segunda-feira, agosto 09, 2004

Esquecer é morrer um pouco

Enquanto estive no Equador, consegui a proeza de perder 6 festas. É claro que neste fim de semana que eu estava de bobeira no Rio, não tive nenhuma. Aproveitei para lavar o carro e pensei em ir caminhar na praia. Choveu. Sobrou o cinema: vi cinco filmes em quatro dias.

Um dos melhores foi "Brilho eterno de uma mente sem lembranças", um roteiro magistral de Charles Kaufman (o mesmo de "Quero ser John Malcovitch" e "Adaptação"), com Jim Carey provando que é um ótimo ator, quando não está ocupado fazendo caretas.

O enredo: o que você faria se pudesse apagar de sua mente as lembranças ruins? Ou simplesmente, para ficar com Camões, "a grande dor das cousas que passaram"?

No caso do personagem de Carey, é deletar o amor que teve por Clementine (Kate Winslet). O resultado é uma viagem linda e poética pelas memórias de um homem e a conclusão de que mesmo as lembranças mais dolorosas são parte inseparável da nossa identidade. Se recordar é viver, esquecer é morrer um pouco. Belíssimo filme.

1 Comentarios:

Blogger JD said... Weblog Commenting and Trackback by HaloScan.com

Endosso o que o mestre falou sobre o "brilho eterno", exceto a parte sobre o talento do "maskara". Na mesma esteira do Spotless mind, um outro filme sobre memória, ainda em cartaz, e ligeiramente aterrorizante, pelo rol de possibilidades abertas, é o Efeito borboleta.

Recomendo, como fã que sou da Ficção Científica, a possibilidade altamente desejável, de voltarmos no tempo, para rever decisões que, com a experiência do futuro, sabemos ser nefasta. Bem mais megalomaniaco e hollywoodiano que "brilho eterno", menos poético, mas, a meu ver, com mais possibilidades de discussões éticas e filosóficas que o caso mnemônico do Ace Ventura com a moça do Titanic..

agosto 09, 2004 5:13 PM  

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