Maria, Maria
Bem-vinda à América
"En nuestra America solo hay una cosa a hacer: emigrar", desabafou Bolívar após a amarga reflexão de que "fazer revoluções é como arar o mar". Pensei no velho general, e na crise latino-americana do momento (Equador) ao assistir ao ótimo filme colombiano "Maria Cheia de Graça".
Maria é uma adolescente do interior da Colômbia que engravida do namorado e fica sem emprego. Mora com a avó, a mãe, a irmã e o sobrinho - uma casa de três gerações de mulheres abandonadas por seus homens. Tudo leva a crer que ela terá o mesmo destino. Sem perspectivas, mas com um gênio inquieto e algo rebelde, ela acaba aceitando uma proposta para ser mula e transportar drogas em seu estômago até Nova York - processo doloroso e humilhante, descrito em detalhes no filme.
O roteiro é simples, mas muito bem construído, e a protagonista é uma personagem rica, interpretada de maneira excelente pela jovem atriz Catalina Sandino Moreno. Maria oscila entre as qualidades de uma heroína (determinação, honra) e características menos admiráveis (mente muito, às vezes é um tanto egoísta). É fascinante como Catalina consegue aparentar várias idades - há momentos no filme em que ela parece pouco mais do uma menina, em outros tem o rosto de uma mulher bem mais velha e amadurecida.
Maria poderia vir de qualquer país latino-americano - não é assim tão diferente da trama da nova novela da 20h, por exemplo. Mas além de ser um filme sobre a falta de perspectiva dos jovens do nosso continente, é também uma bela demonstração da vontade de mudar de vida e de tocar o barco. Mesmo que a estranha mania de ter fé na vida tenha batido asas e a esperança se mudado para outra América, na forma de uma cidadania de segunda classe.
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