sábado, julho 29, 2006

Problemas no Front


 

Os analistas militares avaliam que os resultados da guerra são negativos para as Forças Armadas de Israel. Após duas semanas de bombardeios intensos ao Líbano e ocupação da zona fronteiriça do país, o Hezbolá continua ativo, disparando cerca de 100 foguetes por dia contra os israelenses. O jornalista Eitan Haber, do Yediot Aharonot levantou a questão: “Não é o momento nem o lugar, pois estamos no meio de uma luta séria, mas quando tudo isso acabar as FDI [Forças de Defesa Israelenses] terão que dar uma boa olhada em si mesmas.”

As perdas do Exército e da Força Aérea estão maiores do que o esperado, particularmente na acirrada batalha pela cidade de Bint Jbeil, um dos principais centros de apoio ao Hezbolá. O gabinete israelense debate o quão profunda deve ser a ocupação terrestre e mais 30 mil reservists foram convocados. Nem o primeiro-ministro Olmert e nem o ministro da Defesa Amir Peretz têm experiência de liderança em guerra. O chefe do Estado-Maior, general Dan Halutz, foi internado e está temporariamente afastado das funções. Aparentemente, teve uma crise de estresse.

A última vez que os militares israelenses lutaram contra outras forças armadas nacionais foi na Guerra do Yom Kippur (1973, contra Síria e Egito). Nos últimos 30 anos os conflitos foram contra mílicias, grupos terroristas e guerrilheiros no Líbano, na Cisjordânia e em Gaza: OLP, Amal, Hezbolá, Hamas etc.

Tenho pensado muito na palestra do historiador israelense Martin van Creveld a que assisti em junho na Escola de Guerra Naval, no Rio de Janeiro. Creveld disse na ocasião que Israel não tinha como vencer a guerra contra os árabes e que quando um Exército enfrenta um inimigo muito mais fraco, como os palestinos, está de antemão condenado à derrota, pois mesmo suas vitórias militares serão vistas pela opinião pública como desastres políticos, opressão e abuso de poder. Basta lembrar dos soldados israelenses quebrando os braços dos adolescentes palestinos que lhes atiravam pedras durante a primeira Intifada.

Falhou a conferência de Roma, que tentou negociar um cessar-fogo. Não é surpresa para ninguém que uma negociação que exclui os principais interessados – Israel, Síria e Irã – fracasse.

O impasse no campo de batalha pode empurrar Israel para negociar um cessar-fogo e uma missão da ONU na fronteira. Mas isso quase com certeza seria visto como uma vitória do Hezbolá. Vamos ver como será recebida a proposta Bush-Blair, apesar do desgaste crescente da liderança de ambos.

A outra possibilidade, mais assustadora, é a entrada da Síria na guerra.

Como bem escreveu a The Economist em seu editorial: “Esta é uma guerra que ningém pode vencer.” E que vai ser difícil de terminar.

2 Comentarios:

Anonymous Anônimo said... Weblog Commenting and Trackback by HaloScan.com

Olá Vc, Cidadão (ã) Brasileiro (a) (ou não)!

Estamos aqui p/ a última chamada do Concurso “Eu sou politicamente correto... e vc?”, que terá suas inscrições encerradas no dia 31/07/2006 !!

Este Concurso, que pertence a todos os brasileiros, vai muito além da escolha da melhor crônica postada pelos participantes, ele tem por objetivo principal, mostrar ao mundo a força e a coragem de um povo que, apesar de sofrido e humilhado por seus governantes corruptos, ainda têm a esperança latente de ver um Brasil melhor, mais justo, mais digno, e isso, independentemente de raça, cor, religião, posição social, escolaridade, ou qualquer outro critério, aqui todos têm vez e o direito de se expressar livremente!

Venha conhecer a opinião de cada participante, e pense com carinho na possibilidade de se engajar junto conosco, externando sua opinião, nessa caminhada cidadã!

Acredite: SUA OPINIÃO É MUITO IMPORTANTE PARA O BRASIL!!

Esperamos-te no QG!!

Abraço cidadão!

Equipe GI

julho 29, 2006 7:25 PM  
Blogger Maurício Santoro said... Weblog Commenting and Trackback by HaloScan.com

Meu caro,

o massacre de Qana está comentado no post acima, mas me parece que a opinião pública dos EUA continua a encarar esta guerra como mais um round na luta sem fim contra o terrorismo, ainda que se perceba aqui e ali um aumento da tendência isolacionista com relação ao Oriente Médio.

Abraços

agosto 01, 2006 9:57 AM  

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