segunda-feira, agosto 07, 2006

Quem Sabe o Super-Homem Venha nos Restituir a Glória




O primeiro filme é mágico, todos concordamos.

"Superman - o retorno" tem dividido opiniões. Estou entre aqueles que adoraram o filme, embora o considere inferior ao já clássico dos anos 70, que mistura na dose certa aventura, humor, fantasia e uma belíssima história de amor. Quem esquece a seqüência do vôo noturno por Metrópolis, ou a mudança no curso da História, por causa da mulher?

As pessoas não assistem à toa à epopéia de marmanjos que usam cuecas coloridas por cima das calças, os super-heróis permancem no imaginário porque tocam pontos sensíveis nos nossos medos e anseios. Batman é uma resposta à neurose da violência urbana, os X-Men são um libelo contra a discriminação.

Superman é um mito cristão: um deus que desce à terra para viver em meio aos homens, sofrer com eles e redimi-los através de seu sacrifício. O novo filme é cheio de alusões que parecem a Sagrada Família ou mesmo a Santíssima Trindade, com a voz e imagem de Marlon Brando fazendo as vezes de Espírito Santo e Deus Pai. Aliás, o velho Brando, mesmo morto, dá um banho em muito zumbi que anda por aí assombrando as telas.

"Superman - o retorno" é na verdade dois filmes. O que mais me interessa é a história do amor entre o herói e Lois Lane. Uma paixão difícil e incompleta, mas que humaniza o deus: as melhores cenas do filme são Superman usando seus poderes para servir a seus ciúmes, como qualquer pobre mortal. As últimas adaptações para a TV das aventuras do herói, os seriados Lois & Clark e Smallville, têm ido exatamente pelo caminho de valorizar o cotidiano e a intimidade.

O segundo filme não me interessou muito, na verdade até atrapalhou: trata-se da trama de dominação mundial de Lex Luthor. Kevin Spacey interpreta muito bem o arquivilão, mas faz um tipo bem mais sombrio e assustador do que o bonachão vivido por Gene Hackman no primeiro filme.

Achei que os atores principais, Brandon Routh e Kate Bosworth, desempenharam bem seus papéis e não é vergonha que estejam aquém do carisma do casal protagonista do primeiro filme. A moça é muito bonita, embora jovem demais para interpretar uma jornalista tarimbada como Lois, mãe de um filho já grandinho e que devia andar pelos trinta e muitos.

Tudo em "Superman - o retorno" aponta para continuações, de modo que fica a expectativa de que os problemas deste filme sejam resolvidos no próximo. E mais bom humor no roteiro, por favor!

5 Comentarios:

Anonymous Anônimo said... Weblog Commenting and Trackback by HaloScan.com

Maurício,

discordo de você em alguns aspectos.

Creio que o filme de 2006 trilhou um caminho por demais sério: algo Bush e os inimigos estão lá fora... uma pena. Faltou o carisma do primeiro filme.

Acho, porém, que a nostalgia sentida em relação ao filme dos anos 70 deriva principalmente de nossa pouca idade à época, da segurança em que imaginávamos viver e do ineditismo dos efeitos especiais de então.

Atualmente, cenas mirabolantes e inacreditáveis tornaram-se tão comuns que, creio eu, a poesia escorreu pelo ralo.

Ao final, Superman mostrou para mim que continuamos vivendo sob a proteção de não-heróis.

Abraço,
Renato Feltrin

agosto 09, 2006 12:14 AM  
Blogger Sergio Leo said... Weblog Commenting and Trackback by HaloScan.com

Caro Maurício, não vi o filme,(como os outros com esse pessoal de cueca sobre malha colada nas pernas, tenho certeza de que acabarei vendo em alguma viagem a trabalho, no avião). Em matéria de versão cinematográfica, ainda acho Batman um personagem mais interessante.
Mas, sobre esse romance mítico entre o Homem de Aço e uma mortal, te recomendo uma passada nesse site aqui (na verdade um site que dá um link para outro, mas dê uma olhadinha): http://www.durangolango.blogspot.com/ . O caso é que, ao contrário do que fazia Zeus, que fecundava as mortais metamorfoseado nas mais variadas perversões, o Superman tem, em seus superpoderes, um verdadeiro brevê contra o sexo com humanas. Mesmo o sexo solitário seria uma ameaça à humanidade, como bem explica o site citado...

agosto 09, 2006 11:45 AM  
Blogger Maurício Santoro said... Weblog Commenting and Trackback by HaloScan.com

Salve, Renato.

Com certeza o segundo filme é bem mais assustador do que o primeiro - há uma ótima cena em que o Superman passa o controle remoto pelos canais do TV e são só notícias sobre guerras e destruição...

Mas acho que o encanto do primeiro filme estava no romance e na boa história, os efeitos especiais eram secundários. E ele tinha muito humor e uma certa irreverência, marcos do cinema americano nos anos 70. Nesse sentido, este segundo é mais caretão.

Sergio, meu caro.

Confesso que nunca havia pensado nos detalhes biológicos da interação sexual do Superman, mas o artigo científico me abriu os olhos. Inseminação artificial poderia ser uma solução?

Igor,

blockbusters em dose moderada não fazem mal a ninguém. Afinal, o cinemão americano é um dos pouco que ainda nos permite sonhar....

Abraços

agosto 10, 2006 10:16 AM  
Anonymous Anônimo said... Weblog Commenting and Trackback by HaloScan.com

O Superman do Brandon Routh pode ir lá em casa qualquer dia que eu fico feliz. ;)

agosto 10, 2006 1:36 PM  
Blogger Maurício Santoro said... Weblog Commenting and Trackback by HaloScan.com

Pode ficar com ele!

Tenho certeza que Lois Lane precisará de um ombro amigo de um colega jornalista para se consolar.

Bjs

agosto 10, 2006 3:35 PM  

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