domingo, julho 24, 2005

O Direito Salvando Vidas

Ontem meu irmão salvou uma vida - um bebê de 8 meses, vizinho do meu padrinho. A família é muito pobre, toca uma pequena oficina. A criança estava bastante doente e o hospital não quis aceitar a internação, alegando carência do plano de saúde.

A filha do meu padrinho e meu irmão são advogados, ambos recém-formados. Eles se juntaram, rodaram pelo Fórum e conseguiram garantir a internação do bebê. O avô abraçou meu padrinho em lágrimas.

Os leitores mais antigos do blog devem estar lembrados do caso bem semelhante que ocorreu há um ano, quando tio Ricky teve um infarto (aliás, ele está bem, voltou e até me indicou um ótimo serralheiro para a reforma do apartamento).

A diferença desta vez é que meu irmão e minha prima não puderam contar com a defensoria pública, que está em greve há dois meses, e havia feito um excelente trabalho no caso do tio Ricky. Mas se valeram da solidariedade dos funcionários do fórum, que emprestaram inclusive computadores para que eles pudessem redigir a petição.

Por coincidência, ontem pela manhã conversei com uma amiga defensora, apaixonada pelo ofício, e ela se queixou do descaso do governo estadual pela categoria. Garantir os direitos dos pobres não é exatamente uma prioridade do Estado e os salários dos defensores estão muito defasados com relação a outras carreiras jurídicas.

Apesar dos problemas, acompanho com otimismo o trabalho dos meus amigos e parentes na defensoria, no ministério público, na advocacia geral da União e órgãos semelhantes. Num país como o nosso, a simples aplicação da lei e dos direitos constitucionais seria uma verdadeira revolução. Deve ser uma enorme realização profissional, pessoal e cidadã chegar em casa após um dia de trabalho e descobrir que se salvou a vida de um bebê. Minha homenagem a meu irmão e a minha prima.
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