Noite Nem Tão Feliz
O Natal de 2004 teve um toque melancólico - vários amigos passaram por problemas sérios no fim de semana. Um deles levou uma surra de pit boys, no próprio dia de Natal, e o pior é que o principal agressor é filho de um delegado da Polícia Federal. Outra teve uma crise de saúde e está internada. Um terceiro me ligou em plena ceia no meio de algo que só posso descrever como um surto de depressão aguda.
A história mais bizarra, como sempre, coube ao tio Ricky. Minha tia foi jantar na casa do ex-marido e portanto não esperávamos nosso tio no dia 24. À meia noite, as favelas da vizinhança explodiram em fogos de artifício e, nessa balbúrdia, ouvimos alguém mexendo no portão. Era o tio Ricky entrando quase às escondidas, como um ladrão. Ele ficou sozinho no apartamento da minha tia por longas horas, enquanto ela estava com o ex-marido. Acho que nunca testemunhei uma cena de tanto desamparo e carência emocional.
O Natal faz coisas estranhas com as pessoas. As expectativas com relação à data são altas demais, como se a vida pudesse ter a felicidade de um comercial de margarina. Claro que a realidade é diferente, ler Dostoiévski talvez fosse um treinamento mais adequado - o Natal do tio Ricky, por exemplo, me lembrou uma passagem de "Os Possessos", um dos romances mais dramáticos do grande escritor russo.
Felizmente também houve bons momentos nos últimos dias. Ontem almocei com um grupo de tradutores voluntários ao Fórum Social Mundial. O ambiente era muitíssimo agradável: uma casa em Santa Teresa, nas encostas da Floresta da Tijuca, com direito a macacos na varanda. Ótima comida e ótima companhia, o papo foi sobre o que faremos em Porto Alegre no próximo mês.
À noite jantei com uma amiga com quem planejo um pequeno livro sobre política externa americana (basicamente, uma fusão de nossas teses de mestrado), começamos a discutir os detalhes do projeto e as mudanças que teremos que fazer para nos adequarmos às exigências da editora.
A história mais bizarra, como sempre, coube ao tio Ricky. Minha tia foi jantar na casa do ex-marido e portanto não esperávamos nosso tio no dia 24. À meia noite, as favelas da vizinhança explodiram em fogos de artifício e, nessa balbúrdia, ouvimos alguém mexendo no portão. Era o tio Ricky entrando quase às escondidas, como um ladrão. Ele ficou sozinho no apartamento da minha tia por longas horas, enquanto ela estava com o ex-marido. Acho que nunca testemunhei uma cena de tanto desamparo e carência emocional.
O Natal faz coisas estranhas com as pessoas. As expectativas com relação à data são altas demais, como se a vida pudesse ter a felicidade de um comercial de margarina. Claro que a realidade é diferente, ler Dostoiévski talvez fosse um treinamento mais adequado - o Natal do tio Ricky, por exemplo, me lembrou uma passagem de "Os Possessos", um dos romances mais dramáticos do grande escritor russo.
Felizmente também houve bons momentos nos últimos dias. Ontem almocei com um grupo de tradutores voluntários ao Fórum Social Mundial. O ambiente era muitíssimo agradável: uma casa em Santa Teresa, nas encostas da Floresta da Tijuca, com direito a macacos na varanda. Ótima comida e ótima companhia, o papo foi sobre o que faremos em Porto Alegre no próximo mês.
À noite jantei com uma amiga com quem planejo um pequeno livro sobre política externa americana (basicamente, uma fusão de nossas teses de mestrado), começamos a discutir os detalhes do projeto e as mudanças que teremos que fazer para nos adequarmos às exigências da editora.
1 Comentarios:
Muito bem dito, Maurício, muito bem dito. O capitalismo seria perfeito se coneguisse vender a bendita felicidade na caixinha. O mundo seria melhor...
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