Quem Sabe o Super-Homem Venha nos Restituir a Glória
O primeiro filme é mágico, todos concordamos.
"Superman - o retorno" tem dividido opiniões. Estou entre aqueles que adoraram o filme, embora o considere inferior ao já clássico dos anos 70, que mistura na dose certa aventura, humor, fantasia e uma belíssima história de amor. Quem esquece a seqüência do vôo noturno por Metrópolis, ou a mudança no curso da História, por causa da mulher?
As pessoas não assistem à toa à epopéia de marmanjos que usam cuecas coloridas por cima das calças, os super-heróis permancem no imaginário porque tocam pontos sensíveis nos nossos medos e anseios. Batman é uma resposta à neurose da violência urbana, os X-Men são um libelo contra a discriminação.
Superman é um mito cristão: um deus que desce à terra para viver em meio aos homens, sofrer com eles e redimi-los através de seu sacrifício. O novo filme é cheio de alusões que parecem a Sagrada Família ou mesmo a Santíssima Trindade, com a voz e imagem de Marlon Brando fazendo as vezes de Espírito Santo e Deus Pai. Aliás, o velho Brando, mesmo morto, dá um banho em muito zumbi que anda por aí assombrando as telas.
"Superman - o retorno" é na verdade dois filmes. O que mais me interessa é a história do amor entre o herói e Lois Lane. Uma paixão difícil e incompleta, mas que humaniza o deus: as melhores cenas do filme são Superman usando seus poderes para servir a seus ciúmes, como qualquer pobre mortal. As últimas adaptações para a TV das aventuras do herói, os seriados Lois & Clark e Smallville, têm ido exatamente pelo caminho de valorizar o cotidiano e a intimidade.
O segundo filme não me interessou muito, na verdade até atrapalhou: trata-se da trama de dominação mundial de Lex Luthor. Kevin Spacey interpreta muito bem o arquivilão, mas faz um tipo bem mais sombrio e assustador do que o bonachão vivido por Gene Hackman no primeiro filme.
Achei que os atores principais, Brandon Routh e Kate Bosworth, desempenharam bem seus papéis e não é vergonha que estejam aquém do carisma do casal protagonista do primeiro filme. A moça é muito bonita, embora jovem demais para interpretar uma jornalista tarimbada como Lois, mãe de um filho já grandinho e que devia andar pelos trinta e muitos.
Tudo em "Superman - o retorno" aponta para continuações, de modo que fica a expectativa de que os problemas deste filme sejam resolvidos no próximo. E mais bom humor no roteiro, por favor!
5 Comentarios:
Maurício,
discordo de você em alguns aspectos.
Creio que o filme de 2006 trilhou um caminho por demais sério: algo Bush e os inimigos estão lá fora... uma pena. Faltou o carisma do primeiro filme.
Acho, porém, que a nostalgia sentida em relação ao filme dos anos 70 deriva principalmente de nossa pouca idade à época, da segurança em que imaginávamos viver e do ineditismo dos efeitos especiais de então.
Atualmente, cenas mirabolantes e inacreditáveis tornaram-se tão comuns que, creio eu, a poesia escorreu pelo ralo.
Ao final, Superman mostrou para mim que continuamos vivendo sob a proteção de não-heróis.
Abraço,
Renato Feltrin
Caro Maurício, não vi o filme,(como os outros com esse pessoal de cueca sobre malha colada nas pernas, tenho certeza de que acabarei vendo em alguma viagem a trabalho, no avião). Em matéria de versão cinematográfica, ainda acho Batman um personagem mais interessante.
Mas, sobre esse romance mítico entre o Homem de Aço e uma mortal, te recomendo uma passada nesse site aqui (na verdade um site que dá um link para outro, mas dê uma olhadinha): http://www.durangolango.blogspot.com/ . O caso é que, ao contrário do que fazia Zeus, que fecundava as mortais metamorfoseado nas mais variadas perversões, o Superman tem, em seus superpoderes, um verdadeiro brevê contra o sexo com humanas. Mesmo o sexo solitário seria uma ameaça à humanidade, como bem explica o site citado...
Salve, Renato.
Com certeza o segundo filme é bem mais assustador do que o primeiro - há uma ótima cena em que o Superman passa o controle remoto pelos canais do TV e são só notícias sobre guerras e destruição...
Mas acho que o encanto do primeiro filme estava no romance e na boa história, os efeitos especiais eram secundários. E ele tinha muito humor e uma certa irreverência, marcos do cinema americano nos anos 70. Nesse sentido, este segundo é mais caretão.
Sergio, meu caro.
Confesso que nunca havia pensado nos detalhes biológicos da interação sexual do Superman, mas o artigo científico me abriu os olhos. Inseminação artificial poderia ser uma solução?
Igor,
blockbusters em dose moderada não fazem mal a ninguém. Afinal, o cinemão americano é um dos pouco que ainda nos permite sonhar....
Abraços
O Superman do Brandon Routh pode ir lá em casa qualquer dia que eu fico feliz. ;)
Pode ficar com ele!
Tenho certeza que Lois Lane precisará de um ombro amigo de um colega jornalista para se consolar.
Bjs
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