Será que ele é Maomé?
Não canso de me surpreender em como o carnaval de rua no Rio de Janeiro está cada vez melhor. Os blocos se multiplicam, estão mais cheios e em todos você encontra gente bonita, animada. Meu bairro, Santa Teresa, tem uma arquitetura de ladeiras e sobrados que lembra Olinda. E o próprio carnaval em Santa está tão movimentado que cada vez mais se parece com da cidade pernambucana. Um amigo estrangeiro que pela primeira vez curtiu a festa no Rio ficou deslumbrado: "Vi dois rapazes que começaram a brigar e de repente todo o bloco os vaiou. A vergonha deles foi tanta que pararam na mesma hora!". O país do meu amigo quase foi destruído por uma brutal guerra
civil há poucos anos, demonstrações públicas de paz o impressionam.
Outra amiga comentava o choque que sentiu uma americana ao descobrir que numa das marchinhas mais populares os foliões pediam a "Alá, meu bom Alá" que os ajudassem a suportar o calor. "Mas isso não é uma oração muçulmana?", ela quis saber. "Aqui não é como no seu país, aqui pode tudo", respondeu. O que mais me divertiu foi cantar "Será que ele é Maomé?" diante da cabeleira do Zezé, sem o risco do Hezbolá não gostar e jogar umas bombas na gente. Os jornais dinamarqueses devem estar se roendo de inveja.
E a Vila Isabel, campeã do Sambódromo com um enredo que louva a América Latina? Como diz meu amigo fraterno, Marcelo Coutinho, carnaval também é integração. Desta vez financiada pelos petrodólares de Chávez, e com direito a Simon Bolívar em carro alegórico na marquês de Sapucaí. Mas por que não, uma vez que em São Paulo Serra e Alckmin foram tema de desfile? O investimento de Chávez no carnaval deve entrar no artigo que preparo sobre o presidente da Venezuela.
Bem, mas já é hora de voltar ao trabalho. E às leituras. Na coluna ao lado, criei uma seção nova, "Caiu na Rede, é Peixe", para colocar links para artigos interessantes que vaguem pelos mares da Web. Os temas são os mesmos deste blog: relações internacionais, cinema e literatura. Penso em atualizá-la semanalmente. Sugestões são bem-vindas.
2 Comentarios:
Todos têm realmente comentado a respeito do crescimento do carnaval de rua e da popularidade dos blocos carioca, que ficaram evidentes esse ano. Mesmo assim, um olho no bloco, outro na missa: na Banda de Ipanema, um amigo levou um “Boa noite Cinderela” e vai precisar fazer plástica pra restaurar o rosto. Foi feio e vergonhoso.
Putz, Ock! Que coisa terrível com o seu amigo! Espero que ele se recupere rápido! Abraços.
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