Caminhos da África
Pôr do sol em Angola
O projeto de cooperação entre movimentos sociais da América Latina e da África, pelo qual participei do seminário em Johannesburg em setembro, entrou numa nova fase. Havíamos submetido uma proposta de continuidade para uma agência finaciadora holandesa que basicamente respondeu dizendo "OK, estamos interessados, mas queremos modificações no projeto."
A principal delas é mudar o eixo da cooperação, deixando de lado a África do Sul e focando nos países africanos de língua portuguesa, mais especificamente Angola e Moçambique. Os holandeses se mostraram surpresos no participação secundária dessas nações numa proposta elaborada por brasileiros. O fato é que o projeto do IBASE foi muito influenciado pela política externa do Brasil, na qual a África do Sul é um interlocutor mais importante em função de seu desenvolvimento econômico e da capacidade de ação de seu Estado.
Minha chefe me encarregou de levar adiante as mudanças requisitadas por nossos financiadores, o que deve ser minha principal atividade nesta semana. Ao mesmo tempo, o diretor do IBASE me solicitou elaborar também um esboço de pesquisa sobre o Fórum Índia-Brasil-África do Sul, para outro dos projetos do instituto. Todos os caminhos levam à África.
De modo que passarei uns bons dias mergulhado nos assuntos africanos, tema pelo qual sou apaixonado. Em Recife tomei café da manhã com o diretor de uma ONG, que esteve recentemente em Angola tocando outro projeto de cooperação com movimentos locais. Pedi notícias do país e ele me contou que o clima político em Luanda está tenso, com a aproximação das eleições presidenciais - as pessoas temem que a disputa possa fazer voltar a guerra civil.
Comércio, conflitos, AIDS, direitos humanos e democracia... Minha cabeça está um caleidoscópio africano. Sugestões são bem-vindas.
1 Comentarios:
Mestre,
Sugiro a você dar uma passadinha no Centro de Estudos Afro-Asiático e marcar um bate-papo com os Angolófilos da Candido Mendes. Volta e meia tem um lá (tipo o Prof. José Maria Nunes Pereira, que criou o troço há uns trinta anos).
Recomendo ainda conversar com o Prof. Marcelo Bittencourt da UFF, que defendeu há 3 anos tese de doutorado em Angola Contemporânea (Guerra Civil) e lá volta todo ano.
Outro papo divertido seria com o próprio Diretor do Instituto de Humanidades, Beluce Bellucci, pessoa ótima que defenderá tese de doutorado na USP no próximo mes, sobre economia moçambicana contemporânea. Ele viveu mais de uma década em Maputo e foi presidente do banco de desenvolvimento moçambicano na época da Frelimo, quando estava exilado (anos 70).
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