sexta-feira, agosto 13, 2004

Diálogo entre os Povos

Semana dedicada à cooperação internacional e à amizade entre os povos. Na segunda, dei uma palestra sobre os problemas sociais do Brasil para um grupo de italianos. Todos membros da mesma paróquia, na região do Vêneto, estão fazendo uma espécie de intercâmbio social com uma associação católica do Rio de Janeiro.

Sempre fico impressionado com a simpatia e o calor humano dessa buona gente. Fazia anos que eu não falava italiano, a língua de Dante me saiu toda espanholada, mas a boa vontade era tanta que a comunicação fluiu fácil. Foi um papo sério (racismo, desigualdade, movimentos sociais, governo Lula) mas também divertido, com direito até a piadas sobre o Berlusconi. E foram tão simpáticos que depois escreveram uma carta ao diretor do Ibase, me elogiando.

A maior parte das minhas tarefas por estes dias está sendo a preparação de uma conferência internacional na África do Sul, que vai reunir representantes de ONGs, sindicatos e movimentos sociais da América Latina e da África. As línguas do evento são inglês, espanhol e português e como os sul-africanos não dominam as duas últimas, tenho cuidado de grande parte da correspondência. São muitos detalhes com passagens, hotéis, programação etc.

O seminário é um dos primeiros passos do "Diálogo entre os Povos", um projeto mais amplo de cooperação Brasil-África, que está previsto para durar três anos e é conseqüência da aproximação diplomática com o continente empreendida pelo governo Lula. Minha ida para o projeto foi muito em função da minha especialização acadêmica e de fato está sendo fascinante participar desse processo, vivenciando na prática as relações internacionais.

Hoje de manhã estava numa reunião com minha chefe e revisávamos as dez mil coisas que tocamos, quando ela comentou “Caramba, essse nosso trabalho é muito bom!”. E é mesmo. Minha sala está repleta de cartazes políticos da Itália, Timor Leste, África do Sul, Brasil... Às vezes olho para eles e para as pessoas caminhando lá em baixo, na avenida Rio Branco e sinto toda a força da nossa humanidade comum, para além das fronteiras e das diferenças culturais. E não consigo evitar uma certa esperança pelo futuro deste planetinha.

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