Um Ônibus para a América
Há um mês aconteceu uma discussão neste blog sobre se a novela "América" influenciou no aumento do número de imigrantes brasileiros nos EUA. Na semana passada, o Globo Repórter teve como tema a vida dos nossos compatriotas no exterior - o gancho foi o assassinato de Jean Charles pela polícia britânica. Os repórteres do programa mostraram histórias de problemas, trabalho excessivo, dívidas e discriminação, tanto nos Estados Unidos quanto na Europa.
Meu irmão acredita que as pessoas caem na ilusão vendida pela novela, de achar que é só chegar em Miami, dançar num balcão de boate e tudo vai se resolver. Para ele, o Globo Repórter foi o resultado de uma crise de consciência da emissora, espécie de "mea culpa" por vender sonhos que não são realizáveis. Eu me mantinha cético: a TV influi no modo de cortar o cabelo ou na escolha da sandália. Mas mudar de país?
Conversei sobre isso com uma amiga que viaja com freqüência aos EUA e ela discordou de mim: "Você não imagina a força que a televisão tem no imaginário das pessoas. O pedreiro que estava fazendo a reforma lá de casa, por exemplo, quer ir para os Estados Unidos por causa da novela.... E ele quer ir de ônibus, porque acha que é logo ali, como São Paulo!"
Bem, e como ele pensaria o contrário? Afinal, se ele assiste ao folhetim, sabe que na América se fala português, tanto entre os gringos quanto entre os mexicanos e os cubanos. Será que devemos mandar a polícia britânica atrás da Glória Perez?
6 Comentarios:
Matar a Glória Perez? Que feio.
Provavelmente o Globo Repórter é resultado de pressão em torno da questão sobre a imigração ilegal, muito mais que um "mea culpa" da emissora, tanto realizado por brasileiros, como não brasileiros.
Outro dia o Fantástico dedicou uma reportagem à pressão para que as pessoas se tornassem fiscais do governo.
A globo tem se tomado o papel de arautos do moralismo.
O pedreiro pode acreditar que pode mudar sua vida, que há um lugar onde se vive melhor e se ganha melhor.
Talvez seria ainda melhor se o pedreiro percebesse que ele ganha pouco no Brasil para que nos Estados Unidos as pessoas ganhem mais, mas que ele nao pode ir para lá legalmente.
Folhetim é folhetim. Reconheçamos que muita gente não fazia idéía do que era transplante de medula antes do tema ser aboradado também pela Globo. Por essas e outras ela tomou para si o papel de arauto das mazelas populares. Eu sei que é clichê, e posso estar sendo simplista também, mas a mídia não teria todo esse poder se a população recebesse o mínimo de educação possível para diferenciar ficção de realidade, entender o que pode ser uma prestação de serviço e o que vira desserviço. Senso crítico e canja de galinha não fazem mal à ninguém...
Car@s,
do meu mundinho de classe média, o cotidiano retratado na novela é ruim. Mas se eu fosse um pobre coitado como os que vejo diariamente ralando em meio ao sol e à poeira, distribuindo panfletos de dinheiro rápido ou quebrando pedra... Bem, até que fazer faxina nos EUA não parece tão mal.
Outro dia eu almoçava num restaurante e os garçons conversavam sobre a América: "Lá o salário mínimo é de R$3 mil e todo mundo tem direito a ter um carro". As pessoas sobrevivem de muita coisa, inclusive de sonho.
BB, a sua novela favorita está no meio de uma polêmica. O Miguel Falabella está brigando com grupos gays, ambientalistas e de defensores de índios. Lembro de que você prometeu um post sobre A Lua me Disse. Estou curiosíssimo para saber o porquê de tantas disputas.
Abraços
Hahahahahaha! Viva a Lua me Disse! Vi uns capítulos pelo Globo Midia Center e também gostei! :)
Cláudia, a Televisão ou qualquer meio de comunicação de massa, se é que ainda se pode falar nisso, já que não é mais razoável se falar em massa, não tem mesmo tanto poder assim, mesmo hoje. A educação é muito mais perigosa que a TV... muito!
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