O Poder Emburrece
Nossas aventuras no círculo do poder de Brasília estavam apenas começando. Na quinta fomos para um hotel perto do Palácio do Alvorada, onde aconteceu a conferência do PNUD sobre democracia. A programação foi alterada e Lula abriu o evento, em vez de encerrá-lo. Leu um discurso apenas razoável, cheio de chavões. O presidente tropeçou nas palavras e engoliu sílabas. Depois falou um pouco de improviso, de maneira mais espontânea, e a comunicação melhorou. Destacou a importância da integração da América do Sul, ponto que foi desenvolvido em seguida por seu assessor de relações internacionais.
Ao longo do dia falaram dois ministros, num nível próximo ao da indigência mental. Um deles disse que a formação colonial da América Latina havia sido boa, porque instalou o amor pela liberdade, como se evidenciava na Copa Libertadores da América (o Supremo deveria proibir metáforas futebolísticas). O ministro encarregado da coordenação com a sociedade civil fez um discurso na linha "Realizações do Governo para Dummies" no qual nos explicou como tudo vai muito bem no país, numa retórica mais ou menos assim: "A política XYZ é importante. É importante a política XYZ. XYZ é uma política importante". Foi constrangedor para uma platéia de acadêmicos e ativistas sociais que esperava análises (ou prestação de contas) mais elaboradas.
De onde menos se espera, daí é que não sai nada mesmo, já observou o sábio barão de Itararé. O Poder pode ou não corromper, mas em geral emburrece.
Na fila do almoço, uma cientista política americana começou a discutir com a equipe do meu projeto por conta do lugar. Vendo o nome no crachá, a cumprimentei: "Professora, gosto muito do seu livro sobre direitos humanos na política internacional, por favor, ocupe meu lugar". Ela perguntou quem eu era e ao saber do meu trabalho no IBASE, me convidou para almoçar. Pouco depois se juntaram a nós na mesa meu mestre Wanderley Guilherme e o assessor internacional do presidente. A conversa foi boa e tratou de política brasileira, eleições nos EUA, casos curiosos da vida acadêmica e por aí vai.
À noite, eu deveria ter ido a uma festa na casa do representante da ONU no Brasil. Mas a equipe do projeto se recusou a comparecer, incomodada com o clima oficialista do evento e a formalidade dessas ocasiões. O mundo ONG é bem mais solto. Como não iria sozinho à recepção, fui jantar com amigos de Brasília - ex-alunos que agora trabalham no Congresso ou no Itamaraty. O jantar foi ótimo, é sempre legal reencontrar pessoas de quem a gente gosta e ver que elas estão bem. Fiquei feliz em ver que a turma está se adaptando bem à capital e tocando seus projetos adiante.
Ao longo do dia falaram dois ministros, num nível próximo ao da indigência mental. Um deles disse que a formação colonial da América Latina havia sido boa, porque instalou o amor pela liberdade, como se evidenciava na Copa Libertadores da América (o Supremo deveria proibir metáforas futebolísticas). O ministro encarregado da coordenação com a sociedade civil fez um discurso na linha "Realizações do Governo para Dummies" no qual nos explicou como tudo vai muito bem no país, numa retórica mais ou menos assim: "A política XYZ é importante. É importante a política XYZ. XYZ é uma política importante". Foi constrangedor para uma platéia de acadêmicos e ativistas sociais que esperava análises (ou prestação de contas) mais elaboradas.
De onde menos se espera, daí é que não sai nada mesmo, já observou o sábio barão de Itararé. O Poder pode ou não corromper, mas em geral emburrece.
Na fila do almoço, uma cientista política americana começou a discutir com a equipe do meu projeto por conta do lugar. Vendo o nome no crachá, a cumprimentei: "Professora, gosto muito do seu livro sobre direitos humanos na política internacional, por favor, ocupe meu lugar". Ela perguntou quem eu era e ao saber do meu trabalho no IBASE, me convidou para almoçar. Pouco depois se juntaram a nós na mesa meu mestre Wanderley Guilherme e o assessor internacional do presidente. A conversa foi boa e tratou de política brasileira, eleições nos EUA, casos curiosos da vida acadêmica e por aí vai.
À noite, eu deveria ter ido a uma festa na casa do representante da ONU no Brasil. Mas a equipe do projeto se recusou a comparecer, incomodada com o clima oficialista do evento e a formalidade dessas ocasiões. O mundo ONG é bem mais solto. Como não iria sozinho à recepção, fui jantar com amigos de Brasília - ex-alunos que agora trabalham no Congresso ou no Itamaraty. O jantar foi ótimo, é sempre legal reencontrar pessoas de quem a gente gosta e ver que elas estão bem. Fiquei feliz em ver que a turma está se adaptando bem à capital e tocando seus projetos adiante.
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