Quem sabe o príncipe virou um sapo
Ontem foi a festa de formatura da minha prima - estava na despedida de uma amiga que vai para Londres, de modo que escapei dessa, mas me contaram tudo. Para decepção geral, descobriu-se que o namorado rico da outra prima é apenas um pacato cidadão de classe média que herdou uma cobertura: “A primeira coisa que a mãe dele me disse é que tinha comprado a camisa no camelô”, comentou minha mamma, indignada. Para meu irmão, "Os móveis eram uma porcaria".
O ponto inusitado da noite foi que o príncipe encantado simplesmente sumiu no meio da festa e se trancou no quarto, com a desculpa mais do que batida da dor de cabeça. Segundo consta, o real motivo foi que sua mãe cria o filho da empregada (“É o meu pretinho”, ela explicou) e o namorado da minha prima tem enorme ciúmes dele. Quando o menino chegou, ele saiu da festa. “Infantil, deve ser uma mala”, no julgamento implacável do meu pai.
Hoje é o concurso para a Abin. Meu irmão vai fazer a prova, junto com vários dos meus alunos e com meu advogado (depois explico porque preciso de um, é claro que tem a ver com as trapalhadas da minha família). Estou me sentindo rodeado por espiões potenciais, será que devo destruir meus documentos comprometedores?
Deu na Folha de S. Paulo que a PM paraense se recusou a desocupar a fazenda do meu avô. As terras ficam perto de Eldorado de Carajás, onde houve a chacina, e os policiais estão relutantes em se envolver em outra. A PF também tirou o corpo fora, dizendo que não tem agentes em número suficiente. A reportagem afirma que o Exército poderá intervir – curiosamente, a fazenda é na região em que atuou a guerrilha do Araguaia.
Acho que as Forças Armadas deviam se preocupar mais em nos defender de uma invasão de paraguaios ou marcianos do que correr atrás de terras que estão fazendo todos os meus tios brigarem entre si pelo direito de herança. Pensando bem, o MST faria um favor resolvendo de vez essa questão.
O ponto inusitado da noite foi que o príncipe encantado simplesmente sumiu no meio da festa e se trancou no quarto, com a desculpa mais do que batida da dor de cabeça. Segundo consta, o real motivo foi que sua mãe cria o filho da empregada (“É o meu pretinho”, ela explicou) e o namorado da minha prima tem enorme ciúmes dele. Quando o menino chegou, ele saiu da festa. “Infantil, deve ser uma mala”, no julgamento implacável do meu pai.
Hoje é o concurso para a Abin. Meu irmão vai fazer a prova, junto com vários dos meus alunos e com meu advogado (depois explico porque preciso de um, é claro que tem a ver com as trapalhadas da minha família). Estou me sentindo rodeado por espiões potenciais, será que devo destruir meus documentos comprometedores?
Deu na Folha de S. Paulo que a PM paraense se recusou a desocupar a fazenda do meu avô. As terras ficam perto de Eldorado de Carajás, onde houve a chacina, e os policiais estão relutantes em se envolver em outra. A PF também tirou o corpo fora, dizendo que não tem agentes em número suficiente. A reportagem afirma que o Exército poderá intervir – curiosamente, a fazenda é na região em que atuou a guerrilha do Araguaia.
Acho que as Forças Armadas deviam se preocupar mais em nos defender de uma invasão de paraguaios ou marcianos do que correr atrás de terras que estão fazendo todos os meus tios brigarem entre si pelo direito de herança. Pensando bem, o MST faria um favor resolvendo de vez essa questão.
3 Comentarios:
Sempre, sempre a família Santoro consegue ter uma surpresa. Algo inesperado que vale um ponto a mais na história.
Maurício, precisamos nos encontrar e tomar uma cerveja. Te mostrar o nosso apartamento novo (Mirante Schustoff-Bulkool) e batermos aqueles bons papos.
"Meu pretinho" não dá, cara...
"Meu pretinho" é forte demais.
Isso deveria ser censurado.
Caros,
antropologia que nada. Minha vocação é o realismo fantástico ou a psicopatologia da vida cotidiana. O "meu pretinho" foi citação textual. Qualquer pequeno-burguês no Brasil tem mentalidade de senhor de engenho. Leandro, que tal marcarmos algo para o próximo fim de semana? Tem festival do Rio rolando...
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