sexta-feira, janeiro 28, 2005

A Avenida das Utopias

O Fórum Social Mundial começou dia 26 com uma marcha enorme, que reuniu algo em torno de 200 mil pessoas. Saímos do centro de Porto Alegre e seguimos pela Avenida Borges de Medeiros, uma das principais da cidade, até a beira do Lago Guaíba (ou rio, ninguém sabe o que esse montão de água é!), onde estão localizados os eventos do FSM.

Foi uma verdadeira avenida das utopias, que me lembrou o poema de Drummond sobre um homem que passa por uma rua onde vê e saúda velhos amigos. Cada quarteirão era um sonho ou ideal político diferente. Passei a maior parte da marcha no grupo do IBASE, que incluía vários líderes de favelas do Rio, que vieram para cá graças a um fundo de solidariedade. Alguns passos para frente, e eis-me no meio de uns coreanos alucinados, que gritavam slogans pró-Palestina e faziam uma elaborada coreografia com uma bandeira.

Parei para descansar por poucos minutos e lá estou no meio de amigas feministas, que me falam de suas atividades e querem saber o que o IBASE está organizando. Logo vejo minha amiga estoniana, que me avisa de uma palestra de Eric Hobsbawm. Nosso papo é interrompido pela chegada de um ex-colega de faculdade, que está com o grupo que reúne assinaturas para garantir a criação do P-SOL, partido da senadora Heloísa Helena.

Outras amigas me levam para um passeio pelo acampamento da juventude, onde os anos 60 não acabaram (não sabia que ainda existiam tantos hippies no mundo, pensei que fosse só em Santa Teresa). Cartazes me contam sobre movimentos musicais e religiosos que apontam para outros mundos.

A avenida das utopias termina junto ao Guaíba, onde almoçamos ao som do ministro Gilberto Gil, que passava o som no anfiteatro do por-do-sol. Mano Chao tocou mais tarde, a programação cultural por aqui está excelente.

Giramos um tanto pela área do FSM e fomos jantar num shopping das proximidades. Sugestão minha, recebida com protestos – mas todo mundo ficou feliz quando viu banheiros limpos e restaurantes sem fila. E quando encontrei nos corredores minha amiga do Movimento Piquetero (parecia um grupo de smurfs, com uns coletes azuis) o pessoal relaxou. Se até as organizações populares argentinas vão ao shopping, tudo é permitido.

Ontem assisti a algumas oficinas e conheci muita gente legal. Fica para o próximo post: largo este cyber café (só com software livre!) para ir para um debate sobre integração na América Latina.A utopia é como o tempo de Cazuza: não pára.

1 Comentarios:

Blogger Maurício Santoro said... Weblog Commenting and Trackback by HaloScan.com

No meu caso, bebo suco de frutas ou água. Mais por causa do calor monumental que faz por aqui do que por qualquer outra razão. Mas tem um grupo lançando uma campanha contra a coca-cola.

janeiro 29, 2005 5:11 PM  

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