Diálogo do Sul
Nos últimos dois dias estive num seminário do Itamaraty e do Ipea sobre o Fórum de Diálogo Índia-Brasil-África do Sul (IBAS). O palestrante mais importante foi o Nobel de Economia Joseph Stiglitz (foto), que teve cargos de liderança no governo Clinton e no Banco Mundial. Ele destacou o IBAS como a oportunidade para criar uma nova agenda de desenvolvimento para ser implementada pelas organizações internacionais.
Stiglitz acredita que essa articulação diplomática pode resultar em políticas favoráveis aos países do sul no que toca à comércio, finanças, dívida, propriedade intelectual e uso dos recursos naturais. Criticou duramente o governo dos EUA e chamou a atenção para a necessidade de outros indicadores além do PIB, que dêem conta da eqüidade social e da qualidade de vida, relegadas a planos secundários no debate atual. Falou com inteligência e humor, um bom contraste com o John Snow, a quem ouvi na terça-feira, e que tratou apenas da perspectiva usual de liberalização econômica.
No segundo dia os participantes se dividiram em grupos - participei do que discutiu desenvolvimento econômico. Houve boas apresentações sobre microcrédito, mercado de trabalho, fontes alternativas de energia e políticas de combate à pobreza, comparando as experiências dos três países do IBAS. A Índia se saiu melhor, seus representantes tinham resultados impressionantes para mostrar em todos os campos.
Não havia espaço na programação para um encontro de ONGs, mas conseguimos nos reunir nos intervalos das sessões principais. Fiquei responsável por fazer a articulação no Brasil com os representantes da sociedade civil sul-africana. Há boa vontade e entusiasmo de todas as partes, estou na expectativa de que consigamos implantar parcerias e projetos comuns.
Outro ponto muito bom do seminário foi ter visto a nova geração de diplomatas - incluindo amigos e ex-alunos - em ação. O Brasil pode se orgulhar deles, ou ao menos este professor pensa assim.
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