Queer Eye for the Macedonian Guy
"Mãe, não sei se invado a Índia ou compro mais cremes!"
Uma amiga diplomata contou que durante uma aula no Instituto Rio Branco a professora perguntou qual tinha sido a importância do rei Luís XIV para a história. Um dos alunos prontamente respondeu: "Foi o primeiro metrossexual!". Se ele assistir a "Alexandre", de Oliver Stone, terá que retroceder dois milênios em seus cálculos. A maioria dos cenários e figurinos desse épico de três horas parece ter sido tirado de um episódio de Queer Eye for the Straight (e Macedonian) Guy. Também abusaram da computação gráfica. Os jardins suspensos da Babilônia mostrados no filme não ficariam mal num carro alegórico da Portela.
Lá pelas tantas, alguns diálogos do filme começaram a me soar estranhamente familiares. Vejam só: um cara louro (com uma tintura de cabelo ridícula, mas ainda assim louro) fala o tempo todo em conquistar o Oriente Médio, libertar os povos que vivem oprimidos por tiranos, estabelecer uma ordem internacional onde o comércio possa circular sem barreiras, conquistar corações e mentes dos súditos...
Lembrando dos papos com meu co-blogueiro BB sobre "Gladiador", "Alexandre" também é um filme sobre o novo papel dos EUA no mundo. Não é à toa que os americanos começaram a se identificar com os impérios antigos. Nos clássicos romanos dos anos 50 e 60 como "Ben Hur", "Quo Vadis" ou "Espártaco", os espectadores eram levados a torcer por aqueles que eram oprimidos por Roma - cristãos ou escravos. Agora, nos pedem para simpatizar com os conquistadores.
No filme de Stone, essa visão aparece num retrato de Alexandre como um cara legal, um conquistador benevolente que trata bem os povos que domina - os muitos massacres que perpretou na Grécia e na Ásia são apenas mencionados de passagem. Os orientais são mostrados como uma gente estranha, meio selvagens, meio crianças, depravados. Até o rei da Pérsia se parece com Bin Laden! E o império macedônio incorporou territórios do Iraque, Afeganistão e Irã. Só ficou de fora a Coréia do Norte.
Li nos jornais que há uma onda de interesse pela figura de Alexandre nos EUA. Além do filme de Stone se planejam duas outras versões, inclusive uma dirigida por Mel Gibson - suponho que sem cenas de homossexualismo e com o rei macedônio apanhando o tempo todo. Para quem gosta de história antiga, vale conferir o artigo de Daniel Mendelsohn na New York Review of Books, onde ele comenta o filme e fala dos trechos da vida de Alexandre que ficaram de fora, como o episódio do nó górdio e sua visita ao Oráculo de Siwah, no Egito. Estou com uma biografia do rei macedônio na minha mesa de cabeceira, mas ela é a sexta na fila.
Amanhã no blog: "Jean: os intelectuais no paredão".
2 Comentarios:
Collin Farrel = "Por um fio"
O resto é lixo.
1º Angelina Jolie é muito jovem para ser mãe do farrell, parece mais irmã.
2º Já imagino o cinema no ano 3015 com filmes relembrando o império, tais como: "Bush, o pequeno" e "Bush Cobra: Sadam is a disease. Meet the cure"
Helvécio
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