domingo, agosto 28, 2005

Mundo, Vasto Mundo

A semana passada foi bem agitada para minha carreira. Impressiona a quantidade de oportunidades e de demanda que está em curso no Brasil para a área de relações internacionais.

Na quinta-feira, participei do programa "Olhar 2005", da TVE. É uma roda de debates comandada pela jornalista Lúcia Leme. São quatro convidados, cada um protagonizando um bloco. Me coube comentar a questão dos imigrantes brasileiros no Reino Unido. O papo foi bom, rendeu uma discussão sobre racismo, xenofobia, terrorismo, globalização etc.

Também fechei um artigo para um concurso do Ministério das Relações Exteriores sobre a América do Sul e a política externa brasileira. O prazo foi curto - apenas um mês para escrever um ensaio de 30 páginas, mas consegui completar o texto. Claro que ficou aquém da qualidade que eu gostaria, dada a limitação de tempo. Entretanto, sempre é bom organizar as idéias na forma escrita.

Outro texto - uma análise do livro "Genocídio", de Samantha Power, um dos melhores que li neste ano - foi aprovado para publicação na Contexto Internacional, a revista da PUC-Rio na área de RI. Tenho me interessado pelo tema por conta da situação na África (comentarei mais em breve, ao falar do filme Hotel Ruanda).

Também por estes dias, dei uma entrevista a uma estudante que queria traçar um perfil dos profissionais de RI. Ela me fez boas perguntas. Uma delas foi o que a carreira havia me trazido de melhor. Com certeza, a ampliação dos horizontes. O mundo é grande, há várias coisas importantes acontecendo lá fora e com freqüência deixamos de acompanhá-las no Brasil, presos demais que estamos ao nossos próprios problemas.

E o outro lado da moeda? Ela também me questionou sobre isso e respondi que era o risco de se afastar demais da realidade brasileira. Os debates sobre RI em geral se dão pela pauta das grandes potências, que têm outra agenda política e econômica.

Quanto optei por escrever minha dissertação de mestrado sobre relações internacionais, ao invés da reforma do Estado como era minha idéia inicial, uma das razões foi o fato da política brasileira ser tão deprimente. À época (2002/3) me parecia um bolero de Ravel repetindo ad nauseam as notas de crise, corrupção e impossibilidade de levar adiante mesmo as mudanças mais simples. Infelizmente, o Brasil não tem me dado motivo de orgulho.

3 Comentarios:

Anonymous Anônimo said... Weblog Commenting and Trackback by HaloScan.com

No final de sua ultima postagem, fica a dúvida... se consegue ver que a politica brasileira está esgotada da maneira como está moldada pelas atuais leis, o que fazer para mudar este quadro? E sabemos que não tem como desvincular a politica externa da composição interna de poder. Parabéns pelo site.

agosto 28, 2005 11:25 AM  
Blogger Anjo Mecânico said... Weblog Commenting and Trackback by HaloScan.com

Maurício, eu tenho que lhe confessar que talvez este post explique um pouco as razões de gostar de seu blog - de seus textos.

Estou nesse momento revendo a praxis no blog, em um movimento de abstração reflexiva sobre o projeto de revista.

Estou estudando um bucado, mas um texto me chamou muita atenção, de fato me pareceu espécie de colírio alucinógino, não sei se em bom ou mau sentido, em todo caso, se tiver um tempinho, dá uma olhada no texto e me dia, mesmo que de forma curta, o que pensa sobre o que há escrito nele... link: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-64452003000200002&lng=pt&nrm=iso

agosto 28, 2005 2:16 PM  
Blogger Maurício Santoro said... Weblog Commenting and Trackback by HaloScan.com

Caro Joca,

a minha decepção com a política brasileira é justamente a enorme dificuldade de reformar as leis, instituições e práticas. Acho que para mudá-las seria necessiária uma grande mobilização social, que pressionasse os políticos e os fizesse agir.

O que torna a política externa brasileira melhor executada é que ela é feita por uma agência burocrática especializada (o Itamaraty), em grande medida distanciada do fisiologismo de outras áreas. Se diplomacia desse voto, estaríamos às voltas com um Severino ou um Renan Calheiros no MRE.

Anjo, dei uma olhada no texto do Barboza, mas é realmente pesado (Habermas & cia) e ando às voltas com uma pilha de livros sobre China e Índia.

Abraços

agosto 29, 2005 11:46 AM  

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