quinta-feira, julho 20, 2006

Guerra por Procuração


 

O conflito atual no Libano é uma “guerra por procuração” que opõe Israel e EUA contra Irã e Síria. Mas ela travada em grande medida no território libanês por grupos terroristas (principalmente o Hezbolá), operações de espionagem e contra-insurgência, milícias de vários tipos.

Segundo a imprensa, os EUA deram a Israel mais uma semana para continuar seus ataques ao Líbano. Não houve declaração oficial confirmando, mas é verossímil. O governo Bush busca dois objetivos: conter seus inimigos na região e ao mesmo tempo impedir que a guerra se espalhe para os países vizinhos. Claro que Tony Blair apoiou a decisão, mas com oposição interna considerável dos liberais-democratas e dos próprios trabalhistas.

A França lançou a idéia de criar corredores humanitários para evacuar civis e uma missão de paz da ONU na fronteira Líbano-Israel, semelhante àquela que funcionou na península do Sinai (1956-1967) e que garantiu o cessar-fogo entre Israel e Egito durante anos. Mas também é preciso lembrar que houve uma missão de paz no Líbano dos anos 80, que fracassou e deixou o país após ser alvo de vários ataques terroristas.

O artigo mais extremista que li nesta semana foi o do político americano Newt Gingrich, que foi um dos principais líderes da oposição republicana a Clinton. Ele afirma que a Terceira Guerra Mundial começou e que o conflito contra o Hezbolá-Síria-Irã é parte de um choque de civilizações. O trecho mais interessante é sua rejeição à proposta de paz:

“O cessar-fogo pedido pelo recente e mal-assessorado comunicado do G-8 faria simplesmente o oposto. Iria simplesmente permitir aos terroristas organizar-se e preparar-se para a nova rodada de matança e derramamento de sangue.”

Como escrevi anteriormente: há muitas pessoas querendo a guerra. E querendo-a agora, antes que o Irão obtenha suas armas nucleares e antes que Bush deixe a presidência dos EUA.

A Alta-Comissária de Direitos Humanos da ONU falou sobre a “possibilidade” de crimes de guerra cometidos em Israel, no Líbano e em Gaza. De fato, todos descumprem resoluções do Conselho de Segurança, que exigem a saída dos territórios ocupados na Palestina e na Síria e o desarmamento do Hezbolá.

Para os impactos na opinião pública islâmica, cito o cientista político Muqtedar Khan, do Brookins Institute: “Enquanto isso, muçulmanos de todo o mundo assistem a uma potência nuclear apoiada, armada e financiada pelos EUA bombardear e matar dezenas de civis, destruir a economia e a infraestrutura da Palestina e do Líbano, seqüestrar dezenas de líderes palestinos eleitos, atacar suas casas e tudo o que os EUA fazem é fornecer escudo político a Israel no Conselho de Segurança e no cenário mundial. A Al Qaeda deve estar com falta de formulários de inscrição.”

Em resumo: a reação internacional aponta para a continuação da guerra, ao menos pelos próximos dias, com risco de expansão do conflito. O que poderia ocorrer de pior é a invasão terrestre do Líbano e/ou a entrada da Síria no combate.

2 Comentarios:

Blogger Maurício Santoro said... Weblog Commenting and Trackback by HaloScan.com

Salve, meu caro.

As notícias são de algumas divisões concentradas na fronteira, com tropas de elite já atuando em território libanês e atacando casamatas do Hezbolá.

Condoleezza Rice chega amanhã ao Oriente Médio, mas já disse que não é hora do cessar-fogo.

Vem chumbo grosso pelos próximos dias. Vamos acompanhar.

Abraços

julho 22, 2006 9:31 AM  
Blogger marcelo netto rodrigues said... Weblog Commenting and Trackback by HaloScan.com

Vi que está "cobrindo" o que está acontecendo no Oriente Médio... Tenho também falado sobre o assunto.
www.marcelonettorodrigues.blogspot.com
vou começar a ler os teus posts.

julho 26, 2006 1:00 PM  

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