O Efeito Orloff
Conversando com uma colega e amiga argentina ontem à tarde, a primeira pergunta que ouvi foi: "mas o que está acontecendo com o seu país?" Como ela chegou ao Rio anteontem, está se familiarizando com o clima político forçadamente. Basta ler as manchetes dos jornais ou ligar a TV.
Já havia discutido com o Mauricio sobre isso em outra ocasião, mas se prestássemos mais atenção de maneira geral à política argentina, comparando-a mais freqüentemente com a nossa, veríamos uma série de coincidências difíceis de serem ignoradas. Minha amiga argentina não se cansava de repetir as semelhanças da crise política brasileira atual e da crise enfrentada por Fernando de la Rúa -- tanto Lula como de la Rúa foram eleitos a partir de uma desilusão com a política econômica, uma esperança de moralização política e com o apoio de uma base social ampla. A desilusão popular vem quando a política econômica não se altera (de fato o modelo se aprofunda), a corrupção vira moeda corrente de troca (lembrem que o estopim da crise argentina foi a compra de votos no Congresso Argentino) e uma desilusão profunda da opinião pública a respeito de uma solução política para a crise.
Claro que é bom lembrar que, quando a crise estourou na Argentina, restavam ainda três anos de mandato a de la Rúa, o que transformava quase toda sua presidência em uma exercício de sobrevivência de crise. Mais ainda: o partido peronista é uma força no país que não tem paralelo no nosso. Com tudo isso, a sociedade argentina esgarçou-se e conhecemos o resultado: de la Rúa caiu e a economia argentina se afundou no buraco em que estava. Não creio que atingiremos este ponto, mas é importante lembrarmos da Argentina.
Ao fim da conversa, minha colega comentou: "o grande problema é que vivemos em crise constante, a única coisa que varia são os graus desta crise." É triste. Mas é verdade.
Já havia discutido com o Mauricio sobre isso em outra ocasião, mas se prestássemos mais atenção de maneira geral à política argentina, comparando-a mais freqüentemente com a nossa, veríamos uma série de coincidências difíceis de serem ignoradas. Minha amiga argentina não se cansava de repetir as semelhanças da crise política brasileira atual e da crise enfrentada por Fernando de la Rúa -- tanto Lula como de la Rúa foram eleitos a partir de uma desilusão com a política econômica, uma esperança de moralização política e com o apoio de uma base social ampla. A desilusão popular vem quando a política econômica não se altera (de fato o modelo se aprofunda), a corrupção vira moeda corrente de troca (lembrem que o estopim da crise argentina foi a compra de votos no Congresso Argentino) e uma desilusão profunda da opinião pública a respeito de uma solução política para a crise.
Claro que é bom lembrar que, quando a crise estourou na Argentina, restavam ainda três anos de mandato a de la Rúa, o que transformava quase toda sua presidência em uma exercício de sobrevivência de crise. Mais ainda: o partido peronista é uma força no país que não tem paralelo no nosso. Com tudo isso, a sociedade argentina esgarçou-se e conhecemos o resultado: de la Rúa caiu e a economia argentina se afundou no buraco em que estava. Não creio que atingiremos este ponto, mas é importante lembrarmos da Argentina.
Ao fim da conversa, minha colega comentou: "o grande problema é que vivemos em crise constante, a única coisa que varia são os graus desta crise." É triste. Mas é verdade.
2 Comentarios:
Meu caro,
sem dúvida há muitos pontos em comum. Mas me saltam aos olhos mais duas diferenças na Argentina:
1-Lá a economia já estava muito ruim, no Brasil o quadro é estável.
2-O vice-presidente renunciou em protesto contra a corrupção. No PT, ninguém parece estar vivendo um dilema de consciência.
Mais tarde posto sobre minha reunião de ontem em Brasília. Novidades de bastidores...
Abraços,
Caros, essa diferença da economia é essencial. Sua amiga argentina esqueceu que o governo de la Rúa enfiou um corralito garganta abaixo dos argentinos, congelando economias e desvalorizando brutalmente a popuança em pesos que os hermanos achavam valer o mesmo que o dólar... E ainda manteve por um tempo como ministro o mesmo Domingo Cavallo que enterrou a economia argentina.
De la Rúa assumiu em pleno desmoronamento da ilsuão argentina em relação à estabilidade do peso, a tal convertibilidade. Os argentinos começavam ali a perceber a degradação brutal de seu padrão de vida, criado com as políticas equivocadas do Menem. O peronismo estava em frangalhos, em meio a disputas internas (bom, o PT não está lá tão coeso assim, mas é diferente)...
Ao contrário da Argentina, pelo menos por enquanto os indicadores macroeconmicos brasileiros agradam ao mercado financeiro, aos economistas, ao formadores de opinião na grande imprensa, ao contrário do que se passava com de La Rúa. E, com todas s encrencas, a economia está crescendo (menos, muito menos que devia), a inflação caindo, e índices de emprego aumentando. Não há comparação. O que há é um desencanto geral da população com a política e as anternativas de esqeurda. E isso é apavorante.
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