O Próximo Passo
Por conta do artigo no Globo, muitos amigos e alunos me procuraram no fim de semana para compartilhar a decepção com o governo Lula e desabafar o sentimento de falta de perspectivas para o país. A sensação de que a política nacional é essencialmente corrupta e que nossos sonhos foram todos vendidos, tão barato que nem acreditamos.
Comentei em posts anteriores que as organizações da sociedade civil estão divididas quanto ao que fazer. O governo foi hábil em cooptar lideranças com cargos, prestígio simbólico, almoços com ministros ou simplesmente com o discurso de que criticar Lula é fazer o jogo da direita. De minha parte, penso que essa proximidade com o poder oficial é desastrosa para ONGs e movimentos sociais, além de colocar boas pessoas num verdadeiro pântano moral, de difíceis escolhas.
Acredito que a situação irá se agravar, agora que o governo recorre à reforma ministerial para consolidar a aliança com o PMDB, o maior saco de gatos da República. Com amigos desse naipe, tudo o que a oposição precisa fazer é esperar e observar. Cinco segundos de investigação resolvem o resto.
Não sei até quando conseguirei manter minha autonomia para escrever e pesquisar dentro do Ibase, depois do esporro que levei na sexta. Se o instituto optar pela adesão ao governo, será hora de pensar em alternativas, talvez na academia, talvez no jornalismo. Sempre vivi do que escrevo e não pretendo abandonar minha liberdade, sem ela perco o próprio sentido do meu trabalho.
Em meio à crise política, tenho redescoberto o imenso prazer que sinto com a literatura. As conversas com amigos e colegas de Ibase giram sobre as crônicas de Rubem Braga e Nelson Rodrigues, os poemas de Vinicius, os contos de Borges e os romances de Thomas Mann. Consegui empolgar minha estagiária, amanhã emprestarei a ela "A Montanha Mágica" e um livro de contos de Cortázar, que traz uma obra-prima, "O Perseguidor", o perfil de um músico de jazz genial e atormentado, inspirado em Charlie Parker.
Na sexta uma amiga querida me convidou para escrever para o grupo de teatro que ela está montando, que tem o nome delicioso de "O Próximo Passo". No sábado, numa festa, convenci outro amigo a se juntar à trupe e por conta disso nos meses vindouros devo brincar um pouco de dramaturgo e escritor. Por que não? Inquietude e vontade de experimentar, sempre. Senão a gente vira Delúbio. Que aliás - acreditem - trabalhou no Ibase.
Comentei em posts anteriores que as organizações da sociedade civil estão divididas quanto ao que fazer. O governo foi hábil em cooptar lideranças com cargos, prestígio simbólico, almoços com ministros ou simplesmente com o discurso de que criticar Lula é fazer o jogo da direita. De minha parte, penso que essa proximidade com o poder oficial é desastrosa para ONGs e movimentos sociais, além de colocar boas pessoas num verdadeiro pântano moral, de difíceis escolhas.
Acredito que a situação irá se agravar, agora que o governo recorre à reforma ministerial para consolidar a aliança com o PMDB, o maior saco de gatos da República. Com amigos desse naipe, tudo o que a oposição precisa fazer é esperar e observar. Cinco segundos de investigação resolvem o resto.
Não sei até quando conseguirei manter minha autonomia para escrever e pesquisar dentro do Ibase, depois do esporro que levei na sexta. Se o instituto optar pela adesão ao governo, será hora de pensar em alternativas, talvez na academia, talvez no jornalismo. Sempre vivi do que escrevo e não pretendo abandonar minha liberdade, sem ela perco o próprio sentido do meu trabalho.
Em meio à crise política, tenho redescoberto o imenso prazer que sinto com a literatura. As conversas com amigos e colegas de Ibase giram sobre as crônicas de Rubem Braga e Nelson Rodrigues, os poemas de Vinicius, os contos de Borges e os romances de Thomas Mann. Consegui empolgar minha estagiária, amanhã emprestarei a ela "A Montanha Mágica" e um livro de contos de Cortázar, que traz uma obra-prima, "O Perseguidor", o perfil de um músico de jazz genial e atormentado, inspirado em Charlie Parker.
Na sexta uma amiga querida me convidou para escrever para o grupo de teatro que ela está montando, que tem o nome delicioso de "O Próximo Passo". No sábado, numa festa, convenci outro amigo a se juntar à trupe e por conta disso nos meses vindouros devo brincar um pouco de dramaturgo e escritor. Por que não? Inquietude e vontade de experimentar, sempre. Senão a gente vira Delúbio. Que aliás - acreditem - trabalhou no Ibase.
4 Comentarios:
Dom Pupo,
obrigado, mas o comentário que ouvi de um dos diretores foi que o artigo "estava bem escrito, e esses são os piores!".
É triste ver o que está acontecendo no Ibase. As pessoas estão com medo de criticar o governo e se resignando à corrupção e à crise.
Abraços
Meu Deus... ele agora publica artigos em o Globo. É o mesmo repórter tímido do JBairros? Que medo...
Concordo com você em parte. Acho que tudo realmente tá uma merda, vai piorar sim , mas essa piora vai ser para uma posterior melhora. A população Está muito ligada nesta corrupção toda e a imprensa não vai deixar barato não. Ou o Lula muda isto ou então aposto em caras pintadas antes que o mandato termine. Vou linkar teu blog, gostei das idéias. Bjus Simy
Car@s,
a imprensa está fazendo um belo papel na fiscalização do governo, mas a situação nas ONGs e nos movimentos sociais está terrível. A CUT e o MST, por exemplo, estão organizando manifestações de APOIO ao governo.
Abraços,
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