O Jardineiro Fiel
Minhas expectativas para o filme de Fernando Meirelles eram altas: excelente diretor, elenco estrelar e baseado em romance do mestre de espionagem John Le Carré. Acabei me decepcionando um pouco: é um bom suspense político sobre a ação das grandes indústrias farmacêuticas da África, mas peca pela trama previsível e pelo maniqueísmo.
O protagonista é um pacato diplomata britânico no Quênia (Ralph Fiennes, ótimo) cuja vida muda radicalmente após o brutal assassinato de sua mulher, Tessa (Rachel Weisz), uma ativista envolvida em investigações sobre grandes empresas. Claro que o enredo se desenvolve de modo a revelar as ligações escusas entre o governo de Sua Majestade e as corporações transnacionais - pode chocar o público europeu ou americano, mas só se eles não lêem seus próprios jornais em casos como Enron. No Brasil, é lugar comum.
Embora essas coisas aconteçam a todo tempo, também há o outro lado da moeda. Conheço muita gente boa na área social do governo e imagino que existam pessoas semelhantes em outros países. O programa anti-AIDS brasileiro, por exemplo, fruto de um excelente trabalho conjunto entre o Ministério da Saúde e as organizações da sociedade civil. É um tipo de história que me parece bem mais interessante do que o conflito apresentado no filme.
Apesar das minhas implicâncias com o roteiro, justiça seja feita à direção de Meirelles: impôs um estilo próprio ao filme e transformou o Quênia num protagonista, mostrando com grande sensibilidade suas paisagens, seus povos e até suas favelas.
2 Comentarios:
Meu caro Mauricio,
Nao me parecem justas as criticas ao filme. O problema da AIDS em Africa vem atraido a atencao da opiniao publica internacional ha algum tempo.
As corporacoes farmaceuticas produtoras de medicamentos essenciais ao combate da epidemia tiveram lucros astronomicos nos ultimos 10 anos.
A trama e previsivel mas real.
O caso da Eron, se nao nada, muito pouco tem haver com a trama do filme. Estamos falando aqui da vida de milhoes de africano(a)s que sao postas em graficos de previsao de lucros destas multinacionais.
O pior de tudo, e esse sim o ponto do filme, e que a vida humana e tratada como numero, como objeto de pesquisa para producao de lucro.
O filme nao chocou o publico europeu, apenas informou-o sobre as atividades dessas corporacoes.
So uma pequena informacao: em 2004 o governo da Africa do Sul baniu de seu pais um sem numero de NGOs e empresas internacionais participando em "trials" de novos medicamentos, nao so para AIDS mas outras doencas com potencial de lucro.
Por fim, realmente o governo brasileiro tem um programa exemplar e mundialmente reconhcido na area da AIDS. Contudo, o problema da AIDS em Africa e de outra dimensao com consequencias sociais, politicas e de seguranca catastroficas ja acontecendo.
A trama do filme tentou abordar aspectos desse problema que nao tem nada haver com o caso brasileiro.
Saudacoes,
Meu caro Mauricio,
Nao me parecem justas as criticas ao filme. O problema da AIDS em Africa vem atraindo a atencao da opiniao publica internacional ja ha algum tempo.
As corporacoes farmaceuticas produtoras de medicamentos essenciais ao combate da epidemia tiveram lucros astronomicos nos ultimos 10 anos.
A trama e previsivel mas real.
O caso da Eron, se nao nada, muito pouco tem haver com a historia contada no filme. Estamos falando aqui das vidas de milhoes de africano(a)s que sao postas em graficos de previsao de lucros destas multinacionais.
O pior de tudo, e esse sim o ponto do filme, e que a vida humana e tratada como numero, como objeto de pesquisa para producao de lucro.
O filme nao chocou o publico europeu, apenas informou-o sobre as atividades dessas corporacoes.
So uma pequena informacao: em 2004 o governo da Africa do Sul baniu de seu pais um sem numero de NGOs e empresas internacionais participando em "trials" de novos medicamentos, nao so para AIDS mas outras doencas com potencial de lucro.
Por fim, realmente o governo brasileiro tem um programa exemplar e mundialmente reconhcido na area da AIDS. Contudo, o problema da AIDS em Africa e de outra dimensao com consequencias sociais, politicas e de seguranca catastroficas ja acontecendo.
A trama do filme tentou abordar aspectos desse problema que nao tem nada haver com o caso brasileiro.
Saudacoes,
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