quarta-feira, agosto 18, 2004

Pensar a Guerra

Ontem comecei no doutorado um curso chamado “Pensar a Guerra”, ministrado pelo professor Renato Lessa. O programa é deslumbrante: um exame da guerra a partir das perspectivas da filosofia, história, literatura e cinema. O que significa discutir Hobbes, Montaigne, Clausewitz e Kubrick, entre outros.

Lessa disse que a ciência política “pára às portas de Auschwitz”, isso é, tem dificuldades para analisar o sofrimento extremo, como aquele provocado pelas guerras e massacres, que tendem a ser vistos como expressões do irracional e da bárbarie. O problema é que “guerrear é humano”, parte inseparável da política e da sociedade. Daí a ênfase do curso em material não-acadêmico, como romances, poemas, diários e memórias.

Promete ser uma experiência magnífica e o Lessa é um professor capaz de citar com a mesma desenvoltura “Guerra e Paz”, de Tolstói e “História Social do Arame Farpado” (“O livro é ótimo, só não coloquei na bibliografia senão vocês iam achar que estou maluco”). Ciência política como ela deveria sempre ser: ousada, criativa, sem medo de cruzar as portas de Auschwitz e buscar compreender mesmo o lado mais sombrio do ser humano. Para a próxima aula, Homero (A Ilíada) e Tucídides (História da Guerra do Peloponeso).

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