segunda-feira, julho 31, 2006

O Massacre de Qana


 

Todos sabiam que cedo ou tarde isto aconteceria nesta guerra. Israel bombardeou um prédio onde refugiados libaneses se escondiam e o ataque resultou na morte de cerca de 60 civis, a maioria de crianças. O massacre ocorreu dias após um dia de fogo israelense, aéreo e de artilharia, contra instalações da ONU no Líbano, que mataram funcionários internacionais. Ironicamente, o prédio das Nações Unidas em Beirute foi depredado por uma multidão que acusava a organização de passividade diante da morte de inocentes.

O Hezbolá não é um exército que vai ao campo de batalha enfrentar as forças armadas de um país inimigo. É um grupo que atua por terrorismo ou ações de guerrilha e que se oculta em meio à população civil. Combatê-lo pela força militar significa aceitar a morte de inocentes, que irá ocorrer fatalmente, por melhor que seja a qualidade das informações ou a precisão do armamento. Evidentemente, o Hezbolá não tem escrúpulos quanto a atingir civis israelenses. Pelo contrário, são seu alvo primordial. Mas o grupo conta com a reação de Israel para criar um clima de comoção internacional e se apresentar à opinião pública como o Davi que luta contra o Golias opressor.

A reação quase unânime da comunidade internacional é pela decretação de um cessar-fogo e por uma força de paz internacional para a fronteira entre Líbano e Israel. Essa opção significará derrota moral para as forças armadas israelenses. E enquanto tiverem apoio dos EUA, continuarão com sua campanha de bombardeios. Mas num clima de crescente isolamento.

De Israel, a jornalista brasileira Daniela Kresch dá seu testemunho: "Quem achava que era fácil e rápido - é só o exército jogar umas bombinhas que ele destrói o Hezbollah -, já engole as palavras. O tempo voltou. Estamos nos aproximando a passos rápidos de 1982."

Em momentos de barbárie como esta, sempre retorno aos clássicos. Picasso e Guernica – está lá tudo que precisa ser dito (ou mostrado) a respeito dos ataques a civis. O bombardeio nazista à cidade espanhola inaugurou a era do terrorismo de Estado pela via aérea.

Penso também em Homero. Na trégua humanitária que encerra a Ilíada, para que possam ocorrer os funerais de Heitor, domador de cavalos, depois que o arrogante Aquiles se arrepende de haver ultrajado as leis da guerra e arrasta o cadáver do troiano diante dos olhos do pai de seu inimigo, o velho rei Príamo.

Faz falta um Ulisses no Oriente Médio. Os combatentes estão mais para a ira de Aquiles.

2 Comentarios:

Blogger Maurício Santoro said... Weblog Commenting and Trackback by HaloScan.com

Salve, meu caro.

Acho que ninguém gosta de encarar morte de crianças, particularmente em meio a uma guerra cheia de mentiras e pretextos falsos como esta.

As coisas estão piorando no Oriente Médio. Israel passou a bombardear o norte do Líbano, área majoritariamente cristã, e o Hezbolá lançou foguetes a apenas 40 Km de Tel Aviv.

Vamos ver como rola a discussão no CS ONU, neste fim de semana.

Para a semana devo entrar em contato contigo para dar início ao nosso projeto The West Wing. Duvido que sejamos piores do que os caras que tocam a franquia atual.

Abraços

agosto 06, 2006 9:31 AM  
Anonymous Anônimo said... Weblog Commenting and Trackback by HaloScan.com

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março 31, 2013 3:35 PM  

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