Rumo à Guerra no Oriente Médio
No Oriente Médio, “paz” é condição que inclui atentados terroristas, ataques guerrilheiros, operações de forças especiais e outros atos de violência. Em suposta represália ao seqüestro de dois militares, Israel re-ocupou Gaza e bombardeou o Líbano em grande escala, inclusive a capital, Beirute. A captura de seus soldados é apenas pretexto. Os israelenses buscam a guerra e a querem agora, enquanto o equilíbrio de poder lhes favorece, com Bush no poder nos EUA e o Irã ainda sem armas nucleares.
Quando os Estados Unidos invadiram o Iraque, abriram a caixa de Pandora para a ação de diversos grupos terroristas, em especial Hezbolá e Hamas, que conquistaram mais apoio de populações assustadas e enraivecidas pelas atrocidades dos americanos. Ambas as organizações surgiram como resistência à ocupação israelense, respectivamente no sul do Líbano (1982-2000) e em Gaza (1967-2005). Ambas também estão organizadas como partidos à frente de governos ou ministérios na Palestina e no Líbano.
A política de Israel sob Sharon foi isolar Arafat e retirar-se de Gaza, para concentrar esforços e recursos na Cisjordânia, muito mais importante. A decisão foi controversa e o velho general sofreu um derrame, retirando-se da vida pública. O novo premiê, Ohmert, não é líder militar. Falta-lhe o prestígio de Sharon e está muito mais suscetível às pressões da linha dura para ataques de larga escala ao Hamas e ao Hezbolá, visando à substituição dos governos hostis na Palestina, Líbano e Síria. O projeto tem afinidades eletivas com as ambições dos Estados Unidos na região. Resta saber se terá o mesmo destino da Cruzada empreendida contra o Iraque.
4 Comentarios:
Maurício, os atentados terroristas em Israel são frequentes desde antes da invasão do Iraque. Eu achava que o Hezbollah ia ficar mais calmo depois do fim da ocupação do sul do Líbano, mas parece que a estupidez humana não tem limites.
E Israel responde o sequestro e morte de alguns militares com o bombardeio a instalações civis, causando mortes de vários civis. E depois reclamam quando Brasil e França dizem que a reação foi desproporcional.
E o que você achou do livro "Muralha de Ferro"? Soube que causou grande polêmica em Israel, por mostrar que o país, se em algumas vezes foi atacado pelos seus vizinhos, em outras ocasiões foi claramente agressor e belicoso.
Salve, Bruno.
O Hezbolá tem sua base social entre os xiitas, que são a maioria da população no Irã, Iraque e Líbano. Dada a situação atual nesses países, era de se esperar que os rapazes fossem ficar mais agitados. A novidade é que eles estão usando equipamento mais moderno, mísseis de origem chinesa capazes de atingir cidades isralenses mais distantes da fronteira (como Haifa), destruir navios de guerra e tanques. Segundo a imprensa britânica, Israel sequer sabia que o Hezbolá tinha esse armamento.
A retaliação é pretexto. Israel quer eliminar o Hezbolá e o Hamas, o que só pode ser obtido às custas de guerra.
Não li "O Muralha de Ferro", historiadores amigos que o compraram me disseram que é ruim.
Grande Igor,
Acho que a guerra vem para valer e nem as declarações do G-8 a impedirão, em especial com Bush dando apoio a Israel. As pessoas estão fugindo do Líbano, inclusive os cidadãos brasileiros que moram por lá. Sábia decisão.
Tenho pensado muito no relato que o Friedman faz no livro da invasão isralense do Líbano, em 1982. O cenário é parecido, embora o atual seja ainda pior do que há 25 anos.
Escrevo mais para a semana, acompanhando os fatos.
Abraços
Maurício, uma coisa vem me perturbando em meio a essa bagunça no Oriente Médio. Ando percebendo, cada vez mais, uma polarização entre os EUA de um lado e a China e a Rússia do outro. Parece que estamos voltando à década de 70: petróleo e alta, guerras no Oriente Médio. É paranóia minha, ou você acha que isso pode escalar para um nível mais sério?
Caro Paulo,
na semana passada eu conversei com um amigo especialista em política externa russa e ele me dizia estar preocupado com a possível reação de Putin a um ataque ao Irã, por ser um país de fronteira com a Rússia e no qual há vários investimentos importantes, inclusive na área nuclear.
Russos e chineses tem enormes rivalidades históricas, mas estão conseguindo superá-las em algumas articulações diplomáticas importantes, sobretudo no sentido de agir juntos como um freio às ações dos EUA no Oriente Médio.
De modo que acho que você não está paranóico... O mundo é que enlouquece rapidamente.
Abraços
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