O Senhor das Armas
"Há mais de 550 milhões de armas de fogo circulando pelo mundo. Isto é, uma para cada 12 pessoas. A única pergunta: como armamos as outras 11?". Assim começa a autobiografia do traficante de armas Yuri Orlov (ótima interpretação de Nicolas Cage), que narra sua ascensão no ofício, das primeiras vendas a gangues no Brooklyn até se tornar um magnata no mundo turbulento do pós-Guerra Fria.
O roteiro do diretor Andrew Niccol (o mesmo de Show de Truman) é espertíssimo, cheio de diálogos rápidos e inteligentes. Destaco a primorosa sequência inicial, que mostra a trajetória de uma bala desde sua fabricação em algum país da Europa Oriental até estourar a cabeça de um adolescente na África. Yuri se retrata como um anti-herói: determinado, criativo, ousado mas consumido pelo desejo insaciável de riqueza e reconhecimento social, que acaba tragando todos os que circulam a sua volta.
As atividades de Yuri atravessam Alemanha, Líbano, Colômbia, Ucrânia, Libéria e Serra Leoa enfrentando a Interpol, traficantes rivais e clientes pouco confiáveis. O roteiro ressalta o quanto governos precisam de homens como Yuri, para fazer o serviço sujo de armar aliados indigestos, sem deixar impressões digitais. "O Jardineiro Fiel" vê o mundo em preto e branco, aqui estamos nas tonalidades do cinza.
Recomendo o filme a todo mundo com interesse em relações internacionais. Se você for meu aluno, entenda essa dica como um dever de casa, o roteiro parece uma aplicação prática das nossas discussões teóricas sobre a “fragmentação das ameaças” no pós-Guerra Fria.
2 Comentarios:
Acho que o Cage é o Cigano Igor de Hollywood. Mas reconheço que ele sabe escolher bons papéis. Devo assistir o filme na próxima semana.
Bjão!
Meus amigos,
espero que Cage não passe por este blog! Costumo gostar dos filmes dele, o único que não me agradou muito foi o Adaptação.
Achei o Senhor das Armas muito interessante, pelos temas que coloca em cena, pelo cinismo do protagonista. Não é todo dia que se vê um filme assim.
Abraços
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