Jogo de Espelhos
Passei os últimos dias em reuniões com amigas da África do Sul, por conta do projeto de cooperação no qual trabalho. Além das questões profissionais, também conversamos muito sobre a vida em nossos continentes. Para um latino-americano, sobretudo se for brasileiro, contemplar a África é como participar de um jogo de espelhos, como aqueles dos parques de diversões. Nossa imagem pode aparecer maior, menor, mais larga ou estreita, mas sempre reconhecemos algo de essencial no que o reflexo nos mostra.
A África do Sul é governada pelo Congresso Nacional Africano, o partido que liderou a luta contra o apartheid. Contudo, a democratização do país não melhorou as condições econômicas da população pobre/negra. O desemprego está em 40%, com picos de 70% entre os jovens. O crime se disseminou e o país tem o recorde mundial de estupros.
O próprio vice-presidente, Jacob Zuma, foi acusado de violentar uma moça, filha de um colega de partido. Também está sob ataque por denúncias de corrupção. Os movimentos sociais estão divididos em como lidar com o caso, mas a Cosatu, a central sindical mais importante, tem apoiado Zuma. Ele é um líder operário popular no país, citado como possível candidato à presidência.
Ainda assim, a África do Sul é uma democracia, com liberdade de imprensa, parlamentos, socidade civil etc. A situação mais séria é no Zimbabwe, onde o regime de Robert Mugabe, que governa o país desde a independência, iniciou uma onda repressiva contra sindicatos e movimentos sociais. Soubemos que algumas das pessoas que participaram do nosso seminário em Johannesburg, há um ano, foram presas pela polícia política.
Em suma, a situação na África do Sul tem muitas semelhanças com o Brasil atual, embora com problemas mais sérios. O Zimbabwe lembra o que nosso país enfrentou há cerca de 30 anos, durante a ditadura militar. A empatia dos brasileiros com os africanos é muito forte. Não falo somente de temas políticos, mas da cultura, culinária. Difícil saber onde termina o Brasil e começa a África.
Um grande cronista disse certa vez que os brasileiros tínhamos como profissão a esperança, e a África é às vezes chamada de o continente da esperança. Sempre achamos que a vida vai ser melhor e que o dia de amanhã será mais belo e alegre, talvez porque o de ontem tenha sido tão sofrido. Nas belas palavras de mestre José Eduardo Agualusa, o pessimismo é um luxo dos povos ricos
Por fim, nesta quinta saiu no Jornal do Brasil um artigo meu sobre a Rebelião dos Banlieus;. Os argumentos são praticamente os mesmos de textos que postei aqui.
A África do Sul é governada pelo Congresso Nacional Africano, o partido que liderou a luta contra o apartheid. Contudo, a democratização do país não melhorou as condições econômicas da população pobre/negra. O desemprego está em 40%, com picos de 70% entre os jovens. O crime se disseminou e o país tem o recorde mundial de estupros.
O próprio vice-presidente, Jacob Zuma, foi acusado de violentar uma moça, filha de um colega de partido. Também está sob ataque por denúncias de corrupção. Os movimentos sociais estão divididos em como lidar com o caso, mas a Cosatu, a central sindical mais importante, tem apoiado Zuma. Ele é um líder operário popular no país, citado como possível candidato à presidência.
Ainda assim, a África do Sul é uma democracia, com liberdade de imprensa, parlamentos, socidade civil etc. A situação mais séria é no Zimbabwe, onde o regime de Robert Mugabe, que governa o país desde a independência, iniciou uma onda repressiva contra sindicatos e movimentos sociais. Soubemos que algumas das pessoas que participaram do nosso seminário em Johannesburg, há um ano, foram presas pela polícia política.
Em suma, a situação na África do Sul tem muitas semelhanças com o Brasil atual, embora com problemas mais sérios. O Zimbabwe lembra o que nosso país enfrentou há cerca de 30 anos, durante a ditadura militar. A empatia dos brasileiros com os africanos é muito forte. Não falo somente de temas políticos, mas da cultura, culinária. Difícil saber onde termina o Brasil e começa a África.
Um grande cronista disse certa vez que os brasileiros tínhamos como profissão a esperança, e a África é às vezes chamada de o continente da esperança. Sempre achamos que a vida vai ser melhor e que o dia de amanhã será mais belo e alegre, talvez porque o de ontem tenha sido tão sofrido. Nas belas palavras de mestre José Eduardo Agualusa, o pessimismo é um luxo dos povos ricos
Por fim, nesta quinta saiu no Jornal do Brasil um artigo meu sobre a Rebelião dos Banlieus;. Os argumentos são praticamente os mesmos de textos que postei aqui.
3 Comentarios:
É uma questão de DNA. O filho sempre há de ter características e semelhanças herdadas da mãe...
Só faltava agora atribuir as culpas à colonização Inglesa... Já no Brasil a maldição foi a colonização portuguesa...
Enfim, de potência regional a uma nação dilacerada por crimes, aids e corrupção em níveis astronómicos.
Quem achar que antes era melhor, que vá para lá viver.
Viva a democracia negra sul-africana!
"Quem achar que antes era melhor, que vá para lá viver."
Perdão. Evidentemente quis dizer:
Quem achar que antes era pior, que vá para lá viver.
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