Caleidoscópio Africano
Há tempos conversamos no IBASE sobre a criação de um grupo de leitura – romances, teatro, poesia etc. Ontem foi decidido que o primeiro livro da iniciativa será “O Último Voo do Flamingo”, romance mais recente do moçambicano Mia Couto. Momento Paulo Coelho: às vezes o universo de fato conspira ao nosso favor e todos os (meus) caminhos levam à África.
Passei a semana pesquisando sobre Angola e Moçambique, with a little help from my friends, que são tão bons quanto música dos Beatles. As eleições presidenciais em Angola são realmente o ponto focal, que concentra todas as tensões. Uma questão me interessa em especial: o papel da imprensa. Os principais veículos de comunicação são estatais e, claro, pró-governo. A formação profissional é falha, sequer existem faculdades de jornalismo no país.
Penso na possibilidade de uma oficina de capacitação para repórteres, tendo em vista as eleições presidenciais. Fizemos bons eventos desse tipo no IBASE, em parceria com a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo. Talvez pudéssemos nos concentrar na mídia alternativa, como rádios comunitárias. Me parece que seria um belo projeto de cooperação – trabalho a idéia com carinho.
Ainda não encontrei um gancho semelhante em Moçambique. O país é apresentado como uma história de sucesso na Àfrica, crescendo a 8% anuais desde 1996. A guerra civil acabou, a democracia caminha e os doadores internacionais estão contentes. Apesar disso, Moçambique continua a ser miserável, mesmo para os padrões africanos. Espero que o romance de Mia Couto possa me iluminar, a sensibilidade dos artistas com freqüência nos dá presentes assim.
Boa surpresa foi ter descoberto mais de 100 livros sobre África na biblioteca do IUPERJ, apesar do instituto não ter tradição em estudos nessa área. Separei meia dúzia de obras sobre a política contemporânea do continente. Aprendo bastante, pena que a maioria dos autores aborda pouco os países de língua portuguesa. A grande vedete é mesmo a África do Sul, pela força econômica e política.
Outro ponto de trabalho é me aprofundar nas regras das agências financiadoras. Os novos padrões estão mais rígidos e exigem objetivos bem definidos, que possam ser quantificados numericamente. É uma boa decisão, ajuda a combater o excesso de retórica que às vezes ataca movimentos sociais.
Não por acaso, a necessidade de transformar conceitos abstratos em indicadores estatísticos é uma das principais tendências das ciências sociais nos EUA, e por tabela no Brasil – foi o assunto de discussão na aula desta semana no IUPERJ. Prefiro palavras a números, mas sei que preciso manejá-los bem para dar conta das minhas tarefas profissionais.
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Penso na possibilidade de uma oficina de capacitação para repórteres, tendo em vista as eleições presidenciais. Fizemos bons eventos desse tipo no IBASE, em parceria com a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo. Talvez pudéssemos nos concentrar na mídia alternativa, como rádios comunitárias. Me parece que seria um belo projeto de cooperação – trabalho a idéia com carinho.
Ainda não encontrei um gancho semelhante em Moçambique. O país é apresentado como uma história de sucesso na Àfrica, crescendo a 8% anuais desde 1996. A guerra civil acabou, a democracia caminha e os doadores internacionais estão contentes. Apesar disso, Moçambique continua a ser miserável, mesmo para os padrões africanos. Espero que o romance de Mia Couto possa me iluminar, a sensibilidade dos artistas com freqüência nos dá presentes assim.
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4 Comentarios:
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