Guerra por Procuração
O conflito atual no Libano é uma “guerra por procuração” que opõe Israel e EUA contra Irã e Síria. Mas ela travada em grande medida no território libanês por grupos terroristas (principalmente o Hezbolá), operações de espionagem e contra-insurgência, milícias de vários tipos.
Segundo a imprensa, os EUA deram a Israel mais uma semana para continuar seus ataques ao Líbano. Não houve declaração oficial confirmando, mas é verossímil. O governo Bush busca dois objetivos: conter seus inimigos na região e ao mesmo tempo impedir que a guerra se espalhe para os países vizinhos. Claro que Tony Blair apoiou a decisão, mas com oposição interna considerável dos liberais-democratas e dos próprios trabalhistas.
A França lançou a idéia de criar corredores humanitários para evacuar civis e uma missão de paz da ONU na fronteira Líbano-Israel, semelhante àquela que funcionou na península do Sinai (1956-1967) e que garantiu o cessar-fogo entre Israel e Egito durante anos. Mas também é preciso lembrar que houve uma missão de paz no Líbano dos anos 80, que fracassou e deixou o país após ser alvo de vários ataques terroristas.
O artigo mais extremista que li nesta semana foi o do político americano Newt Gingrich, que foi um dos principais líderes da oposição republicana a Clinton. Ele afirma que a Terceira Guerra Mundial começou e que o conflito contra o Hezbolá-Síria-Irã é parte de um choque de civilizações. O trecho mais interessante é sua rejeição à proposta de paz:
“O cessar-fogo pedido pelo recente e mal-assessorado comunicado do G-8 faria simplesmente o oposto. Iria simplesmente permitir aos terroristas organizar-se e preparar-se para a nova rodada de matança e derramamento de sangue.”
Como escrevi anteriormente: há muitas pessoas querendo a guerra. E querendo-a agora, antes que o Irão obtenha suas armas nucleares e antes que Bush deixe a presidência dos EUA.
A Alta-Comissária de Direitos Humanos da ONU falou sobre a “possibilidade” de crimes de guerra cometidos em Israel, no Líbano e em Gaza. De fato, todos descumprem resoluções do Conselho de Segurança, que exigem a saída dos territórios ocupados na Palestina e na Síria e o desarmamento do Hezbolá.
Para os impactos na opinião pública islâmica, cito o cientista político Muqtedar Khan, do Brookins Institute: “Enquanto isso, muçulmanos de todo o mundo assistem a uma potência nuclear apoiada, armada e financiada pelos EUA bombardear e matar dezenas de civis, destruir a economia e a infraestrutura da Palestina e do Líbano, seqüestrar dezenas de líderes palestinos eleitos, atacar suas casas e tudo o que os EUA fazem é fornecer escudo político a Israel no Conselho de Segurança e no cenário mundial. A Al Qaeda deve estar com falta de formulários de inscrição.”
Em resumo: a reação internacional aponta para a continuação da guerra, ao menos pelos próximos dias, com risco de expansão do conflito. O que poderia ocorrer de pior é a invasão terrestre do Líbano e/ou a entrada da Síria no combate.
2 Comentarios:
Salve, meu caro.
As notícias são de algumas divisões concentradas na fronteira, com tropas de elite já atuando em território libanês e atacando casamatas do Hezbolá.
Condoleezza Rice chega amanhã ao Oriente Médio, mas já disse que não é hora do cessar-fogo.
Vem chumbo grosso pelos próximos dias. Vamos acompanhar.
Abraços
Vi que está "cobrindo" o que está acontecendo no Oriente Médio... Tenho também falado sobre o assunto.
www.marcelonettorodrigues.blogspot.com
vou começar a ler os teus posts.
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