A Vocação de Todos
"O funcionalismo é a profissão nobre e a vocação de todos. Tomem-se, ao acaso, 20 ou 30 brasileiros em qualquer lugar onde se reúna a nossa sociedade mais culta, todos eles ou foram, ou são, ou hão de ser, empregados públicos, se não eles, seus filhos."
Joaquim Nabuco, político, diplomata e pioneiro das ciências sociais brasileiras, escreveu essas palavras em O Abolicionismo, há uns 120 anos. Me surpreendo em constatar o quanto elas permanecem verdadeiras. Ultimamente, não consigo ir a uma festa, ou passar por uma roda de conversa com mais de quatro pessoas em que não se discuta a oportunidade de um concurso público.
Como leciono num preparatório para o Itamaraty, sempre me perguntam sobre a prova e a carreira diplomática - o chanceler deveria me pagar um pro labore pela quantidade de dúvidas que tiro. É impressionante o quanto meus colegas de pós-graduação estão interessados na possibilidade de ingressar no Ministério das Relações Exteriores, que paga melhor do que as sucateadas universidades públicas, que além disso realizam poucos concursos.
O entusiasmo com o funcionalismo vem, claro, dos problemas econômicos do país e de uma certa saturação no mercado de trabalho de várias profissões. O lado bom dessa situação é que o serviço público está atraindo uma juventude com alta escolarização, recrutada por mérito. No futuro, quando essa geração chegar a cargos de chefia, o impacto sobre a eficiência do Estado será grande. Meu irmão fala com admiração dos jovens juízes, preocupados com temas sociais e outro dia conheci uma moça muito simpática e inteligente numa festa, que lá pelas tantas me contou que é agente especial da Polícia Federal, encarregada da segurança do embaixador dos EUA em Brasília!
Com boas oportunidades de treinamento e formação, o funcionalismo continua a desempenhar o papel identificado por Nabuco: "abriga todos os pobres inteligentes, todos os que têm ambição e capacidade, mas não têm meios, e que são a grande maioria dos nossos homens de merecimento." Troquemos "pobres" por "pessoas da classe média" e creio que teremos um retrato razoavelmente preciso.
Joaquim Nabuco, político, diplomata e pioneiro das ciências sociais brasileiras, escreveu essas palavras em O Abolicionismo, há uns 120 anos. Me surpreendo em constatar o quanto elas permanecem verdadeiras. Ultimamente, não consigo ir a uma festa, ou passar por uma roda de conversa com mais de quatro pessoas em que não se discuta a oportunidade de um concurso público.
Como leciono num preparatório para o Itamaraty, sempre me perguntam sobre a prova e a carreira diplomática - o chanceler deveria me pagar um pro labore pela quantidade de dúvidas que tiro. É impressionante o quanto meus colegas de pós-graduação estão interessados na possibilidade de ingressar no Ministério das Relações Exteriores, que paga melhor do que as sucateadas universidades públicas, que além disso realizam poucos concursos.
O entusiasmo com o funcionalismo vem, claro, dos problemas econômicos do país e de uma certa saturação no mercado de trabalho de várias profissões. O lado bom dessa situação é que o serviço público está atraindo uma juventude com alta escolarização, recrutada por mérito. No futuro, quando essa geração chegar a cargos de chefia, o impacto sobre a eficiência do Estado será grande. Meu irmão fala com admiração dos jovens juízes, preocupados com temas sociais e outro dia conheci uma moça muito simpática e inteligente numa festa, que lá pelas tantas me contou que é agente especial da Polícia Federal, encarregada da segurança do embaixador dos EUA em Brasília!
Com boas oportunidades de treinamento e formação, o funcionalismo continua a desempenhar o papel identificado por Nabuco: "abriga todos os pobres inteligentes, todos os que têm ambição e capacidade, mas não têm meios, e que são a grande maioria dos nossos homens de merecimento." Troquemos "pobres" por "pessoas da classe média" e creio que teremos um retrato razoavelmente preciso.
1 Comentarios:
Dom Pupo,
acho que existe esse lado ruim que você mencionou, com certeza. Vejo isso em minha própria família com bastante força.
Mas o outro lado da moeda é ter pessoas competentes a serviço do Estado. A mentalidade de alguém contratado por concurso (meu irmão) é bem diferente de quem entrou por clientelismo (meu pai).
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