domingo, agosto 01, 2004

A Politica Como Futuro

Esta semana a discussao no blog foi interessantissima. Enquanto eu relia varios posts e os comentarios feitos, nao pude deixar de notar a diferenca marcante entre os tons das minhas mensagens e as do Mauricio. Apesar de nao proposital, isso foi muito impressionante. Tentando fazer filosofia politica disso (maldita mania de Cientista Politico!), preciso fazer alguns comentarios especificos.

(1) Eu tenho a impressao de que o otimismo realista do Mauricio ao falar da politica latino-americana eh o perfeito contraponto ao pessimismo de meios e fins que eu vejo na politica norte-americana e do Primeiro Mundo em geral. Isso eh uma resposta em si mesma para a questao dos modelos a serem seguidos por nossos paises. Cada vez mais eu me convenco de que qualquer mudanca na visao e pratica da politica global tem que vir obrigatoriamente do sul. No meu humilde ponto de vista, a politica no hemisferio norte vem secando e definhando a ponto da se tornar irrelevante, oferecendo muito pouca coisa para seguirmos em frente. Enquanto isso acontece por aqui, no hemisferio sul ha uma energia e renovacao da politica participativa que merece ser comemorada. Nao aquele oba-oba ingenuo, mas formas alternativas reais de mobilizacao e participacao que estao surgindo atraves de uma articulacao cada vez mais pensada e democratica entre varios grupos na sociedade. Temos varios problemas mesmo, ha muito o que fazer; mas acho que a saida estah em nossas maos, talvez como nunca esteve.

(2) A politica como ciencia talvez seja tambem a politica como vocacao, brincando um pouquinho com Mr. W. Pensar a politica e suas implicacoes eh uma fantastica experiencia. Nao poderia concordar mais com o Mauricio. Se nao me engano, o sociologo Peter Berger escreveu no seu livro "Perspectivas Sociologicas" que a Sociologia era "o melhor e mais nobre passatempo mental" que ele jah havia conhecido. Posso dizer o mesmo (e ateh mais) da Ciencia Politica, que me deu a honra de conhecer e compartilhar ideias de pessoas sensacionais em todos os sentidos -- pessoas humanas, preocupadas com a mudanca, com utopias sim, mas com um afiadissimo senso pragmatico, de "vamos a obra". Isso eh cada vez mais indispensavel para o desenvolvimento de uma democracia profunda na America Latina.

(3) Por fim, quero dizer que Gorki estah certissimo, Mauricio. A vida e o futuro nao pertecem mesmo aos canalhas. Eles ainda sao dos que acreditam na mudanca e trabalham para consegui-la. E vamos em frente com otimismo no futuro e feh na vida!
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