Reforma da ONU
Um mundo de problemas...
Na semana passada, assisti a uma palestra da cientista política Valerie Mello, do Secretariado da ONU, sobre a reforma da organização. As Nações Unidas estão sob fogo cruzado: nos EUA, são atacadas como corruptas e ineficientes, um cabide de emprego para apadrinhados de ditadores. Nos movimentos sociais, são vistas como autoritárias e servis diante das grandes potências. Valha-me Deus, até a Portela foi falar da ONU e deu no que deu: carros quebrados, Velha Guarda impedida de desfilar e um amargo penúltimo lugar.
Em setembro vai acontecer uma cúpula sobre a reforma das Nações Unidas e o IBASE deve acompanhar o processo. No Fórum Social Mundial, a reforma da ONU foi um dos temas mais discutidos, com propostas como alterar o sistema de representação da organização, para que leve em conta não só Estados, mas também governos regionais (províncias, prefeituras) e até mesmo indíviduos, através de algum tipo de parlamento mundial. Também houve sugestões de mudar a sede das Nações Unidas para um país em desenvolvimento.
Valerie Mello apresentou o relatório sobre ameças à segurança internacional. Foi uma exposição excelente, destacando vários dos principais pontos do debate. Em resumo, a ONU trabalha com uma perspectiva ampla do problema, considerando questões como tensões econômicas e sociais, rivalidades étnicas, terrorismo, crime organizado e mesmo epidemias e degradação do meio ambiente.
É uma agenda muito abrangente - talvez demais. O excesso de expectativas só pode levar à frustração, e às vezes a julgamentos injustos. Uma professora da PUC presente à palestra inclusive fez uma intervenção surpreendente, dizendo que as Nações Unidas tinham falhado em acabar com a guerra e por isso se tornaram inúteis.
Embora a ONU afirme em sua Carta que seu objetivo é livrar a humanidade do flagelo da guerra, não é muito realista esperar que uma instituição intergovernamental seja capaz de aprimorar a natureza humana a esse ponto.
O que é bem diferente de afirmar que a organização é inútil. Ela tem funções importantes, amenizando os efeitos mais violentos do unilateralismo americano, mantendo um fórum de debates mundial sobre temas políticos, econômicos e sociais, prestando auxílio humanitário em casos de guerra e catástrofes naturais, auxiliando governos com missões técnicas e científicas na cooperação para o desenvolvimento.
Minha experiência de trabalho com os africanos me ensinou o quanto é importante para os habitantes daquele continente o acesso aos serviços estatísticos e de pesquisa das Nações Unidas, na ausência de órgãos com a mesma capacidade técnica em seus países. Pode não ser glamouroso quanto a paz mundial. Mas é a base para projetos mais ambiciosos.
Em suma, começo a pesquisa já apaixonado pelo tema. Vem bom debate por aí.
4 Comentarios:
Mestre,
Em determinado momento do seu post me pareceu que você acredita que a 'Guerra' é fruto da natureza humana? Para um post que critica o realismo até que você está bem hobbesiano :)
Dr. JD,
Na realidade eu critico o idealismo, à la Sônia Camargo. E mestre Waltz que me perdoe, mas a guerra me parece profundamente arraigada na natureza humana, muito mais do que na configuração anárquica do Sistema Internacional. Depois conversamos sobre minhas leituras a respeito da guerra primitiva (Pierre Clastres, Arqueologia da Violência).
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