segunda-feira, agosto 23, 2004

Dos Andes ao Sertão

Fim de semana de trabalho. Estive em Campina Grande, na Paraíba, participando de uma reunião do Fórum Nacional de Participação Popular, entidade na qual represento o Ibase na secretaria executiva. Foi minha sexta viagem em seis meses, estou bastante cansado e tinha pedido para que o instituto enviasse outra pessoa no meu lugar. Mas não houve jeito, era uma discussão importante, acompanho o fórum há varios meses, etc e tal.

A reunião foi proveitosa, mas difícil. O Fórum está redefinindo seus objetivos, muito em função da decepção com os mecanismos de participação no governo Lula, como os orçamentos participativos e os conselhos gestores de políticas públicas.

À noite, deu para passear um pouco. Está rolando um festival de inverno na cidade e assisti trechos de um concerto, a missa da Coroação de Mozart. Fiquei pensando na loucura que está minha vida profissional - dos Andes ao Sertão em três semanas, com a viagem à África agendada para o próximo dia 5. Tenho visitado lugares muito pobres, discutido seus problemas e isso tudo tem mexido comigo. Outro dia eu caminhava pela orla de Ipanema, olhando as pessoas e as vitrines como se elas fossem parte de algum mundo de fantasia, um outro planeta que de repente pousou no calçadão.

Não é à toa que o filme que mais me marcou neste ano foi "Diários de Motocicleta". Inclusive escrevi um artigo sobre "Inquietações após uma sessão de cinema com Che Guevara", que foi acabou de ser publicado numa edição sobre América Latina de um site especializado em RI. Minha conclusão é o que Che não é mais o herói guerrilheiro da Revolução, mas um mito que se renovou como símbolo da inquietude diante de injustiças e desigualdades que infelizmente continuam atuais neste nosso continente. Dos Andes aos Sertão.
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