Sociedade Brasileira e Missoes de Paz
Anteontem dei palestra na Escola de Comando e Estado-Maior do Exército. Falei sobre as posições da sociedade brasileira com relação à participação do Brasil em missões de paz da ONU e outras operações multinacionais. Fui a convite de um instrutor da ECEME que é meu aluno na pós-graduação e o debate fez parte de um ciclo de estudos estratégicos que ocorreu na Escola.
A maior parte da platéia era formada por militares de média e alta patente do Exército: majores, coronéis, generais. O que disse a eles? Ressaltei que a redemocratização, a abertura econômica e as mudanças na tecnologia aumentaram o número de atores sociais brasileiros interessados em política externa e relações internacionais – empresas, ONGs, imprensa etc. Isso faz com que a ação do Brasil no exterior se dê num quadro mais complexo, com mais interesses envolvidos. Aumenta o risco de conflitos, mas também as oportunidades de cooperação.
Fechei minha fala contando a história de um rapaz que me disse em reunião na África do Sul que para ele o Brasil era a própria imagem internacional da solidariedade, um país-irmão. Destaquei que irmãos são tratados com carinho e afeto, mas também se espera mais deles do que de um amigo ou vizinho, nosso país tem o desafio de ser uma força favorável à cooperação e à paz nas relações internacionais de um mundo turbulento.
No debate que se seguiu, a maioria das perguntas dizia respeito ao modo como a imprensa cobre a participação brasileira. Critiquei bastante essa atuação, afirmando que a mídia tende a simplificar crises internacionais complicadas e acompanha os interesses brasileiros de maneira esporádica e episódica, em geral concentrando-se nos momentos de tragédias ou explosões políticas. Ressaltei a importância crescente da imprensa alternativa, como aquela que se expressa pelos blogs, onde com freqüência é possível encontrar análises mais interessantes do que aquelas publicadas na grande imprensa (se você duvida, cheque aí ao lado os sites do Biscoito Fino, Sérgio Leo, Sérgio Dávila e Tordesilhas)
Fui muito bem recebido na ECEME, os militares frisaram todo o tempo o quanto é importante o diálogo com o mundo universitário. Conversando com os generais e coronéis, ficou claro o quanto temos em comum em termos de preocupações com o fortalecimento das instituições brasileiras, da ação do Estado. Foi muito interessante trocar idéias com oficiais que estiveram em missões de paz na África, no Haiti e em Timor Leste. Saí com convites para participar de outros eventos na Marinha e preparar novos estudos para o Exército. Poucas vezes vi meu trabalho tão valorizado. Acho que é o início de uma grande amizade com as Forças Armadas.
Ah, sim. Em algum momento de uma semana agitada, completei 28 anos de idade. Achando que a vida está como deve ser.
4 Comentarios:
Meus parabéns pelo aniversário.
Essa imagem que você nos passa a respeito do Exército me deixa feliz, tendo a certeza que eles podem ser uma instituição que coopere com o poder civil, em vez de entrar em atrito com ele.
Pensei nisso a respeito daquela odiosa conclamação golpista do senador Antonio Carlos Magalhães, após os tristes episódios de terça feira.
Obrigado, Marcus.
Há ótimas oportunidades para o diálogo entre sociedade e Forças Armadas. Diálogo sempre.
Abraços
Oarabéns atrasados, Maurício, mas não precisava mentir tanto na idade. Uns 35 o pessoal até acreditaria.
Obrigado pela citação, só que assim v. me obriga a escrever coisa séria. E a audiência debanda... (-;
Forte abraço.
Excelente a resenha do livro sobre o Chávez. Vou chamar para cá, lá no blogue.
Obrigado, Sergio. No ano que vem continuarei a fazer 28, até quando possível.
Legal saber que você gostou da resenha. O livro é bem interessante, o que não é pouco para um personagem tão controverso.
Abraços
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