San Telmo
Uma das coisas que faço nesta breve estada carioca é descarregar as fotos da câmera digital para o computador. Postarei algumas delas por aqui, principalmente as que mostram bairros e paisagens de Buenos Aires. Esta primeira mostra um lugar do qual gosto muito, San Telmo, na zona sul da capital argentina.
O bairro é bastante conhecido por sua feira, que ocorre aos domingos e é uma das atrações turísticas mais visitadas da cidade. Contudo, San Telmo foi para mim um amor à segunda vista. Haviam me recomendado a feira como o destaque local e não gostei dela, quase tudo à venda são bugigangas e quinquilharias. Demorei para entender que o grande barato de San Telmo é o próprio bairro e a atmosfera cosmopolita e agitada de seus domingos.
Buenos Aires é uma cidade de grandes avenidas, mas em San Telmo predomina outro estilo de arquitetura e urbanismo, com ruas estreitas, de paralelepípedos e um clima de mais intimidade que de certo modo me lembra meu bairro natal de Santa Teresa, no Rio de Janeiro.
O eixo da feira é a rua Defensa e um belo passeio é seguir por ela sem preocupação ou pressa, parando para ver os artistas de rua – músicos tocando bossa nova são dos mais populares – olhando as vitrines e barracas e entrando aqui e ali num antiquário ou café. Com direito a parar na praça Dorrego para um bom sorvete.
A foto que ilustra este post mostra uma das artistas que mais chamam a atenção em San Telmo, e que também se apresenta em outros pontos da cidade, como a calle Florida.Trata-se de uma moça loura, muito bonita, que toca um instrumento inusitado, parece um disco voador metálico. Segundo um amigo, é originário dos aborígines da Austrália. Ignoro como saiu dos desertos de lá para as ruas portenhas, mas é uma das belas histórias que se encontram por San Telmo.
Outra figura interessante que conheci no bairro foi César, um livreiro comunista que tem sua loja numa galeria quase na esquina da Defensa com Chile. Enquanto uma amiga buscava um presente para sua mãe conversamos sobre literatura e política: “Os turistas europeus sempre me perguntam porque há tanta polícia em San Telmo, mas os latino-americanos nunca se espantam com isso.” César não é um entusiasta da democracia argentina: “Nos dizem que agora temos participação, mas isso basicamente significa que podemos pegar o celular e reclamar da vida.”
A algumas quadras da livraria de César, as filhas de Bush foram furtadas, em plena feira. Um larápio driblou a vigilância do serviço secreto e levou a bolsa de uma delas, com celular e tudo. Claro que o fato virou motivo de inúmeras piadas, uma das diversões na universidade era imaginar os diálogos do ladrão ligando para a CIA ou para a Casa Branca.
Os tablóides afirmam que uma das filhas de Bush namora um rapaz argentino, que a teria transformado em torcedora do Boca. Resultado: um jornal publicou charges de Bin Laden com seus filhos, torcendo para o River Plate.
2 Comentarios:
Excelente resenhista, analista espetacular, ótimo cronista e blogueiro indispensável, você, como fotógrafo, caro Santoro, morreria de fome. Cadê a loura? Cadê o disco?. Essa rua sem graça que se divisa aí é San Telmo?
(-;
Bota outra aí, vai. Já estava me cansando de só ter elogios para comentar seus posts.... (((-;
Ora, meu caro, vou jogar a culpa no blogger na necessidade de diminuir a resolução das minhas belas fotos para colocá-las online!
Qualquer dia conto por aqui minhas aventuras como fotógrafo, que culminaram em imagens da Luma de Oliveira. Vestida, infelizmente, mesmo assim foi o auge da minha carreira como retratista.
Lamentavelmente, sou forçado a concordar contigo que tenho mais possibilidade de trazer o leite das crianças recorrendo à pluma, à caneta e ao teclado...
Abraços
Postar um comentário
<< Home