quinta-feira, dezembro 01, 2005

Em Recife

Falei tanto sobre o Nordeste no post anterior, e eis-me aqui. Cheguei em Recife na segunda-feira e fico até amanhã. Vim para um seminário sobre participação social no governo Lula, com representantes de todo o Brasil.

Como estou na organização do evento, o trabalho está muito puxado, com várias reuniões e discussões. Ontem apresentei ao seminário uma síntese dos debates sobre participação ocorridos nas oficinas regionais que serviram de preparação a este encontro nacional.

O tema é difícil e há um clima de desencanto e frustração com o governo Lula. Embora a retórica seja pró-participação, na prática a gestão das políticas públicas continua muito fechada e pouco transparente. Claro que isso contribuiu para os atuais escândalos de corrupção.

Apesar disso, as pessoas estão de bom humor e a confraternização está ótima. Só estou um pouco cansado por causa do ritmo intenso de trabalho, e com muitas providências me esperando no Rio por causa do apartamento e das obrigações acadêmicas.

Soube pela TV da cassação de José Dirceu e do atentado contra o ônibus no Rio. Imagino como deve estar a cidade, gostaria de ter mais informações.

5 Comentarios:

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Amigos abraçam Dirceu quando a cassação é anunciada
A queda de Dirceu

Brasília - À meia-noite e um, quando na Câmara era foi feito o anúncio oficial da cassação, José Dirceu estava em seu apartamento e, do térreo, podia-se ver, que várias pessoas o abraçaram. Em seguida, ele atendeu a alguns telefonemas.

Cerca de uma hora antes do anúncio da cassação, Dirceu já estava no seu apartamento, no terceiro andar de um prédio de apartamentos funcionais da Câmara, na Asa Sul da capital, e recebeu a visita de muitos amigos parlamentares e militantes do PT.

Pouco depois da chegada de Dirceu ao edifício, às 23 horas, quando já havia bastante gente no apartamento, chegaram os deputados petistas João Paulo Cunha (SP), ex-presidente da Câmara, Professor Luizinho (SP) e Devanir Ribeiro (SP) e o ex-deputado petista paraense Paulo Rocha e um grupo de militantes petistas.

dezembro 03, 2005 9:27 AM  
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Bagdá é aqui
Traficantes incendeiam ônibus e cinco
pessoas morrem queimadas. O terror
deixa a cidade e o mundo perplexos

Ricardo Miranda

O número 174, sinônimo da tragédia urbana carioca, foi sucedido na última semana pelo 350, símbolo da mais recente ação de traficantes contra a cidade, dessa vez um ato terrorista sem precedentes, digno de Beirute, Cabul e Bagdá. 174 era a linha do ônibus seqüestrado há cinco anos e meio no Jardim Botânico, zona sul do Rio de Janeiro, drama que terminou com a morte do bandido e da professora Geísa Gonçalves. Transmitido ao vivo, o fato causou revolta, virou filme e entrou para a extensa galeria da violência no Rio. Na escalada de ataques do tráfico – na cidade que já convive com balas perdidas, fechamento de vias expressas e tiroteio em túneis –, o impensável aconteceu. Às 22h30 da terça-feira 29 de novembro, na altura de Brás de Pina, na zona norte, o ônibus da linha 350, que transportava trabalhadores e estudantes de volta para casa, foi incendiado por traficantes armados. Depois de jogarem gasolina no assoalho do veículo e em cima das pessoas, fecharam as portas e atearam fogo. Cinco pessoas morreram – foram queimadas vivas –, entre elas a menina Vitória, de um ano e um mês, e a mãe, Wânia da Lúcia Barbosa, auxiliar de limpeza de 36 anos. O saldo da chacina: cinco mortos, 14 feridos, alguns em estado gravíssimo, e uma cidade perplexa. O caso teve repercussão internacional – CNN, Clarín, Reuters, EFE, AP. Tudo isso às vésperas do verão, ápice do turismo no Rio, e a um ano e meio de a cidade sediar os Jogos Pan-americanos.

Diante de um ato hediondo e covarde, as razões parecem importar menos. Mas o que se seguiu merece destaque. O ônibus 350 (Passeio–Irajá) foi incendiado por 12 traficantes do Morro da Fé, na Penha, zona norte da cidade, uma das áreas controladas pelo grupo criminoso Comando Vermelho (CV). Tinham decidido vingar a morte de um bandido pela PM, ocorrida na tarde daquele dia. Numa cidade onde os crimes contra os pobres, cometidos na periferia, costumam repercutir menos do que aqueles que atingem a elite, o massacre do 350 causou uma comoção necessária – e talvez não esperada pelos bandidos.


Em meio ao fogo Viviane de Souza Eusébio, 21 anos, está internada em estado grave. Ela tem uma filha de três anos, cursa o último período de pedagogia e trabalha numa creche comunitária. Ela voltava da faculdade
Audácia – O governo do Estado mandou 200 policiais subirem o morro com blindados atrás dos marginais. Quando o confronto parecia inevitável, o inesperado. No início da madrugada, chefes do CV ligaram para a Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) e avisaram: tinham encontrado, julgado e executado a tiros de escopeta e fuzil quatro responsáveis pelo incêndio do 350. Um quinto estava sendo caçado. “Taí os quatro que queimaram o ônibus. Nós do CV não aceitamos ato de terrorismo”, dizia um cartaz deixado em um carro abandonado com quatro corpos no porta-malas – uma espécie de nota oficial do poder paralelo. O secretário de Segurança Pública, Marcelo Itagiba, reagiu indignado. “Não existe bandido bom”, disse.

“Quando se mata, incendeia e queima com a
finalidade de assustar e atemorizar, trata-se de terrorismo”, sentenciou o presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Sérgio Cavallieri Filho, reclassificando o atual patamar da violência carioca. Especialistas em terrorismo e estratégia vêem semelhanças entre o que está acontecendo no Rio com o chamado “terrorismo disseminado” praticado em países árabes.

“Nesses lugares, os terroristas tentam cercear a vontade de luta da população-alvo”, explica o general da reserva Carlos Eduardo Jansen, que comandou as Forças Armadas no Rio durante a Conferência Rio 92 – último mega-evento realizado na cidade. “Um ato terrorista tem a finalidade de submeter o moral da população”, ensina. “Isso ultrapassa todas as ações de violência que a cidade já viu”, aponta o presidente da OAB-RJ, Octávio Gomes. “O atentado muda o foco da guerra”, faz coro o sociólogo Rubem César Fernandes, coordenador da ONG Viva Rio. O governo do Estado classifica o episódio como uma “barbárie”, mas não como um ato terrorista.


Ato repulsivo: chefes do Comando Vermelho mataram quatro responsáveis pelo incêndio. Os corpos foram encontrados com um bilhete que indignou o secretário Itagiba.
“Não existe bandido bom”

O incêndio do 350 se soma ao de outros 300 ônibus queimados nos últimos cinco anos no Rio. Só este ano, 73 ônibus foram incendiados ou depredados. Em todos os casos, os ônibus estavam vazios ou os passageiros eram retirados. Até agora. Segundo o relato de sobreviventes, a tragédia só não foi maior porque um jovem, Igor dos Santos Pereira, conseguiu abrir uma das portas do ônibus à força, permitindo a saída de vários passageiros. “Nem tive tempo de pensar. Meu namorado me puxou e saí correndo com ele. Senti minha sandália derreter no pé”, contou, aterrorizada, Dominique de Jesus, que sofreu queimaduras nos pés.

Um dos casos mais graves é o da pedagoga Viviane de Souza Eusébio, 21 anos, que teve metade do corpo queimado. Ela precisará fazer enxertos de pele. Todos se lembram dos gritos de Wânia, corpo jogado sob o da filha Vitória, enquanto as chamas lambiam todo o veículo. “Abram a porta, pelo amor de Deus! Minha filha é uma criança!”, implorava. As duas morreram Rogério de Oliveira Mendes, 27 anos, pai de Vitória e marido de Wânia, está internado com 45% do corpo queimado. Eles desceriam dois pontos adiante. Estavam felizes com a pequena casa recém-construída em Brás de Pina e com a filha, que começava a dar os primeiros passos.

dezembro 03, 2005 9:32 AM  
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Após cassação, José Dirceu concede entrevista na Câmara
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da Folha Online, em Brasília

O ex-ministro e deputado cassado José Dirceu (PT-SP) vai conceder uma entrevista coletiva nesta quinta-feira, às 14h30, na Câmara dos Deputados. Ele deve falar sobre o processo disciplinar que culminou na cassação de seu mandato parlamentar e sobre seus planos para o futuro.

Na madrugada de hoje, o plenário cassou o mandato do deputado. Foram 293 votos a favor da cassação e 192 contra. A Mesa contabilizou oito abstenções, um voto branco e um nulo.

Dirceu era considerado o "homem forte do governo", chamado por alguns rivais de "primeiro-ministro" e tido como o responsável por gerir o rolo compressor no Congresso Nacional para aprovar projetos de interesse do Executivo. Ele deixou a Câmara antes de iniciar a contagem dos votos, portanto, antes de perder seu mandato. Acompanhou de casa a leitura dos votos e soube à 0h01 que tinha sido cassado.

Sérgio Lima/Folha Imagem

Deputados em votação de processo contra Dirceu
A votação foi secreta, iniciada às 21h56, feita por cédulas, depositadas em duas urnas. O processo de votação começou depois dos discursos de acusação, feito pelo relator do pedido de cassação no Conselho de Ética, Júlio Delgado (PSB-MG), e depois da defesa de Dirceu.

Enquanto os deputados se dirigiam às urnas, Dirceu conversava com aliados e demonstrava tranqüilidade.

Na terça-feira, Dirceu dizia que estava preparado para a votação, mas contava com uma decisão a seu favor no STF (Supremo Tribunal Federal) na análise do mandado de segurança que pedia a suspensão do processo e a retomada dos depoimentos de testemunhas de defesa no Conselho de Ética.

Os ministros do STF, porém, frustraram as expectativas do deputado, mesmo com a concessão de uma liminar que determinava a retirada do relatório final do depoimento da testemunha de acusação Kátia Rabello, presidente do Banco Rural, e de todas as citações dela no parecer do relator do processo contra o deputado. A decisão do Supremo garantiu a manutenção da sessão destinada a votar o processo.

Até o último minuto, o advogado de Dirceu, José Luiz Oliveira Lima, tentou saídas para adiar a votação. Depois da decisão do STF, pediu à Mesa Diretora da Câmara prazo para que o texto, sem o depoimento da testemunha de acusação, fosse impresso. No entanto, o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), negou o pedido e garantiu a votação depois de três adiamentos consecutivos por conta de decisões jurídicas.

Dirceu já avisava em seu discurso e em entrevistas antes de iniciado o julgamento que continuaria no PT, na vida política e manteria sua defesa ao governo Lula. Mas o ex-deputado perde os direitos políticos por oito anos depois de concluída esta legislatura e só poderá disputar um cargo eletivo em 2016, ano em que deverá haver eleições.

Queda

Dirceu foi o segundo deputado cassado depois do início da crise política. Em setembro, o plenário da Câmara aprovou, por 313 votos a 156, a cassação do mandato de Roberto Jefferson, autor das primeiras denúncias sobre o suposto esquema do "mensalão".

Alan Marques/Folha Imagem

José Dirceu, que teve o mandato de deputado cassado
Jefferson foi também o responsável pelo início da derrocada de Dirceu. Depois de revelar a existência do suposto "mensalão", Jefferson focou as acusações no então ministro José Dirceu.

E foi depois de um depoimento prestado por Jefferson em que pede para o ministro deixar o governo, Dirceu anunciou que estava deixando o Palácio do Planalto, onde centralizou decisões e discussões sobre os projetos mais importantes do governo, sendo substituído pela então ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff.

Dirceu voltou à Câmara consciente, de acordo com aliados, de que seria processado por quebra de decoro. No seu retorno, fez um discurso de defesa do governo Lula, mas foi confrontado com declarações ríspidas da oposição.

A partir do dia 10 de agosto, teve de ocupar seu tempo em responder ao processo de autoria do PTB, partido de Jefferson, no Conselho de Ética da Casa. Foi então que seus advogados passaram a figurar e a questionar os procedimentos do processo. Foram ao Supremo, recorreram à CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) e obrigaram os integrantes do Conselho a votar por duas vezes seu pedido de cassação. Nas duas ocasiões, perdeu por 13 votos a um.

A partir de agora, disse Dirceu em seu discursos em plenário, lutará para provar sua inocência e para derrubar as acusações feitas contra ele por Jefferson. A CPI dos Correios ainda deve concluir as investigações e deverá incluir o nome de Dirceu ao final dos trabalhos, inclusive com pedido de indiciamento, como já adiantou o relator da comissão, Osmar Serraglio (PMDB-PR).

dezembro 03, 2005 9:33 AM  
Anonymous Anônimo said... Weblog Commenting and Trackback by HaloScan.com

Essas foram as notícias que eu guardei, acho que dá pra entender um pouco de como está tudo por aqui, não?
Beijos

dezembro 03, 2005 9:33 AM  
Blogger Maurício Santoro said... Weblog Commenting and Trackback by HaloScan.com

Obrigado, Anônima. Estou de volta ao Rio. O caso Dirceu dá para entender. A bárbarie do ônibus 350 vai levar mais tempo.

Abraços

dezembro 03, 2005 2:29 PM  

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