A Queda
Bruno Ganz como Hitler
Neste domingo vi "A Queda - as últimas horas de Hitler" e fiquei decepcionado com o filme. Embora Bruno Ganz esteja muito bem no papel do ditador alemão, o enredo se arrasta por duas horas e meia, desenvolve pouco os personagens secundários e usa alguns truques melodramáticos que me desagradaram.
Como capturar o espectador para se identificar com o grupo de calhordas e fanáticos que constituía a elite do regime nazista? O que o roteiro faz é jogar com a simpatia do público por dois personagens "normais" que se distinguem no meio da lama e da podridão do bunker de Hitler: sua jovem e ingênua secretária e um médico das SS que mantém ética e senso de responsabilidade mesmo em meio ao colapso do III Reich. Chegamos a torcer para que sejam bem-sucedidos e escapem com vida do pesadelo.
Um cineasta mais ousado teria forçado o espectador a encarar o que existe de monstruoso dentro de cada um de nós e adotar a perspectiva dos vilões. Quem conhece "Ricardo III" de Shakespeare sabe o quanto esse recurso pode ter impacto emocional.
O mais interessante do filme aparece em segundo plano - a batalha pela capital alemã. Há poucos meses li um livro magistral sobre o assunto, "Berlim 1945: A Queda", de Antony Beevor, que narra episódios parecidos com aqueles mostrados no filme, só que muito mais brilhantismo, abordando tanto o comportamento da cúpula nazista quanto o dos civis e cidadãos comuns. No cinema é inclusive difícil distinguir quem é quem no círculo íntimo de Hitler, personagens vitais como Albert Speer e Heinrich Himmler aparecem de modo muito superficial, todos parecem iguais em seus uniformes.
Os russos que sitiam Berlim são quase fantasmas no filme, opção curiosa que funciona para criar suspense, mas sua aparição acaba sendo frustrante. De novo, chama a atenção o contraste com o livro de Beevor, em que a descrição do comportamento do Exército Vermelho é tão apavorante que cheguei a ter pesadelos, e depois li uma entrevista do autor em que ele confessa ter passado pela mesma experiência enquanto escrevia.
2 Comentarios:
Ops, verei hoje.
Caro,
devido a minha experiência de trabalho com os comunistas, aprendi a ter medo desses caras, mesmo que não estejam acompanhados de algumas divisões blindadas.
Aliás, meus pais estão em viagem pela Europa Oriental. Devem chegar na semana que vem com várias novidades.
Abs,
Maurício
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