Derrapadas da Conferência
A sexta-feira, meu último dia desta curta viagem a Brasília foi dedicado integralmente à Conferência do PNUD. Há alguns meses o programa realizou uma pesquisa sobre democracia na América Latina que constatou que mais da metade da população do contintente aceitaria uma ditadura, contanto que o regime fosse bem-sucedido economicamente. O PNUD entrevistou acadêmicos, políticos, jornalistas e líderes sociais para analisar a situação - o centro do debate era se a democracia seria compatível com as gravíssimas desigualdades sociais da América Latina.
Supostamente, a conferência deveria tratar também desse tema. Infelizmente, a programação ficou bastante solta, cada palestrante falou do que quis. Os representantes oficiais do Brasil foram lastimáveis, mas os estrangeiros fizeram excelentes palestras, em especial dois argentinos (Dante Caputo, ex-chanceler de Alfonsín e Chacho Alvares, ex-vice-presidente de De La Rúa) e um português (Antônio Guterres, ex-primeiro-ministro).
Os acadêmicos também decepcionaram. Alain Touraine parecia um velho gagá, balbuciando abstrações teóricas em péssimo espanhol. Até meu mestre Wanderley embarcou num caminho tortuoso, defendendo que democracia nada tem a ver com combater desigualdade econômica. Creio que era verdade no século XIX, como nos EUA ou na Inglaterra, mas deixou de sê-lo há muito tempo, o Estado de Bem-Estar Social do século XX é a maior realização desse compromisso. Depois lhe perguntaram o que ele achava do voto obrigatório e ele se perdeu numa digressão sobre a Nova Zelândia e os zulus (acho que ele quis dizer maoris, os zulus estão na África do Sul).
A honra acadêmica foi salva pelo cientista político Fernando Abrucio (PUC-SP e FGV-SP) que fez uma brilhante exposição sobre federalismo e democracia. Uma aula magnifíca sobre o tema, que deu a todos nós muito sobre o que pensar.
Em suma, o evento ficou muito aquém do que poderia ter sido. Pelo menos fiz contatos importantes para o projeto de pesquisa e uma boa troca de figurinhas. Saí com boas inquietações sobre democracia na América Latina, que espero servirem para orientar leituras futuras.
Supostamente, a conferência deveria tratar também desse tema. Infelizmente, a programação ficou bastante solta, cada palestrante falou do que quis. Os representantes oficiais do Brasil foram lastimáveis, mas os estrangeiros fizeram excelentes palestras, em especial dois argentinos (Dante Caputo, ex-chanceler de Alfonsín e Chacho Alvares, ex-vice-presidente de De La Rúa) e um português (Antônio Guterres, ex-primeiro-ministro).
Os acadêmicos também decepcionaram. Alain Touraine parecia um velho gagá, balbuciando abstrações teóricas em péssimo espanhol. Até meu mestre Wanderley embarcou num caminho tortuoso, defendendo que democracia nada tem a ver com combater desigualdade econômica. Creio que era verdade no século XIX, como nos EUA ou na Inglaterra, mas deixou de sê-lo há muito tempo, o Estado de Bem-Estar Social do século XX é a maior realização desse compromisso. Depois lhe perguntaram o que ele achava do voto obrigatório e ele se perdeu numa digressão sobre a Nova Zelândia e os zulus (acho que ele quis dizer maoris, os zulus estão na África do Sul).
A honra acadêmica foi salva pelo cientista político Fernando Abrucio (PUC-SP e FGV-SP) que fez uma brilhante exposição sobre federalismo e democracia. Uma aula magnifíca sobre o tema, que deu a todos nós muito sobre o que pensar.
Em suma, o evento ficou muito aquém do que poderia ter sido. Pelo menos fiz contatos importantes para o projeto de pesquisa e uma boa troca de figurinhas. Saí com boas inquietações sobre democracia na América Latina, que espero servirem para orientar leituras futuras.
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