Syriana
Se você quiser aprender sobre relações internacionais nos dias de hoje, precisa ir mais ao cinema. "Syriana", de Steven Sordenberg, é uma ótima abordagem sobre os conflitos no Oriente Médio, com a mesma equipe de "Traffic", incluindo o excelente roteirista Stephen Gaghan. A partir do livro de memórias de um desiludido agente da CIA, Gaghan teceu uma teia das relações entre governos, empresas e terroristas no Grande Jogo da disputa pelo petróleo.
A trama é formada por várias histórias que vão se cruzando, tendo como fio condutor a tentativa de um príncipe árabe de reformar seu país, usando os abundantes recursos do petróleo e do gás para financiar projetos de desenvolvimento. Mas ele contraria interesses americanos ao beneficiar companhias chinesas e então o governo dos EUA e um conglomerado petrolífero iniciam um plano para afastá-lo do poder, em benefício de seu irmão mais manipulável.
Nessa teia entram um agente da CIA que se tornou incômodo para a organização, duas empresas americanas num processo corrupto de fusão, um consultor que se torna conselheiro do príncipe reformista e as ações de um grupo terrorista que recruta jovens nas favelas árabes. Os personagens são muito bons, com fraquezas e ambições bastante verossímeis, e o filme tem um olhar muito atento aos principais temas da política internacional contemporânea. O título "Syriana" é um termo utilizado por alguns centros de pesquisa dos EUA para o projeto de "redesenho estratégico" do Oriente Médio, defendido desde a década de 90 pelos homens que hoje formam o
círculo íntimo de Bush.
Embora o ponto alto seja o roteiro, vale destacar algumas boas atuações, em especial a de George Clooney, como o agente da CIA. Clooney também produziu "Syriana" e o excelente "Boa Noite a Boa Sorte", sobre a batalha do jornalista Edward Murrrow contra o abuso de poder do senador Joseph McCarthy durante a cruzada anticomunista dos anos 50.
Claro que essas atividades o tornaram impopular entre a direita americana. Foi taxado de "traidor" para baixo. O próprio Clooney responde que aprendeu a brigar: "Meu país certo ou errado significa que mulheres não votam, negros sentam-se no fundo dos ônibus e que ainda estamos no Vietnã. Meu país certo ou errado significa que não temos o New Deal."
Conspirador emérito.
2 Comentarios:
Elr definitvamente ganhou pontos comigo recentemente. :)
Sim, são muitos e bons filmes, e os Conspiradores estamos atentos. Mas a pedida para o fim de semana é "Ponto Final", do Woody Allen. Aguardem!
Abraços
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