depois do genocídio. É a jornada de um homem que enfrenta os fantasmas do passado e também a história de um país que tenta se reconstruir após sua quase auto-destruição. Apesar de tudo, dá um certo otimismo ver as crianças brincando em meio às paisagens deslumbrantes de Ruanda.

O diretor Peter Raymont esteve na sessão a que assisti e debateu o filme com a platéia. Um espectador perguntou se ele acreditava que outro genocídio poderia ocorrer em Ruanda. Ele chamou a atenção para um genocídio em curso: Darfur, no Sudão. Daqui a alguns anos talvez se façam filmes sobre ele.

segunda-feira, setembro 26, 2005

Em Minha Terra


O melhor filme que vi até agora no Festival do Rio foi “Em Minha Terra” (Country of My Skull), uma co-produção entre África do Sul, Reino Unido e Irlanda. Elenco internacional, com o diretor John Boorman (O Alfaiate do Panamá, Esperança e Glória) e os atores Samuel L. Jackson e Juliette Binoche. Eles interpretam dois jornalistas que cobrem a Comissão para a Verdade e Reconciliação na África do Sul, na qual os acusados de violar os direitos humanos na época do apartheid ganhavam anistia, contando que confessassem seus crimes e encarassem suas vítimas, olho no olho.

O personagem de Jackson é um jornalista americano que acha a Comissão mero paliativo, ele quer os criminosos do apartheid na cadeia. Binoche interpreta uma poeta e jornalista sul-africana. Opositora do racismo mas pertecente à elite branca do país, defende a necessidade de entender e perdoar o que aconteceu, para seguir adiante com uma nova África do Sul. Ela prega o ubuntu, a crença tradicional africana na justiça como solidariedade e não como vingança.

O conflito inicial dos dois jornalistas se transforma numa sólida amizade e na tentativa – por vezes falha – de compreender os motivos do outro e enfrentar as feridas de um passado doloroso, que talvez não possam ser fechadas. O filme é também um hino à capacidade humana de superar as barreiras raciais, culturais e políticas. Uma das cenas mais bonitas é simplesmente uma xícara de café na biblioteca, em meio a uma conversa sobre poesia.

Me pareceu que o público-alvo é o ocidental, do EUA e da Europa, portanto há o esforço de traçar comparações com o Holocausto. Para nós, latino-americanos, os crimes do apartheid soam muito próximos, semelhantes aos das ditaduras militares. Muitos dos relatos de torturas poderiam ter acontecido no Brasil ou na Argentina.

Mas não tivemos ubuntu. Quando falei a meus alunos sobre a Comissão para a Verdade e Reconciliação, eles ficaram confusos. Como assim, ninguém é preso? Basta confessar? A vida é mais complicada do que isso e o desenrolar do filme deixa claro que há limites ao que se consegue perdoar. Ainda assim, defrontar-se com a verdade é sempre um processo saudável para um país, e uma condição sine qua non para a justiça.

sábado, setembro 24, 2005

Fi-lo Porque Qui-lo


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Decidi parar de ver "América". A próxima semana será minha última como espectador do folhetim de Glória Perez. Tenho dez boas razões para isso:

1- Vai começar a novela do Mario Prata, que parece ser bem mais interessante e não conseguiria acompanhar as duas ao mesmo tempo.
2- Preciso de tempo para ler uma biografia de Jung e tratados filosóficos de Schopenhauer e Nietzsche
3- Glória Perez está destruindo meus neurônios. Outro dia tive dificuldade de distinguir entre esquerda e direita. Falo de localização espacial, claro. No que toca à classificação política, minha capacidade de distinção já foi para o ralo há muito.
4- Eri Johnson
5- Murilo Benício
6- Victor Fasano.
7- Repetidas agressões a comunidades sociais que estimo, como o México e o bairro carioca de Vila Isabel.
8- A sabedoria de biscoito da sorte do Jatobá.
9- Os flashbacks do romance entre os personagens de Francisco Cuoco e Eva Todor
10 -Uma canção feita em homenagem a Che Guevara ser usada como trilha sonora de uma novela que faz apologia dos EUA. Aliás, "América" é um continente, não um país, embora o Partido Republicano possa pensar o contrário.

Estas disposições entram em vigor no dia 3 de outubro. Até lá estarei no Festival do Rio, vendo todos os filmes da África e da América Latina que eu puder. Ah, agora temos pesquisa de opinião no blog. Confiram ao lado!

quinta-feira, setembro 22, 2005

Fogo Amigo


Além dos problemas com a Argentina, o Brasil agora precisa se preocupar também com o Paraguai. Nosso parceiro no Mercosul assinou um acordo com os EUA, autorizando a permanência de tropas americanas no país por 18 meses. Especula-se que os Estados Unidos queiram construir uma base militar no Paraguai, numa posição estratégica próxima à Tríplice Fronteira e às reservas de gás natural da Bolívia.

O acordo para a vinda dos soldados americanos foi selado em agosto, quando o secretário de Defesa Donald Rumsfeld visitou Assunção. Aparentemente, a barganha envolve um acordo de comércio entre EUA e Paraguai, o que provoca calafrios no Itamaraty num contexto em que os países do Mercosul negociam em bloco a Alca.

A chanceler paraguaia, Leila Rachid (a senhora da foto) nega tudo. O brasileiro, Celso Amorim, dá o recado de que não gostou nada da história. O próprio Congresso ficou desconfiado e convocou o ministro para prestar esclarecimentos. O parlamento brasileiro participa pouco da formulação da política externa - na minha avaliação, está agindo por pressão das Forças Armadas, preocupadas com as atitudes dos EUA na América do Sul.

O Paraguai depende do Brasil em vários campos, do fornecimento de energia elétrica à economia. Imagino que o Itamaraty irá negociar algum tipo de ajuda financeira ao governo de Assunção, mas não sei como ficará a questão dos militares americanos. Em algumas semanas irei a um congresso de Estudos Estratégicos, na Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, e espero que a questão seja discutida por lá.

quarta-feira, setembro 21, 2005

Os Sertões



Acabou. Severino Cavalcanti renunciou à presidência da Câmara dos Deputados e o Brasil ficou um pouco melhor. Sai da ribalta um dos políticos mais execráveis que o país teve recentemente, a encarnação do clientelismo e do nepotismo.

Mas seria errado dizer que ele representa o atraso, os grotões do Brasil. Os sertões deste país estão por toda parte. Quem ouviu ontem as gravações do ex-prefeito de São Paulo, locomotiva do Sul Maravilha? Maluf deu uma aula de coronelismo. Perto dele, seu colega de partido Severino é um amador deslumbrado.

Ironia da História que o auge da carreira de Severino fosse seu apoio a Lula para tentar abafar as investigações sobre a corrupção no governo. Ao menos Severino pode alegar que não foi ele quem mudou de lado.

E as eleições no PT? Apenas 1/3 dos militantes votaram, houve denúncias de fraude e compra de eleitores. O candidato do Campo Majoritário, Ricardo Berzoini, venceu o primeiro turno com mais de 40% da preferência dos petistas. Ou seja, aprovação da linha seguida pela atual direção e pelo governo Lula.

OK, sua votação representa apenas cabalísticos 13% dos filiados do PT. Mas a própria apatia da militância diz muito. Conheço vários que disseram que esta é a última vez que participam de uma eleição do partido. Razões para o apoio a Berzoini? Podem ser muitas. Funcionários do partido com medo de perder os cargos com uma eventual mudança do comando. Ativistas que, embora críticos dos erros, defendem a estratégia das alianças vitoriosas que levaram o PT à presidência.

Alguém ainda acredita em Lula? A Velhinha de Taubaté morreu, mas o músico Wagner Tiso assumiu seu posto.

terça-feira, setembro 20, 2005

Impasse na Alemanha


Há poucos precedentes para o impasse nas eleições alemães. Os dois principais partidos do país, a coligação CDU-CDS (democratas-cristãos, conservadores) e o SPD (social-democrata) chegaram praticamente empatados, em torno de 35% dos votos. Liberais, verdes e socialistas, os outros grandes partidos, conseguiram entre 10% e 8%. Mais de 13 milhões de pessoas simplesmente não votaram. O resultado é uma tremenda queda de braço política, porque são necessários 50% + 1 dos votos do parlamento para escolher o novo primeiro-ministro do país.

O cerne do impasse é a dificuldade de conciliar o Estado de Bem Estar Social da Alemanha com o modelo econômico da competição globalizada. O crescimento do PIB alemão tem sido pífio há vários anos, o desemprego é alto e há grandes setores da população marginalizados e céticos quanto à mudanças, sobretudo no leste empobrecido. Dados os fantasmas que rondam a história germânica, a tensão social está sempre presente.

Os sociais-democratas não diferiram muito dos democratas-cristãos no poder, adotando uma série de políticas liberais e de restrição dos benefícios sociais. Por isso muitos dissidentes do SPD se juntaram ao novo Partido de Esquerda, que dobrou o número de votos. As pesquisas apontavam uma vitória fácil da CDU-CDS, que foi pelo ralo quando a líder da coligação, Angela Merkel, começou a falar em aumento de impostos para a classe média e medidas que privilegiavam os ricos - como a equalização do imposto de renda em 25%. Aliás, menos do que pago no Brasil.

Conheço muitos alemães interessados na América Latina que costumam dizer que seu país está cada vez mais parecido com nosso continente. Exagero, sem dúvida, mas as semelhanças surgem na dificuldade de formular alternativas à lógica da economia global. Não sei como a Alemanha resolverá seu impasse. Os jornais falam sobre a frustração alemã com política e reformas e na possibilidade de uma coligação entre CDU-CDS e SPD, algo que só ocorreu uma vez na história do país. Também existe a chance de Schröeder, o atual premiê social-democrata, costurar um acordo por baixo do pano e conseguir se reeleger.

De todo modo, com alianças tão frágeis será muito difícil implantar qualquer mudança significativa no modelo social alemão. O paralelo é forte com a França, em que a mesma questão foi colocada em destaque pelo "não" ao Tratado Constitucional Europeu e onde ascende o político liberal Nicolas Sarkozy como a nova liderança nacional. Ele chegou a dar os parabéns a Angela Merkel por sua vitória, mas o resultado inconclusivo não o beneficia. Como as eleições presidenciais francesas são no próximo ano, o cenário deve ser semelhante ao vizinho além-Reno.

sexta-feira, setembro 16, 2005

O Estilo K e a Diplomacia Argentina


Passei a tarde de sexta no Iuperj, assistindo à palestra do cientista político argentino Roberto Russel, que leciona na Universidade Torcuato di Tella e na academia diplomática de seu país. Ele lançou em 2004 um ótimo livro, "El Lugar de Brasil en la Política Exterior Argentina" e falou sobre o tema de modo provocador e interessante.

Russel afirma que Brasil e Argentina deixaram de ser rivais, mas não conseguem se tornar amigos. A política externa de Kirchner seria a tentativa de conter o projeto de liderança brasileiro na América Latina através da aproximação Argentina/Chile/México.

É um movimento bastante incomum na diplomacia argentina, que quase foi à guerra com o Chile por disputas territoriais. Russel se declarou contrário a essa abordagem e defendeu um enfoque mais cooperativo, mas ao mesmo tempo repudiou a política externa brasileira: "O único lugar onde se escuta sobre a ´liderança natural brasileira na América do Sul´ é no Brasil."

Também destacou o quanto os hispano-americanos, ao menos no Cone Sul, olham com desdém para o péssimo quadro brasileiro em direitos humanos e temas sociais, área em que argentinos, chilenos e uruguaios estão bem à frente. Meus alunos costumam reclamar quando comento sobre isso, mas é a percepção que se tem na hispano-américa, mesmo em países mais pobres, como os andinos.

O debate reuniu alunos e professores do Iuperj, da PUC e da UFRJ e todos criticamos as decisões recentes do Itamaraty, em particular a prioridade concedida à campanha pela vaga no Conselho de Segurança da ONU, em detrimento da integração regional, que deveria ser o ponto mais importante da agenda diplomática brasileira.

Russel falou sobre o presidente Kirchner, mas neste ponto prefiro recomendar o ótimo artigo "O Estilo K e a Política Argentina", escrito pela correspondente do Globo em Buenos Aires, Janaína Figueiredo.

Ela analisa como Kirchner tem mantido políticas erráticas, centralizando excessivamente o poder. No fundo, é um cacique peronista vindo de uma provincia marginal, de apenas 200 mil habitantes, e tem dificuldades em lidar com as grandes questões nacionais. Ainda assim, tem resultados concretos a apresentar: renegociação da dívida externa em termos favoráveis; julgamento de crimes da ditadura militar; reforma da corrupta Suprema Corte.

Para fechar este post argentino, recomendo o filme "Memória do Saqueio", de Fernando Solanas, que acaba de entrar em cartaz. É um documentário sobre a crise argentina de 2001, assisti a ele em Buenos Aires e me impressionou bastante.

Brazil Will Riiiise!!


Ser cientista político no Brasil é padecer no paraíso. O sujeito liga a TV à noite para acompanhar sua novela favorita (qualquer dia escrevo sobre a deportação da Sol) e dá de cara com Caetano Veloso defendendo o que chama de "aventureiro do bem" à presidência da República: Mangabeira Unger. Quer dizer, agora é só Mangabeira, porque os marketeiros acharam que o sobrenome paterno era americanizado demais. Na realidade é alemão, mas tudo bem.

Para quem não ligou o nome à pessoa, Mangabeira é um professor de filosofia do Direito em Harvard, muito respeitado nos meios acadêmicos. Ele é neto de Octavio Mangabeira, que foi um político importante nos anos 40 e 50. Mas o candidato morou quase a vida toda nos EUA e fala português com um sotaque gringo atroz, digno dos episódios de Fucker & Sucker. Já tentou se eleger deputado e prefeito de São Paulo. A votação não dava nem para vereador.

No entanto, falar português corretamente não é pré-requisito para ascender à elite política brasileira, como sabe qualquer um que assista aos depoimentos de parlamentares e dirigentes partidários nas CPIs. Suponho que isso tenha animado o professor Unger (perdão, Mangabeira) a tentar a presidência.

Ele havia sido por um curto tempo coordenador da campanha de Ciro Gomes, em 2002, mas desistiu. Agora se filiou a um certo Partido Humanista da Solidariedade e vem com um discurso messiânico, falando de revolução e de enfrentar os EUA. Naturalmente, é o líder esclarecido que irá nos retirar da caverna de Platão. Assisiti a uma palestra de Mangabeira no Iuperj, há dois anos. O tema era "pensamento social brasileiro" e ele conseguiu a proeza de falar por duas horas sem citar nenhum autor brasileiro. Aliás, pelo que me lembro só citou a si próprio. Deus nos proteja dos filósofos e teóricos políticos. OK, dos cientistas políticos também.

O melhor momento do programa de ontem foi a cena final, na qual o professor encara a platéia e brada num tom que faria inveja a Glauber Rocha e a dom Sebastião: "O Brasil se levantará!"

Como assim? É por que o país está "deitado eternamente em berço esplêndido", como no hino? Ou será que o professor Unger pensa em inglês? Brazil will Rise faz sentido. Os marketeiros podem adotar como lema (ooops, slogan) da campanha: "Chega de intermediários". Com sorte, o candidato descola até uma pontinha em "América". Ele poderia ser o chefe do Ed na universidade, que o ajudaria a entender a alma tropical da Sol. Estou emocionado só de imaginar as cenas.

quarta-feira, setembro 14, 2005

Um Debate Sobre Ajuda à África


O economista queniano James Shikwati é um dos principais defensores do fim da ajuda oficial ao desenvolvimento (AOD) à África, sob a justificativa de que ela só reforça a dependência e é desviada por elites corruptas. Uma aluna me perguntou o que eu achava da opinião e respondi que ela tinha muito de verdadeira, com a ressalva de que o mais importante é a mudança nas regras do comércio internacional. Se os países ricos abrissem seus mercados aos produtos agrícolas africanos, o impacto seria muito mais benéfico do que o aumento da AOD.

Apesar disso, existem várias razões pelas quais a AOD é necessária para África, principalmente para combater a disseminação de doenças (AIDS, malária, tuberculose) e melhorar a infra-estrutura de energia e transporte. Os países africanos não têm recursos para lidar com esses problemas e resolvê-los é vital para aumentar a produtividade agrícola e salvar vidas.

O economista Jeffrey Sachs (foto) foi nomeado recentemente para coordenar o projeto das Metas do Milênio da ONU. Suas discussões estão no centro da cúpula que começou nesta quarta e Sachs deu uma ótima palestra no Conselho das Relações Exteriores dos EUA discutindo como diminuir a pobreza global.

Ele defende a AOD e não toca no tema do comércio, embora trate da necessidade de quebra de patentes em remédios e insumos agrícolas. O que achei mais curioso foi o ódio – não há outro termo para descrever – que muitos americanos têm à ajuda humanitária. Sachs comentou que recebe muitos e-mails com ofensas e agressões e até alguns dos participantes do debate o atacam de maneira um tanto virulenta.

Há diversos acordos na ONU que estabelecem que os países ricos alocarão 0,7% do PIB para AOD, mas só os nórdicos e a Holanda cumprem essa meta. Os EUA se limitam a 0,16% e ainda impõem condições que são fruto das pressões da direita religiosa, como enviar recursos apenas para programas anti-AIDS que promovam a abstinência sexual.

terça-feira, setembro 13, 2005

O Homem Deles em Washington


Semanas atrás descobri por acaso um sebo que recebeu parte da biblioteca de um ex-chanceler brasileiro. Isso significa bons livros sobre relações internacionais, incluindo obras importadas, a um preço acessível. Comprei “In Confidence”, as memórias de Anatoly Dobrynin. O autor é um diplomata soviético que serviu como embaixador de seu país junto aos EUA de 1962 a 1986.

A longevidade num cargo tão importante é raríssima e o motivo principal para ela foi a relação de confiança que Dobrynin construiu com os presidentes americanos, de Kennedy a Reagan, atuando com freqüência como um “canal confidencial” que levava mensagens diretamente da Casa Branca ao Kremlin, ajudando a diminuir as tensões mesmo nos momentos de crise mais aguda.

Para quem gosta da história da Guerra Fria, “In Confidence” é um banquete que serve como pratos principais os relatos dos bastidores da crise dos mísseis cubanos, das disputas por Belim, das cúpulas EUA-URSS, das negociações para o controle de armamentos, dos atoleiros dos americanos no Vietnã e dos soviéticos no Afeganistão e os conflitos domésticos como o Watergate e as reformas de Gorbachev.

O fio condutor das memórias de Dobrynin é a ascensão e queda da détente, o relaxamento de tensões entre EUA e URSS nos anos 70, que teve o apogeu no governo Nixon. Uma tarefa diplomática difícil e fascinante: como regular a convivência de duas superpotências hostis, com interesses espalhados por todo o planeta?

No relato de Dobrynin, alguns presidentes e diplomatas aparecem como grandes líderes (Kennedy, Nixon, Kissinger e em certa medida Brezhnev e Gromyko), outros como fiascos (Kruschev, Ford, Carter, Gorbachev). Reagan é um caso à parte e parece ser o político que mais intrigou o embaixador, confundido entre sua retórica maniqueísta e suas espantosas habilidades de negociação e articulação. Dobrynin é um analista de primeira categoria. Aprendi muito sobre as disputas dentro do Kremlin e sobre a política externa da URSS, inclusive em regiões como o Oriente Médio e a Ásia Central.

O livro foi lançado em meados dos anos 90. À luz do mundo pós-11 de setembro, é perturbador ver as primeiras aparições dos políticos que hoje têm os cargos de liderança no governo Bush. Eles surgem em cena há 30 anos, como opositores da détente e dos acordos de desarmamento e defensores de uma “guerra contra o comunismo” que em tudo prenuncia a atual “guerra contra o terror”.

segunda-feira, setembro 12, 2005

Pela Virgem de Guadalupe!


Glória Perez provocou uma crise diplomática entre Brasil e México - como aliás, cansamos de avisar que fatalmente aconteceria. O país de Octavio Paz passou a exigir vistos dos brasileiros, porque nossos compatriotas estão usando o território mexicano como trampolim para entrar ilegalmente nos EUA. Isso levou o governo americano a pressionar as autoridades mexicanas para tentar diminuir o fluxo de seguidores da Sol.

O Brasil reagiu adotando a reciprocidade, ou seja, os mexicanos agora também precisam de visto para entrar em nosso país. Será que estão tentando atravessar ilegalmente a fronteira para o Paraguai e a Bolívia? Aguardo os esclarecimentos das autoridades brasileiras.

Também espero a qualquer momento um pronunciamiento das Forças Armadas do México a respeito da pensão dos mexicanos de América. Dona Consuelo que se cuide, qualquer dia acorda com uma divisão blindada batendo à porta. E os zapatistas, não farão nada para a defender a dignidade ultrajada do povo?

sexta-feira, setembro 09, 2005

ONU na Berlinda


No próximo dia 14 começa a Cúpula Mundial da ONU que discutirá a proposta de reforma da instiuição apresentada pelo secretário-geral Kofi Annan. As perspectivas são ruins e o encontro corre o risco de ser um fracasso completo.

Bush aproveitou o recesso do Congresso dos EUA para nomear John Bolton como embaixador nas Nações Unidas. A escolha provocou protestos, pois se trata de um crítico feroz dos acordos de desarmamento e da própria ONU. Bolton propôs de última hora 750 emendas ao documento que será apresentado como resultado da Cúpula, retirando as menções aos temas sociais, como as Metas do Milênio, e focando no combate ao terrorismo.

Para piorar, Annan está com a credibilidade na lama depois da corrupção no programa petróleo por comida, que envolveu seu próprio filho. O escândalo reforçou as posições da direita americana, que ataca a ONU como uma instituição burocrática e ineficaz.

E o Brasil? Na segunda-feira assisti a uma palestra do embaixador Antônio Patriota, o número 3 na hierarquia do Itamaraty e autor de um excelente livro sobre o Conselho de Segurança. Patriota defendeu a versão oficial de que a entrada brasileira no CS é certa, mas ao mesmo tempo admitiu que EUA e China vetarão novos membros. Na verdade, nem a União Africana apóia a iniciativa brasileira.

Tremenda derrota, ainda mais à luz dos métodos torpes usados pelo Brasil para tentar ganhar apoio das grandes potências.

quinta-feira, setembro 08, 2005

Índia: uma civilização ferida?


Nas últimas semanas li bastante sobre China e Índia, em função das aulas que estou dando no Curso Clio. A Índia me parece mais complexa.A elite política chinesa quer modernizar o país e manter seu controle sobre a população: são objetivos fáceis de se compreender e não tão diferentes daqueles buscados, por exemplo, pela ditadura militar brasileira

É claro que os líderes indianos querem o crescimento da economia, mas não sei se “modernização” é o termo adequado para se descrever sua estratégia, que com freqüência mergulha no reforço das tradições nacionais para mobilizar o apoio político dos eleitores - afinal, é uma democracia onde diversos partidos disputam o poder, inclusive com a carta do fundamentalismo religioso/nacionalista.

A análise mais interessante é que li “India, a wounded civilization”, do escritor V.S. Naipaul, que nasceu no Caribe em uma família indiana. O livro é uma reportagem que relata sua viagem pelo país no fim dos anos 70, época do “Estado de Emergência” de Indira Gandhi, com supressão das liberdades civis.

Naipul acreditava (não sei se mantém a opinião) que as tradições culturais e intelectuais da Índia eram incompatíveis com o mundo moderno, da indústria, dos computadores e do secularismo. Seu relato traz vários exemplos das dificuldades de se conciliar o sistema de castas, os princípios religiosos, a situação da mulher e toda a estrutura social indiana com os padrões importados do Ocidente.

Contudo, as sombrias previsões do escritor não se concretizaram. A partir dos anos 90 a Índia se tornou um dos países com maiores taxas de crescimento econômico. É uma potência em ascensão, com domínio de áreas chaves na tecnologia (em especial informática), armas nucleares e uma importância crescente nas instituições internacionais, incluindo universidades. Apesar disso, persistem tensões sociais muito sérias, como a discriminação da casta dos intocáveis (foto) e conflitos entre hindus e muçulmanos.

terça-feira, setembro 06, 2005

Katrina: a política da tragédia



A destruição de Nova Orleans pelo furacão Katrina mostrou que no país mais rico do mundo, a distância que separa a civilização da barbárie é pequena. Um colapso social onde ficam claras as imensas desigualdades sociais e raciais dos EUA, pois a maioria dos que ficaram para trás em Nova Orleans foram pobres e negros, sem carro ou dinheiro para fugir da cidade, e sem força de pressão política para mobilizar o governo federal.

Mundo hobbesiano no qual o Leviatã não cumpriu o básico do contrato social – a proteção da vida e da propriedade dos cidadãos. As tropas da Guarda Nacional que manteriam a ordem na cidade devastada estavam no Iraque. As verbas que seriam usadas nas obras de infra-estrutura também foram realocadas para a guerra.

Tragédias naturais sempre assolaram a humanidade, mas em menos de um ano tivemos a tsunami na Ásia, o Katrina e diversos outros sinais de mudanças no clima, como os ciclones no sul do Brasil.

O colega conspirador Smart Shade of Blue debate em seu blog as evidências científicas a respeito do impacto do aquecimento global na tragédia. E o Idelber, que mora em Nova Orleans (mas por sorte está na Argentina), usa seu blog de modo inovador para ajudar os sobreviventes com informações e notícias.

Existe uma Convenção da ONU sobre Mudança do Clima, cujo documento mais conhecido é o Protocolo de Quioto, ao qual aderiram 163 países, com o compromisso de diminuir a emissão de gases poluentes e o aquecimento global. Os EUA, principais poluidores mundiais, não assinaram.

Na semana passada, em meio à tragédia do furacão, passou desapercebida a notícia de que a Bolsa de Valores do Rio de Janeiro estabeleceu um mercado de créditos de carbono. Trata-se de um dos mecanismos mais originais estabelecidos em Quioto.

Funciona assim: países que aderem ao tratado precisam diminuir a poluição, mas em cotas diferenciadas. Nações em desenvolvimento, como o Brasil, têm menos deveres do que as ricas. Mas estas têm a opção de, em vez de impor obrigações a suas empresas, financiar os chamados “Mecanismos de Desenvolvimento Limpo” em países pobres. Projetos como reflorestamentos, fontes alternativas de energia etc. Sai mais barato do que alterar plantas industriais complexas.

Esses projetos serão negociados no mercado financeiro e a estimativa é que movimentarão dezenas de bilhões de dólares por ano. O Brasil tem potencial para se tornar um dos principais atores desse circuito.

segunda-feira, setembro 05, 2005

O Mesmo Amor, A Mesma Chuva



Assisti a um filme belíssimo no DVD: “O Mesmo Amor, A Mesma Chuva”, do cineasta argentino Juan José Campanella, diretor de “O Filho da Noiva”. Estranhamente, este filme não foi lançado nos cinemas brasileiros, privando o público de uma pérola da recente produção da “nova onda” dos nossos vizinhos do sul. “O Mesmo Amor...” é um conto de amor tendo como pano de fundo a história recente da Argentina.

Ricardo Darín interpreta o protagonista, Jorge, um promissor escritor que se apaixona por Laura (a bela Soledad Villamill), artista plástica e atriz. O namoro dos dois atravessa a guerra das Malvinas, o fim da ditadura militar e as esperanças do início do governo Alfonsín.

Mas o romance de Jorge e Laura desanda em meio às desilusões crescentes com o rumo do país. Jorge, apesar de talentoso, não consegue se consolidar como escritor e se degrada cada vez mais, caindo numa série de relacionamentos vazios e se tornando amargo e ressentido. Nos anos 90, marcados pelo cinismo da era Menem, ele se corrompe e passa a vender resenhas favoráveis nas críticas culturais que assina numa revista.

Contudo, como é habitual na nova safra da Argentina, há espaço para humor, sensibilidade e esperança – a convicção de que os reencontros são possíveis e que amizade, solidariedade e amor estão sempre abertos a começar de novo e tentar aprender com os erros do passado.

A crítica não se entusiasmou por ´”O Mesmo Amor...” mas o filme me emocionou muito. Além das situações serem próximas àquelas que vivemos no Brasil, o ambiente da história – o mundo do jornalismo e da cultura – também é semelhante ao meu. Vários dos personagens poderiam ser pessoas que conheço. Me fez pensar em algumas das bobagens que fiz na vida e em outras tantas que testemunhei. Difícil dizer o que gostei mais: o desempenho dos atores principais, diálogos espertos e sensíveis ou a trilha sonora instrumental que pontua as cenas mais marcantes.

domingo, setembro 04, 2005

Sem Casaco em Brasília


Ontem meu irmão se mudou para Brasília. Irá trabalhar como advogado da União, no Ministério da Saúde. No aeroporto, enquanto esperávamos a chamada para seu vôo, contei a ele sobre uma conversa que tive no início da semana com um homem que exerceu vários cargos na capital:

"Quem chega em Brasília passa por 3Ds: deslumbramento, decepção e desespero. As pessoas às vezes perdem a noção da realidade. É a Corte, o ambiente em que ninguém quer trazer más notícias, em que tudo está muito isolado da vida real. Alguns passam a acreditar nessa fantasia, outros se tornam cínicos."

O melhor, claro, foi o comentário da minha mãe após o embarque do filho caçula: "Ele esqueceu o casaco! Como é que ele vai ficar em Brasíla sem o casaco?".

Sentirei falta do meu irmão, mas estou muito feliz por ele, acho que é uma grande oportunidade, tanto do ponto de vista profissional quanto do pessoal. Ontem à tarde ele telefonou para dizer que chegou bem e que estava olhando a Esplanada dos Ministérios da janela do hotel. "Primeiro D", brinquei.

Segui cuidando da vida, fui ao cinema e a uma festa. Em todos os lugares as pessoas me perguntavam quando irei também para Brasília - como se já estivesse decidido que um dia me mudarei para lá. Dei a todas a mesma resposta: primeiro quero terminar meu doutorado, depois penso no que serei quando crescer. Além disso, meu novo apartamento está quase pronto, as obras já acabaram, a pintura segue avançada e só falta o sinteco. Santa Teresa continua linda, mesmo que meus amigos e parentes andem dispersos pelo mundo.

sexta-feira, setembro 02, 2005

A Antropologia de América


O espectador de novelas é antes de tudo um forte. “América”, além de nos presentear com alguns dos momentos mais brilhantes da vida cultural brasileira, também fornece lições de antropologia que colocam Glória Perez no mesmo nível dos grandes intérpretes da diversidade humana, como Levy-Strauss, Malinóvski, Darcy Ribeiro etc.

Tomemos Ed (Caco Ciocler) como exemplo. Tem minha simpatia por ser o único personagem da novela, quiçá da TV brasileira, que é visto com livros. Uma amiga antropóloga me contou: Ed disse a Sol que por ser filho de antropólogo tinha adquirido sensibilidade para outras culturas, facilitando assim o amor dos dois. Essa abertura ao Outro teria vindo quando o rapaz acompanhava as viagens de escavação do pai em terras exóticas.

“Minha cara, perdoe minha ignorância sobre uma ciência social irmã, mas escavação não é tarefa dos arqueólogos?”
“Sim, mas para a Glória Perez é tudo a mesma coisa, tudo Indiana Jones.”

O talento analítico da novelista também aparece em outras situações, como a descrição etnográfica de povos estrangeiros. Graças a ela aprendi que mexicanos e cubanos têm o português como língua materna e usam a expressão “pela Virgem de Guadalupe!” para pontuar as pausas entre palavras, mais ou menos como fazemos no Brasil com as vírgulas.

Os americanos – que segundo Perez, também falam português como idioma básico – são alvo de observações igualmente precisas. Em geral são enunciadas pelos personagens que já vivem em Miami há muitos anos e dizem em tom didático “O americano é assim, o americano faz assado.” Conheço alguns americanos, assim como brasileiros, italianos, argentinos, indianos. Graças aos telejornais, até sei que existem iraquianos. Mas nunca encontrei “o americano”. Vai ver porque ele estava na figuração do Projac.

Além de contribuir para a compreensão entre os povos, “América” também nos ajuda a apreciar a riqueza cultural dos brasileiros mais desvalidos. Me emociono com as seqüências dos bailes funks freqüentados pelas patricinhas liderada pela rebelde Raíssa (Mariana Ximenes). Quer dizer, devem ser festas meio chatas porque em todas elas só toca a mesma música - “É som de preto / de favelado / mas quando toca, ninguém fica parado.” O ritual se funda na repetição, ensinam os antropólogos.

Minha seqüência favorita da semana foi a polícia americana prendendo Sol graças a um chip implantado sob sua pele, cujo localizador foi acionado pelo Google Earth e ainda rendeu um sermão antropológico sobre como “o americano” quer colocar um igual nos filhos, para controlá-los.

Boa sorte para Sol. Mas será difícil. Você confiaria na liberdade de alguém que tem o Víctor Fasano como advogado? E ele ainda arranja tempo para ser Secretário Especial de Defesa dos Animais do Rio de Janeiro!

quinta-feira, setembro 01, 2005

Às Armas, Cidadãos!



Nosso amigo BB tem aproveitado o tempo livre desde que largou este blog para conspirar contra os poderes estabelecidos da República. Mais especificamente contra nosso inacreditável presidente da Câmara dos Deputados. A eleição de Severino Cavalcanti já foi analisada pelos Conspiradores mas os fatos superam mesmo nossas visões mais sombrias.

Ulysses Guimarães dizia que no Congresso havia de tudo, menos tolos, e que o mais idiota dos deputados era capaz de consertar um relógio vestindo luva de boxe. Imagino que o Dr. Diretas mudaria de opinião vendo Severino. A total incapacidade do presidente da Câmara em representar a opinião pública, ou discursar para mais de 10 pessoas sem provocar uma crise não tem paralelo na história parlamentar nacional.


Acredito que muitos de nós vibraram e concordaram com o discurso do deputado Fernando Gabeira. O estopim foi a entrevista de Severino à Folha de S. Paulo dizendo que caixa 2 não é motivo para cassar deputados, e portanto ele iria limitar as punições aos parlamentares envolvidos nos escândalos de corrupção:

V. Exa. está se comportando de uma maneira indigna no cargo de Presidente da Câmara dos Deputados. Estou reclamando porque ainda não posso entrar, no Conselho de Ética, contra V. Exa. Sou um Deputado isolado, mas afirmo que V. Exa. está em contradição com o Brasil. A sua presença na Presidência da Câmara é um desastre para o Brasil e para a imagem do País.Ou V. Exa. começa a ficar calado ou vamos iniciar um movimento para derrubá-lo.

Nosso dever cívico e patriótico é derrubar Severino para evitar uma pizza nas investigações de corrupção.

O deputado Benedito Dias, do PP do Amapá, apresentou representação contra Gabeira pedindo sua cassação. A assessoria de Gabeira solicitou aos simpatizantes do deputado que o ajudem, enviando e-mails em sua defesa para os seguintes endereços:

dep.severinocavalcanti@camara.gov.br
dep.beneditodias@camara.gov.br

Agora é guerra!
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