Vinicius
Meu irmão me recomendou assistir a “Vinicius”, de Miguel Faria Jr, dizendo que era um dos melhores filmes brasileiros que vira recentemente. Estranhei o conselho, porque meu mano não é especialmente ligado em poesia, bossa nova, samba etc. Bem, lá fui conferir a dica. Passei duas horas maravilhosas, lavando a alma.
O documentário tem dois eixos narrativos. Num deles, amigos de Vinicius contam histórias sobre o poeta. As melhores entrevistas são as de Chico Buarque, Tônia Carrero, Ferreira Gullar e Antônio Candido. No outro fio condutor, há um show no qual vários artistas (Adriana Calcanhotto, Mart´Nália, Mônica Salmaso, Zeca Pagodinho) cantam as músicas de Vinicius. Os atores Ricardo Blat e Camila Morgado são mestres de cerimônia do espetáculo e recitam poemas.
O que torna o filme excelente é o tom irreverente e afetuoso das entrevistas. As pessoas não colocam Vinicius num pedestal, lembram dos momentos marcantes e engraçados da amizade. Há trechos muito bons, como as descrições do impacto que a peça “Orfeu da Conceição” e a música “Chega de Saudade” tiveram em toda uma geração, naquele momento de grandes mudanças na cultura brasileira.
A empatia da platéia com Vinicius é total. O público ri, chora, canta junto e aplaude no fim. Claro que o tom do filme é incrivelmente nostálgico, desse “Rio de amor que se perdeu”, como Vinicius escreveu na canção-carta a Tom Jobim, quando “mesmo a tristeza da gente era mais bela”, talvez porque “a tristeza tem sempre uma esperança de um dia não ser mais triste não”. O ponto culminante desse sentimento é a declaração de Chico Buarque de que Vinicius estaria totalmente deslocado no mundo de hoje, pois era o oposto de todos os valores que predominam atualmente. Não é à toa que o único poema recitado pelos entrevistados é “Pátria Minha”, uma visão terna e ferida do Brasil.
Naturalíssimo que um grupo de sessentões lembre com saudade dos tempos em que eram jovens, Ipanema era só felicidade, a cultura brasileira atravessava uma fase de incrível criatividade e renovação - e se dessem sorte até davam uns beijos na Nara Leão. É bem ressaltado no filme que Vinicius aos 20 e poucos anos era um simpatizante do integralismo que escrevia sonetos parnasianos. Passava dos 40 quando resolveu mergulhar de cabeça na música popular, aproximar-se do candomblé e do samba. It takes a long time to grow young, diria Brian Jones. Acho que Vinicius daria uma tremenda bronca nessa onda nostálgica. Chega de saudade!
O documentário tem dois eixos narrativos. Num deles, amigos de Vinicius contam histórias sobre o poeta. As melhores entrevistas são as de Chico Buarque, Tônia Carrero, Ferreira Gullar e Antônio Candido. No outro fio condutor, há um show no qual vários artistas (Adriana Calcanhotto, Mart´Nália, Mônica Salmaso, Zeca Pagodinho) cantam as músicas de Vinicius. Os atores Ricardo Blat e Camila Morgado são mestres de cerimônia do espetáculo e recitam poemas.
O que torna o filme excelente é o tom irreverente e afetuoso das entrevistas. As pessoas não colocam Vinicius num pedestal, lembram dos momentos marcantes e engraçados da amizade. Há trechos muito bons, como as descrições do impacto que a peça “Orfeu da Conceição” e a música “Chega de Saudade” tiveram em toda uma geração, naquele momento de grandes mudanças na cultura brasileira.
A empatia da platéia com Vinicius é total. O público ri, chora, canta junto e aplaude no fim. Claro que o tom do filme é incrivelmente nostálgico, desse “Rio de amor que se perdeu”, como Vinicius escreveu na canção-carta a Tom Jobim, quando “mesmo a tristeza da gente era mais bela”, talvez porque “a tristeza tem sempre uma esperança de um dia não ser mais triste não”. O ponto culminante desse sentimento é a declaração de Chico Buarque de que Vinicius estaria totalmente deslocado no mundo de hoje, pois era o oposto de todos os valores que predominam atualmente. Não é à toa que o único poema recitado pelos entrevistados é “Pátria Minha”, uma visão terna e ferida do Brasil.
Naturalíssimo que um grupo de sessentões lembre com saudade dos tempos em que eram jovens, Ipanema era só felicidade, a cultura brasileira atravessava uma fase de incrível criatividade e renovação - e se dessem sorte até davam uns beijos na Nara Leão. É bem ressaltado no filme que Vinicius aos 20 e poucos anos era um simpatizante do integralismo que escrevia sonetos parnasianos. Passava dos 40 quando resolveu mergulhar de cabeça na música popular, aproximar-se do candomblé e do samba. It takes a long time to grow young, diria Brian Jones. Acho que Vinicius daria uma tremenda bronca nessa onda nostálgica. Chega de saudade!
4 Comentarios:
Rio de Amor que se perdeu... É, é isso. Vinicius era foda. Não tem palavra mais poética do que essa para defini-lo.
Eu bem queria que alguns desses documentários brasileiros passassem por essas bandas. Não se pode ter tudo... :P
Maurício,
tô na cola desse documentário, esperando uma chance pra ir ver. Sabe como é, nostalgia às vezes é chato. Mas acho que o poetinha estava além disso, como você mesmo colca aí no seu texto. Abraço.
Meus caros,
o documentário sobre Vinicius é muito bom, uma lavada na alma. Na sexta devo ir ver o novo do Eduardo Coutinho - que aliás, anda reclamando que há docs demais no Brasil.
Abraços
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