Cartas da Zona de Guerra
A face humana do conflito
Meu irmão me recomendou e me emprestou o livro mais recente de Michael Moore, "Cartas da Zona de Guerra", que é uma coletânea de e-mails enviados a ele por soldados americanos no Iraque, no Afeganistão e em outros postos, incluindo veteranos na reserva e também parentes de militares na ativa.
As cartas são escritas por gente comum que caiu na maior furada de sua vida: a maioria dos remetentes é de jovens pobres, de pequenas cidades americanas, que se alistaram por 5 ou 6 anos nas Forças Armadas, ao sair do segundo grau sem perspectiva de bons empregos e em busca do crédito educacional que lhes possibilitaria cursar uma universidade.
Claro, sabiam que podiam ir para uma guerra, é parte do contrato. Mas é duro ver a face humana desse drama político, com jovens de 19 ou 20 anos que perderam amigos, ou mesmo um marido ou esposa - é impressionante como eles se casam cedo, será um padrão na população dos EUA ou algo exclusivo das Forças Armadas? As cartas dos familiares também são um testemunho doloroso da saudade, da solidão e do desamparo diante da falta de notícias e da frieza da burocracia do Departamento de Defesa.
O retrato que surge da guerra do Iraque é familiar ao noticiário: população hostil, com uma cultura muito diferente, que os jovens soldados não conseguem entender, o calor e a poeira, más condições de higiene etc. Aparece também a falta de equipamento adequado dos militares e o processo de "privatização da guerra", através da ação de companhias particulares de segurança. Os soldados se irritam com o fato de que seus colegas na iniciativa privada recebem até quatro vezes mais, além de evidentemente terem muito menos controle sobre suas atividades.
Impressiona no livro a força da sociedade civil americana, com dezenas de associações voluntárias para dar apoio aos militares no exterior, ou a seus parentes nos EUA. Há até uma organização, Military Families Speak Out, que reúne os opositores da guerra entre as famílias dos membros das Forças Armadas.
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