Falando sobre Desenvolvimento
Na semana passada estive no BNDES para a inauguração do Centro Internacional Celso Furtado, instituição de pesquisa dedicada a um dos nossos mais importantes pensadores e homens públicos - parece brincadeira, mas houve um tempo que essa expressão NÃO era sinônimo de corrupção e ganância. Como não podia deixar de ser, o evento foi um debate sobre desenvolvimento. Falaram mestres no assunto, como Maria da Conceição Tavares e Hélio Jaguaribe, e acadêmicos com quem tenho minhas diferenças mas que gosto de ouvir, como Carlos Lessa. Otima tarde, aprendi bastante.
Quarta-feira foi a vez de eu me aventurar por esse terreno. Eu havia recebido um convite da Universidade Veiga de Almeida para dar uma palestra sobre políticas sociais brasileiras. Pedi uma ligeira alteração no tema, minha apresentação foi "Modelos de Desenvolvimento e Políticas Sociais". O argumento: a mudança no conceito de desenvolvimento, do enfoque no crescimento econômico para a perspectiva mais ampla que trata da expansão dos direitos sociais, da consolidação da democracia e da melhoria da qualidade de vida. Procurei relacionar essa transformação com a pressão dos movimentos populares e das lutas políticas, mostrando como foram capazes de trazer novos temas ao centro da agenda pública, tais como o combate ao racismo e a segurança alimentar.
As organizadoras da palestra haviam sugerido que eu utilizasse música para marcar algumas passagens, de modo que usamos as canções de Vinicius de Moraes, Caetano Veloso, Aldir Blanc e Cazuza para pontuar os momentos mais importantes da apresentação. Foi uma bela manhã e me diverti bastante. No debate que se seguiu, as questões diziam respeito às avaliações do governo Lula e encontrei a maioria dos estudantes muito críticos, tanto pela corrupção quanto pela postura social do presidente, que classificaram de "assistencialista". O mais interessante foram os questionamentos sobre como a violência poderia ser tratada sob a perspectiva de um novo modelo de desenvolvimento - ecos da ocupação das favelas cariocas pelo Exército e da exibição pela TV Globo do ótimo documentário "Falcão, os meninos do tráfico", de MV Bill, Celso Atahyde e da Central Única de Favelas.
As pessoas na Veiga de Almeida foram muito carinhosas comigo, me paparicando com presentes, abraços, poses para fotos, quantidades abissais de comida e tudo o mais. Especialmente emocionante para mim foi reencontrar meu orientador da graduação, e tutor da iniciação científica, que agora coordena o curso de jornalismo daquela universidade. Tínhamos nos esbarrado em Brasília, há dois anos. Eu ia apresentar uma pesquisa no Senado, ele ia para uma reunião no MEC. Desta vez, conversamos sobre minha experiência acadêmica e ele me deu bons conselhos e incentivos.
Voltei para o trabalho na parte da tarde, a tempo de dar entrevista para uma rádio gaúcha sobre temas semelhantes: modelo de desenvolvimento, governo Lula, conflitos sociais. As perguntas foram muito boas e a conversa rendeu. Outra ótima surpresa do dia foi o pedido de uma autora de livros didáticos sobre cultura afro-brasileira para incluir reproduções de um artigo meu "Onde Você Guarda Seu Racismo?", em sua próxima publicação. Às vezes tudo dá certo, não é?
Aos poucos, sinto que vai se formando uma certa perspectiva da maneira pela qual vejo o desenvolvimento, e que vem se traduzindo em uma série de atividades: aulas, palestras, entrevistas, escritos e, claro, política. Adoro estudar, adoro a vida acadêmica. Mas ela só tem valor para mim se estiver profundamente ligada nas disputas que um dia vão "fazer deste lugar um bom país". Que Celso Furtado ilumine meu caminho.
Quarta-feira foi a vez de eu me aventurar por esse terreno. Eu havia recebido um convite da Universidade Veiga de Almeida para dar uma palestra sobre políticas sociais brasileiras. Pedi uma ligeira alteração no tema, minha apresentação foi "Modelos de Desenvolvimento e Políticas Sociais". O argumento: a mudança no conceito de desenvolvimento, do enfoque no crescimento econômico para a perspectiva mais ampla que trata da expansão dos direitos sociais, da consolidação da democracia e da melhoria da qualidade de vida. Procurei relacionar essa transformação com a pressão dos movimentos populares e das lutas políticas, mostrando como foram capazes de trazer novos temas ao centro da agenda pública, tais como o combate ao racismo e a segurança alimentar.
As organizadoras da palestra haviam sugerido que eu utilizasse música para marcar algumas passagens, de modo que usamos as canções de Vinicius de Moraes, Caetano Veloso, Aldir Blanc e Cazuza para pontuar os momentos mais importantes da apresentação. Foi uma bela manhã e me diverti bastante. No debate que se seguiu, as questões diziam respeito às avaliações do governo Lula e encontrei a maioria dos estudantes muito críticos, tanto pela corrupção quanto pela postura social do presidente, que classificaram de "assistencialista". O mais interessante foram os questionamentos sobre como a violência poderia ser tratada sob a perspectiva de um novo modelo de desenvolvimento - ecos da ocupação das favelas cariocas pelo Exército e da exibição pela TV Globo do ótimo documentário "Falcão, os meninos do tráfico", de MV Bill, Celso Atahyde e da Central Única de Favelas.
As pessoas na Veiga de Almeida foram muito carinhosas comigo, me paparicando com presentes, abraços, poses para fotos, quantidades abissais de comida e tudo o mais. Especialmente emocionante para mim foi reencontrar meu orientador da graduação, e tutor da iniciação científica, que agora coordena o curso de jornalismo daquela universidade. Tínhamos nos esbarrado em Brasília, há dois anos. Eu ia apresentar uma pesquisa no Senado, ele ia para uma reunião no MEC. Desta vez, conversamos sobre minha experiência acadêmica e ele me deu bons conselhos e incentivos.
Voltei para o trabalho na parte da tarde, a tempo de dar entrevista para uma rádio gaúcha sobre temas semelhantes: modelo de desenvolvimento, governo Lula, conflitos sociais. As perguntas foram muito boas e a conversa rendeu. Outra ótima surpresa do dia foi o pedido de uma autora de livros didáticos sobre cultura afro-brasileira para incluir reproduções de um artigo meu "Onde Você Guarda Seu Racismo?", em sua próxima publicação. Às vezes tudo dá certo, não é?
Aos poucos, sinto que vai se formando uma certa perspectiva da maneira pela qual vejo o desenvolvimento, e que vem se traduzindo em uma série de atividades: aulas, palestras, entrevistas, escritos e, claro, política. Adoro estudar, adoro a vida acadêmica. Mas ela só tem valor para mim se estiver profundamente ligada nas disputas que um dia vão "fazer deste lugar um bom país". Que Celso Furtado ilumine meu caminho.
2 Comentarios:
Nova estrela nada - Mauricio sempre foi um mestre, em vários sentidos. O sucesso não é por acaso, e sim fruto de um longo caminho que só poderia dar em um lugar. :)
Mas que é bom quando tudo parece dar certo, isso é!
Estrela? Alguém avisou o dono do mercadinho onde faço compras? Quero desconto no leite e na lasanha congelada!
Mas falando sério, estou me divertindo muito com a carreira acadêmica. Em que outra profissão eu seria pago para ler e conversar sobre os assuntos dos quais gosto?
Quanto à orientação, dom Igor, já está marcada. De repente você se anima e vai fazer trabalho de campo em Buenos Aires....
Abraços
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