quarta-feira, setembro 21, 2005

Os Sertões



Acabou. Severino Cavalcanti renunciou à presidência da Câmara dos Deputados e o Brasil ficou um pouco melhor. Sai da ribalta um dos políticos mais execráveis que o país teve recentemente, a encarnação do clientelismo e do nepotismo.

Mas seria errado dizer que ele representa o atraso, os grotões do Brasil. Os sertões deste país estão por toda parte. Quem ouviu ontem as gravações do ex-prefeito de São Paulo, locomotiva do Sul Maravilha? Maluf deu uma aula de coronelismo. Perto dele, seu colega de partido Severino é um amador deslumbrado.

Ironia da História que o auge da carreira de Severino fosse seu apoio a Lula para tentar abafar as investigações sobre a corrupção no governo. Ao menos Severino pode alegar que não foi ele quem mudou de lado.

E as eleições no PT? Apenas 1/3 dos militantes votaram, houve denúncias de fraude e compra de eleitores. O candidato do Campo Majoritário, Ricardo Berzoini, venceu o primeiro turno com mais de 40% da preferência dos petistas. Ou seja, aprovação da linha seguida pela atual direção e pelo governo Lula.

OK, sua votação representa apenas cabalísticos 13% dos filiados do PT. Mas a própria apatia da militância diz muito. Conheço vários que disseram que esta é a última vez que participam de uma eleição do partido. Razões para o apoio a Berzoini? Podem ser muitas. Funcionários do partido com medo de perder os cargos com uma eventual mudança do comando. Ativistas que, embora críticos dos erros, defendem a estratégia das alianças vitoriosas que levaram o PT à presidência.

Alguém ainda acredita em Lula? A Velhinha de Taubaté morreu, mas o músico Wagner Tiso assumiu seu posto.
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