O Circuito do Oscar
A melhor do ano: Menina de Ouro
Nas últimas duas semanas me dediquei à agradabilíssima tarefa de assistir aos filmes que concorrem ao Oscar. "O Aviador" é o favorito, com 11 indicações, mas acho que é o mais fraco da safra deste ano. Escolher o melhor é mais difícil, ainda assim aponto "Menina de Ouro", de Clint Eastwood, como meu preferido.
Hillary Swank, ainda mais afiada do que em "Meninos não Choram", interpreta uma garçonete balzaquiana que sonha em virar boxeadora. Ela talvez esteja velha demais, mas tem talento. Tudo que precisa é de um empurrãozinho - ou de um bom treinador, como Frank Dunn (Eastwood), amargurado por mágoas do passado, que administra um ginásio em parceria com um amigo dos tempos do ringue, Scrap (Morgan Freeman, excelente!).
Como em todos os filmes dirigidos por Eastwood, os personagens são durões, pessoas feridas pela vida, mas extremamente competentes no que fazem. As lutas ocupam pouco tempo do filme. A história na realidade é sobre companheirismo, dedicação, o sonho de ir além dos próprios limites. E da dor inerente a essa tentativa. Muito, muito bom. Me lembrou alguns dos grandes contos de boxe de Hemingway, como "The Killers".
"Sideways" também é excelente. Dois amigos partem numa viagem pelas vinícolas da Califórnia, às vésperas do casamento de um deles. Um é ator, mulherengo e canastrão. O outro é um escritor frustrado, depressivo, que ganha a vida ensinando inglês. Ao longo de uma semana provando vinhos, se envolvendo com belas mulheres (bem, algumas nem tão belas) e discutindo os tais caminhos secundários que a vida às vezes toma, os dois passarão por grandes momentos. Ótimo roteiro e atuações, com tudo o que você sempre quis saber sobre a uva Pinot noir.
Destaco ainda "Em Busca da Terra do Nunca", filme pelo qual não dava nada. Mas a história do dramaturgo que escreveu "Peter Pan" é um belo conto de amor, com sacações geniais sobre inspiração e criatividade. Aviso: leve lenços. Os caras sabem como fazer chorar, embora o filme esteja a léguas de ser melodramático. Nada com um bom roteiro para mexer com as emoções do público.
Quanto a "O Aviador", é uma matinê legal. Mestre Scorcese foi indicado várias vezes ao Oscar, por filmes excelentes como "Gangues de Nova York". Se ganhar com este, pelo menos a Academia terá escrito certo por letras tortas, o que não é privilégio de Deus.
4 Comentarios:
Ando atrasado em termo cinematográficos. Alexandre parece ter me desiludido a tal ponto que ainda não tive coragem de voltar a uma sala de projeção.
Aviador não tem atraído a minha curiosidade. Menina de Ouro já tem sido o oposto.
Mas por enquanto, Closer, é o meu preferido. E sim, Alexandre acaba com qualquer ilusão.
Caros,
acabei nem comentando "Closer". Gostei, mas para uma história sobre frustrações, o elenco é glamouroso demais. É difícil imaginar um sujeito casado com a Julia Roberts ou com a Natalie Portman reclamando da vida.
Falta ver "Ray" e estou na expectativa de "Mar Adentro". O cinema espanhol tem mandado bem.
Aguardo seus comentários sobre "Mar Adentro"....
bjs,
Leticia
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