Nabuco
Em geral se comemoram os 100 anos de nascimento de personalidades ilustres, mas desta vez ocorre algo que nunca vi: a celebração do centenário da nomeação de Joaquim Nabuco como o primeiro embaixador do Brasil nos EUA. A atividade diplomática do político e escritor será tema de um seminário da fundação que leva seu nome . Costumo falar sobre Nabuco nas aulas de política externa brasileira, destacando seu papel na estratégia do barão do Rio Branco em buscar o apoio dos Estados Unidos para a ação brasileira na América do Sul, em particular na delimitação das fronteiras e na contenção da Argentina, então um colosso econômico.
Contudo, para mim a importância maior de Nabuco é como um cientista social pioneiro, autor de "O Abolicionismo", que apesar do título é na realidade um excelente estudo sobre a escravidão no Brasil e suas terríveis conseqüências para a vida econômica e social do país. O político foi coerente com o escritor e se tornou um dos líderes da campanha pela libertação dos escravos.
Outra obra de destaque de Nabuco é "Um Estadista do Império", a biografia de seu pai - um dos mais importantes políticos brasileiros do Segundo Reinado - que é também uma crônica detalhada das reviravoltas e turbulências do período. Tem até mensalão - pago pelo governo a jornalistas e deputados amigos - com direito a choro na tribuna e o argumento de que todos agiam assim. Também se repetem os debates sobre reforma política, tentando tornar as eleições mais próximas ao país real, mais representativas da opinião pública. Como dizia Tancredo Neves, os problemas do Brasil não mudam, apenas se agravam.
Por coincidência, neste semestre o professor Ricardo Benzaquen está dando no Iuperj um curso sobre a obra de Nabuco, com um programa bem interessante. Benzaquen é um mestre no pensamento social brasileiro, o fato de ter escolhido o autor de "O Abolicionismo" para tema de suas reflexões indica a atualidade e a importância de Nabuco como um intérprete deste país meio torto.
5 Comentarios:
Interessante, celebrar o centenário da nomeação de Joaquim Nabuco como o primeiro embaixador do Brasil nos EUA no limiar de uma nova batalha na eterna guerra guerra comercial em torno do suco de laranja, em seqüência aos sucessivos fracassos da diplomacia brasileira (candidaturas fracas e isoladas para os organismos internacionais) e em meio à maior crise moral da história política brasileira deve ter algum ponto prático positivo. Só não consigo enxergá-lo... Também infelizmente.
Abração.
Os blogs, decididamente, ganham cada vez mais importância como veículos de informação. Oxalá a blogspot não venha a tratar, no futuro, os blogs inativos como trata a globo.com, que os apaga!
Pois é, comecei um curso de leituras brasileiras aqui em BSB e, adivinhem, qual é o primeiro autor a ser lido?
JB, Minha Formação. O tema promete na prova do ano que vem.
BB,
Você está certo, o nabuco perdeu a arbitragem com a Guiana Inglesa. O barão ganhou várias, as mais famosas com a Guiana Francesa (arbitrada pelos suiços) e com a Argentina, Palmas (arbitrada pelo Goover Cleveland, presidente americano depois da cagada que o Quintino Bocayuva fez lá no governo provisório).
Nabuco lembra a aula do Daniel...
Postar um comentário
<< Home