Fogo Amigo
Além dos problemas com a Argentina, o Brasil agora precisa se preocupar também com o Paraguai. Nosso parceiro no Mercosul assinou um acordo com os EUA, autorizando a permanência de tropas americanas no país por 18 meses. Especula-se que os Estados Unidos queiram construir uma base militar no Paraguai, numa posição estratégica próxima à Tríplice Fronteira e às reservas de gás natural da Bolívia.
O acordo para a vinda dos soldados americanos foi selado em agosto, quando o secretário de Defesa Donald Rumsfeld visitou Assunção. Aparentemente, a barganha envolve um acordo de comércio entre EUA e Paraguai, o que provoca calafrios no Itamaraty num contexto em que os países do Mercosul negociam em bloco a Alca.
A chanceler paraguaia, Leila Rachid (a senhora da foto) nega tudo. O brasileiro, Celso Amorim, dá o recado de que não gostou nada da história. O próprio Congresso ficou desconfiado e convocou o ministro para prestar esclarecimentos. O parlamento brasileiro participa pouco da formulação da política externa - na minha avaliação, está agindo por pressão das Forças Armadas, preocupadas com as atitudes dos EUA na América do Sul.
O Paraguai depende do Brasil em vários campos, do fornecimento de energia elétrica à economia. Imagino que o Itamaraty irá negociar algum tipo de ajuda financeira ao governo de Assunção, mas não sei como ficará a questão dos militares americanos. Em algumas semanas irei a um congresso de Estudos Estratégicos, na Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, e espero que a questão seja discutida por lá.
3 Comentarios:
Indo lá, sugiro que sonde como anda a preocupação da turma não só com o paraguai, mas com as bases que os EUA andam instalando em torno, na Colômbia, no Equador, por exemplo. E lembraram recentemente que, para o atual estágio de mobilização das tropas americanas, não precisam de base; basta ter um pequeno contingente no país e uma pista operacional, o que já têm, no Chaco, próximo à fronteira da Bolívia... Os paraguaios, maurício, vêm se queixando de que pagam muito pela dívida de Itaipu e recebem pouco pela energia de lá. Curiosamente, a parte brasileira da usina sempre divulga os dados, e a paraguaia mantém tudo sob sigilo, sob crítica da imprensa local.
hehehe Maurício, pelo que vi agora, você tinha feito um comentário sobre post relacionado ao mesmo assunto que botei lá no meu blogue... E falando de coisas paecidas. E eu que vim conferir como andam Os Conspiradores porque te reencontrei no blogleft.
Grande Sergio,
pelo que tenho acompanhado do debate entre os militares, a preocupação é muito grande tanto na Colômbia quanto no Equador - ambos são países ricos em petróleo.
O tipo de base que os EUA instalaram nesses países e a que talvez montem no Paraguai tem um nome específico, acho que é FOL, mas a idéia básica é que funcionam como um "gatilho" que pode disparar intervenções de maior escala no caso de uma crise.
Tenho acompanhado a briga sobre Itaipu, pelo que li os paraguaios querem aumentar as tarifas, não é?
Abraços
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